Fanfic: ∞ Quase por Acidente ∞ Terminada | Tema: Vondy

O anúncio de que estaríamos pousando em breve, me despertou de meus devaneios. Poncho ainda dormia. Me recostei no assento outra vez. Estava perto de começar uma nova vida.

Não trocamos muitas palavras além do necessário, nem no aeroporto nem no táxi. Comemos um lanche no meio do caminho, depois seguimos para o apartamento. O trânsito parecia ainda mais estressante do que antigamente e devido ao barulho não consegui dormir. Andava com muito sono esses dias.

O apartamento não tinha muitos móveis, portanto não podia estar muito bagunçado. Não tinha comida já que estivera fechado e Poncho anunciou que logo mais teríamos de fazer compras. Concordei, claro, o que eu podia dizer? Mas eu estava terrivelmente indisposta mesmo depois de algumas horas de sono.

Poncho – Vou pedir pizza, que sabor você prefere? – declarou ele, balançando meu pé. Tentei levantar a cabeça mas o mundo pareceu girar, então a deixei cair outra vez no braço do sofá.

Dulce – qualquer uma... – me obriguei a dizer enquanto ele me fitava. Estava com os cabelos molhados e a roupa trocada. Conversou no telefone fazendo o pedido, depois veio sentar perto de mim.

Dulce – que horas são?

Poncho – sete e meia...

Dulce – como? Já?! – Ele assentiu e se recostou no outro sofá. Parecia que eu só tinha adormecido fazia alguns minutos, e minha cabeça pesava. Depois de alguns instantes meu celular tocou. Alfonso o apanhou na mesinha de centro e olhou o visor antes de falar.

Poncho – é Maite, ela e sua outra Amiga já ligaram duas vezes enquanto você dormia...

Dulce – diz que eu tô dormindo, por favor... – falei com a voz arrastada. Eu ainda não estava preparada pra falar com elas, que deviam estar histéricas. Poucos minutos depois ele voltou a tocar. Desta vez eu sabia quem era, e estiquei a mão pedindo o celular. Ele olhou antes de me entregar e pareceu revirar os olhos.

Poncho – Esse cara deve ter ligado umas dez vezes... – Consegui sorrir com a afirmação.

Ucker – Alô? Dul? – Ele disse primeiro, e um projeto de riso saiu dos meus lábios. Que saudade eu já sentia daquela voz.

Dulce – amor... – ele não me deu tempo de dizer mais que isso.

Ucker – que bom que você acordou, eu já estava ficando preocupado! Como você ta? Vocês chegaram bem? – Tive vontade de correr pra abraçá-lo, e então me dei conta da distância que nos separava. Sem que me desse conta, as lágrimas já escorriam pela minha bochecha, enquanto falávamos.

Uma hora mais tarde eu me obriguei a tomar um banho, que me aliviou de certa forma. Meu corpo todo parecia tenso, e parte dele não queria me obedecer. Não tinha notado o quanto sentia fome até que a pizza chegou. Comi três fatias de pizza, meu novo Record até então; depois decidi que era hora de falar com minhas amigas, elas mereciam.

Dulce – alô? May aqui é Dul... – Antes que eu terminasse ela já gritava no meu ouvido.

May – Dulce María onde você ta? Me diz que isso é alguma brincadeira!

Dulce – não é amiga, eu vim passar... Um tempo com Poncho...

May – você decidiu isso assim do nada? Como pôde fazer isso com a gente? Nem avisou! – O celular foi tomado da mão dela.

Angie – Quer me explicar por que não disse nada? Por que está aí? – Respirei fundo, deixando que elas despejassem suas dúvidas e exclamações até cansarem, depois finalmente falei.

Dulce – Eu vim pra cá por que era melhor, Pablo estava nos ameaçando e quando descobriram, minha mãe e Poncho decidiram que era melhor... Não podíamos adiar a vinda de Poncho por que as férias dele acabaram, então acabei tendo que vir as pressas... E bom, não avisei por que seria ainda mais difícil vir embora... Não queria ter que estar longe de vocês, nem do Ucker, mas Pablo ameaçou meu bebê e eu não sabia o que fazer... – Comecei com a voz firme, para que elas sentissem segurança no que eu dizia, mas logo desabei e terminei entre soluços. As vozes se misturaram enquanto elas lamentavam e diziam o quanto me amavam. Sentiria muita falta delas também.

Angie – aquele cretino! Invejoso! Você não pode deixar ele levar a melhor, Dul!

Dulce – não posso fazer nada Angie... Meu pai, você sabe...

May – ainda bem que você não disse a ele que o bebê era do Uncker, senão ele teria tido mesmo coragem de machucar vocês... – Pelo menos elas me entendiam...

Angie – Não sei é como o Un]bcker concordou em deixar você fingir que o bebê era do outro... – Senti uma gastura na garganta naquela hora.

Dulce – ele não sabe que eu menti...

May – nossa, tem certeza? Eu nunca vi ele falar do bebê como dele...

Angie – não pensei que ele fosse tão frio com uma gravidez!

Dulce – não meninas, não é nada disso! Eu deixei ele acreditar nessa mentira, por que se ele soubesse a verdade acabaria se arriscando e seria pior... Tive medo por ele e por nós também, claro...

Angie – e quando pretende contar a verdade? – Respirei fundo.

Dulce – não sei meninas... Só peço que guardem segredo por enquanto...

Alfonso concordou em deixar as compras pro dia seguinte, visto que eu estava mesmo mais pra lá do que pra cá. Ele ficou assistindo TV na sala, e eu fui deitar no quarto dele.