Fanfic: ∞ Quase por Acidente ∞ Terminada | Tema: Vondy

O resultado daquela proposta foi que passamos o final de semana inteiro fora de casa. Ambos desligamos o celular e nossas atenções para o resto do mundo. Meu irmão já devia estar arrancando os cabelos a uma dessas e morrendo de ódio toda vez que escutasse minha mensagem da caixa postal...

<Center>"Dulce Maria está ocupada aproveitando um final de semana romântico e não está interessada no que você tem a dizer. Não deixe mensagem por que gasta créditos para ouvi-la, beijos!"</Center>

Eu sei que ninguém perguntou, mas eu preciso me gabar um pouco. Depois do bosque fomos comer à beira mar, ficamos caminhando abraçados pela praia, que infelizmente não era deserta, assistimos juntos ao pôr-do-sol, quase matei o Ucker por seduzir a moça da pousada pra conseguir desconto e nem comento nada sobre a noite que tivemos. Apenas que foi maravilhosa e só acordamos meio dia do dia seguinte, fizemos o mesmo caminho de volta, almoçamos no restaurante vizinho e agora estávamos procurando resquícios do bom-senso para voltar pra casa.

- Quanto tempo nós temos? – Perguntei com a voz abafada, contra a curva do seu pescoço. Ele me ajeitou em seu colo pra me olhar no rosto. Estávamos cobertos de areia, mas isso não importava muito.

- Quanto tempo antes que alguém chame a polícia ou quanto tempo até o dia acabar? – Ele me perguntou em tom de reflexão. Comecei a rir e acariciei seu ombro.

- Não queria que acabasse... Queria que durasse pra sempre...

- Vai durar... Em que você acha que vou pensar quando estiver triste? – Sorri de lado. De certa forma era verdade, mas eu ainda preferia que fosse verdade literalmente falando. Ele pousou a mão sobre a minha barriga, como fizera várias vezes antes. – você já pode senti-lo? – Sorri com a ingenuidade da pergunta.

- Não, ele é muito pequeno... – Segui o olhar ele até minha barriga, que aos poucos tomava um formado mais arredondado. Quando olhei pra Ucker outra vez ele estava com o cenho franzido. – O que foi amor?

- Não é nada... É só que eu nunca tinha parado pra pensar em bebês...

- Bom... Eu também não tinha... Até agora... – Ele me apertou em seu abraço.

- E esse será só nosso... – Ele disse num tom orgulhoso que me emocionou. Dei um beijo no canto da boca.

- Sim, todinho nosso... Metade minha, metade sua... – De repente ele me olhou, com uma intensidade que me assustou. Ficou assim parado um bom tempo, até que eu disse na defensiva. – O que foi?

- Se for uma menina eu quero que ela tenha seus olhos... – Relaxei a postura.

- Ah, não, quero que ele se pareça com você... – Ele sorriu.

- Você nem sabe se é menino...

- Eu sinto que é, ok? Mães sabem de tudo... – Ele começou a rir.

- Ah, é? Pois eu acho que é uma menina...

- Ok, veremos... – Disse rindo também.

Enrolamos ali sentados um bom tempo, e quando chegamos no apartamento, já tinha escurecido. Quando sai do carro tive que ir abraçada com Ucker, já que bateu aquela ressaca pós-praia adicionada a minha sonolência habitual. Quando o elevador abriu, eu meio que caí nos braços dele, e ele me pegou no colo, pra dar os últimos passos. Deitei a cabeça no ombro de Ucker e apelei pra covardia, quando a porta se abriu.

- Dulce e Christopher! Aonde estavam esse tempo todo?! – Esbravejou ele parecendo a minha mãe enquanto nos dava espaço pra passar.

- Xiiu... Fala baixo, acho que ela dormiu... – Disse Ucker descaradamente, entrando em direção aos quartos. Eu realmente estava mais pra lá do que pra cá, e não me dei ao trabalho de abrir os olhos. Ouvi a porta se fechar com um tranco, e Alfonso nos seguiu.

- O que aconteceu com ela? – Perguntou em tom acusador.

- Nada, ela só está cansada... Tivemos um final de semana meio agitado... Pode abrir a porta, por favor? – Paramos, e continuamos logo em seguida.

- Tem certeza que é só isso? Se essa fuga idiota de vocês dois tiver adoecido a minha irmã, eu não vou lembrar que é o pai do filho dela! – Ucker me colocou na cama delicadamente, e quando senti o calor de seu corpo indo embora não resisti ao impulso de segurá-lo.

- não vai... – Ele me sorriu e se abaixou ao lado da cama.

- Eu preciso ir amor... Você está cansada, precisa descansar...

- Você vai me deixar sozinha com ele? – Ele riu.

- Vou dar um jeito nisso, prometo... Agora dorme... – Deu um beijo demorado na minha testa, e me cobriu antes de sair. Antes que tivesse cruzado a porta eu já tinha adormecido.

Acordei no outro dia com a claridade do dia invadindo subitamente o quarto. Alfonso abrira as cortinas propositalmente, o patife! Virei pro outro lado, cobrindo o rosto com o travesseiro. Estava morrendo de sono, como se não tivesse dormido nem uma hora! A inconsciência estava chegando, quando após dois toques, a porta abriu.

