Fanfic: ∞ Quase por Acidente ∞ Terminada | Tema: Vondy

Poncho dormia na poltrona do meu lado, e enquanto o observava tranqüilo, comecei a me perguntar o que ele sentia com relação a isso tudo. Poncho nunca interferia nas discussões, nem falava nada sobre o assunto depois. Ele não parecia triste por ir embora, parecia aliviado por estar me levando com ele. Meu irmão também estava se tornando uma pessoa fechada... Eu estava me tornando assim também... Exceto por uma pessoa... Ucker.

Com Ucker eu não precisava fingir que estava feliz, porque a simples presença dele me deixava feliz. Estar em seus braços me fazia sentir protegida, amada... Ucker me tornava alguém transparente. Ele era um anjo, sem dúvidas... Eu só não queria despejar meus problemas em cima dele, ele não tinha culpa, e também não tinha meios de impedir que acontecessem... Eu só queria que jamais se afastasse de mim... Queria tê-lo comigo naquele momento, e por toda a eternidade, apenas isso...

Tentei relaxar na poltrona e fechei os olhos, enquanto algumas lembranças me invadiam... Pensar nele era o melhor meio de relaxar... Ucker era a minha esperança, o meu porto seguro, o lugar para onde eu gostaria de poder voltar algum dia... Meu Ucker...

Flashback.

Sentada de frente à mesa do diretor, mexia as pernas freneticamente enquanto minha mãe conversava com ele e acertava os últimos detalhes da minha transferência para aquele colégio. Eu estava animada por voltar, eu estava certa de que as coisas mudariam.

Dei o meu melhor sorriso quando entrei na sala acompanhada do diretor. Eu estava preparada para acolher aquele lugar, e esperava nervosa, que me recebessem também. Eu queria fazer parte daquele lugar.

A professora me recebeu com um sorriso largo, me apresentando pra pequena turma de ensino médio. O sorriso em meu rosto não se desfazia, e recebi muitos sorrisos em troca, a maioria, masculinos. Passei a vista pela sala rapidamente, avisando um grupo de três garotas que cochichavam e riam. Ignorei, e segui o olhar para o fundo, encontrando dois garotos que se cutucavam e falavam entre risos, não de maneira desdenhosa como as meninas, mas sim em aprovação. Entre eles, um menino que insistia em ficar de cabeça baixa. Tinha brilhantes cachos castanhos, mas era tudo o que eu podia ver, enquanto a professora ainda falava.

Xxx – Espero que goste do colégio querida, seja bem vinda... – Disse por fim, desviando minha atenção do garoto por alguns instantes. Ela me apontou uma cadeira vazia na segunda fila, e logo que a aula começou as minhas vizinhas se apresentaram como Maite e Angelique.

May – Então, na hora do intervalo a gente te mostra o colégio... – concluiu a linda morena com rosto de porcelana, com um sorriso encantador. Depois a loira de aspecto mais sensual, recomeçou o diálogo sobre quem era quem na sala, e logo eu já sabia sobre quase todo mundo. Ela apontava para eles enquanto falava baixinho.

Angie – aquela oxigenada ali se chama Fuzz, é uma cobra! Se ela disser ou fizer alguma piada, ignora por que ela é a maior perda de tempo!

Dul – E as outras duas são amigas dela? – Ela assentiu.

Angie – são todas farinha do mesmo saco! Aqueles são os jogadores de futebol, os mais lindos, mais fofos, mais cobiçados do colégio, Pablo Lyle, Derrick James e Eddy Villard... – Olhei admirada, enquanto ela falava entusiasmada sobre os garotos, que poderiam facilmente ser modelos. Corei quando o que se chamava Pablo me pegou olhando pra ele. Desviei os olhos e quando voltei a fitá-lo, ele ainda estava olhando pra mim. Maite me cutucou, fazendo um insinuante "hmm...". Descobri um pouco depois que Eddy saía com Maite. Enquanto elas falavam, mirei novamente os garotos do fundão. O loiro e o mais baixo ainda riam sobre alguma coisa, mas não tive tempo de prestar muita atenção. O garoto que antes estava de cabeça baixa estava rabiscando alguma coisa no caderno. Não dava pra ver o que ele desenhava, mas deu pra ver que tinha mãos enormes, braços fortes, e um rosto digno de um anjo. A boca rosada e levemente carnuda, se contorcia um pouco enquanto ele dedicava toda a sua atenção aos rabiscos, e de repente ele me fitou, desviando imediatamente o olhar ao perceber que estava sendo observado. Ele fechou o caderno bruscamente e mirou o quadro. Depois disso o peguei me olhando algumas vezes. Seu lindo e pálido rosto era inexpressivo, e isso me deu calafrios. Decidi não olhar mais, pra quem sabe, ele parar de me olhar daquela maneira. Eu era mesmo uma azarada! O menino mais bonito que eu já vi na vida, só me olhava como se eu fosse um extraterrestre! Depois de alguns instantes ouvindo atentamente à conversa desconexa dos garotos ao lado dele, resolvi saber sobre eles. Por que Angelique e Maite não falaram deles?

Dulce – quem são aqueles três? – Elas suspiraram dramaticamente.

Angie – Christian Chávez e... E... – Ela pensou um pouco tentando lembrar, mas Maite completou.

May – Jack Duarte! São os estranhos dessa sala...

Angie – o do meio tem um apelido engraçado, como se chama, May?

May – ah, não sei... Urcke, Uncker... É um troço assim... – Como elas podiam não saber nada sobre o menino mais bonito? Mais bonito até que os jogadores de futebol! Me remexi inquieta, queria saber mais, mas não perguntei nada. Depois de um dia de aula, percebi que os professores dedicavam muito da saliva chamando por Pablo, Dérrick e Eddy, reclamando por uma coisa ou por outra. Percebi também que sempre chamavam ao quadro para resolver questões, Estefânia, Zoraida e Rodrigo. Christian foi pego dormindo duas vezes, e Jack era sempre o porta-voz. O tal Uncker era o único que nunca se manifestava. No intervalo, os jogadores nos convidaram pra comer na mesa deles, e logo o tal Pablo se mostrou um verdadeiro cavalheiro. Quem me mostrou o colégio foi ele, e no fim do dia, já tínhamos marcado o nosso primeiro encontro. Aceitei relutante, May e Angie praticamente me jogaram pra cima dele. "Ele é o mais cobiçado, você tem que aceitar!" "Dulce ele é muito popular e está caidinho por você!". Se eu pudesse escolher, escolheria Uncker, mas eu não tinha esse poder, por que ele não tinha ido com a minha cara, então decidi ser uma menina boazinha e aceitar o que me destinaram./