Ucker – Dulce? – Ao ouvir aquela voz me chamando de forma suave, senti vontade de levantar, mas a preguiça não deixou eu me mexer.

Poncho – Não acredito que ela ainda está dormindo!

Ucker – calma, ainda temos bastante tempo...

Poncho – Ela está dormindo desde às sete horas da noite de ontem... – Disse ele num tom controlado, mas carregado de ironia.

Ucker – grávidas sentem muito sono...

Poncho – já estou até vendo, tudo agora vai ser culpa da gravidez! – Resmungou. – Bom, tenho que ir trabalhar, você se arranja com ela... – Um tapinha nas costas, e a porta voltou a se fechar. Christopher parou na minha frente, com as mãos dentro dos bolsos.

Ucker – Eu sei que está acordada... – Virei a cabeça de lado e abri um olho. Ele abriu um sorriso divertido.

Dulce – se quer considerar isto como estar acordada, tudo bem... – Voltei a fechar o olho, ainda com a cabeça pesada de sono. Ele riu e começou a puxar o lençol que me cobria.

Ucker – Eu não queria ter que cortar o seu barato, mas o dever nos chama... – Virei para encará-lo, emburrada por ter sido descoberta. – Temos uma consulta hoje... – Coloquei a mão na testa com ar de surpresa, e meu rosto deve ter dito tudo: Eu tinha esquecido completamente. Ele riu.

Dulce – podemos remarcar... – Tentei, e ele negou com a cabeça. Sentou na borda da cama e me puxou pelas duas mãos, para que eu sentasse.

Ucker – não, não podemos amor... – Sentei me sentindo um espantalho, e recebi um selinho rápido nos lábios. – Se não colaborar terei que ser rígido com você...

Dulce – você é cruel e insensível. – Ele começou a rir e passou a mão pelo meu rosto, jogando meu cabelo assanhado pra trás.

Ucker – sim, e muito pervertido também... – Me abraçou, e me deixei pousar preguiçosamente contra seu peito. Ele passou a mão pelas minhas costas, levantando minha blusa. – Eu vou tirar sua roupa e te jogar debaixo daquele chuveiro, se não quiser fazer isso sozinha... – se afastou e puxou a blusa pra cima, tirando como se eu fosse apenas uma criança. Eu estava bem lenta naquele momento, mas percebi como engoliu a saliva ao me ver sem nada da cintura pra cima. Acho que passaram pela minha cabeça os mesmos pensamentos que passaram pela dele.

Ucker – e então, o que me diz? – Perguntou, tentando disfarçar. Senti vontade de puxá-lo pelo pescoço e beijá-lo, e me unir a ele ali mesmo. Mas era de manhã e eu devia estar com mau hálito.

Dulce – que talvez eu queira que seja pervertido e mal comigo... – Ele começou a rir, e levantou. Me puxou pelas mãos pra que ficasse de pé também, e me abraçou. Senti os seios ficarem rígidos de encontro a ele, e o apertei contra mim.

Ucker – pelo bem dessa consulta eu vou voltar a ser o cara bom ok? Mas não conte com tanta sorte da próxima vez... – Me deu uma olhada demorada, e saiu. Ok, tudo bem, eu já ia tomar uma ducha fria mesmo, não é? Decidi não nos atrasar mais e fui com tudo pro banho.

Me vesti de maneira simples e comportada, tentando parecer o mais madura possível, e saí, enxugando os cabelos numa toalha. Encontrei Ucker na cozinha mexendo na geladeira.

Dulce – algo interessante? – Ele virou, com uma jarra de suco numa mão, e dois ovos na outra. Me olhou da cabeça aos pés e me deu o sorriso que eu mais amava.

Ucker – sim, o seu café da manhã... – Fiz careta pro que ele tinha em mãos, e atirei a toalha numa cadeira.

Dulce – café da manhã sem café? – Ele me olhou com cara de espanto enquanto quebrava os ovos na frigideira.

Ucker – você está grávida, você não pode se empanturrar de café...

Dulce – e por que não?

Ucker – café é estimulante, então é melhor não correr riscos até que o médico indique uma dieta adequada pra você... – Tradução, ele não queria que eu corresse outra vez o risco de um aborto. Ele sabia que minha saúde não era a coisa mais incrível do mundo.

Dulce – que chato, como eu vou viver sem café? – Ele mexeu a cabeça sem tirar os olhos do que estava fazendo.

Ucker – como uma pessoa prevenida que não gosta de correr riscos...

Dulce – acho que essa não sou eu hein... – Ele apagou o fogo com uma mão e jogou os ovos num prato no balcão ao lado quase ao mesmo tempo. – quem vê pensa que você sabe cozinhar... – Ele me olhou de soslaio e trouxe o prato pra mim.

Ucker – eu sei ok? Ovos são minha especialidade, estou pensando em fazer até um doutorado... – Se sentou do outro lado do balcão, na minha frente. Servi dois copos de suco e lanchamos ali. Quer dizer, ele apenas encostou nos ovos, e me fez comer quase tudo.