Fanfic: ∞ Quase por Acidente ∞ Terminada | Tema: Vondy

Ao entrar Dulce encontrou várias malas em cima da cama, malas parcialmente feitas. Sentiu as pernas bambas, por isso se sentou rapidamente. Olhou ao redor com tristeza, por que não tinha se preparado muito bem para a chegada de filha, e por mais paciente que seu irmão estivesse sendo, não podia se instalar ali para sempre. Não tinha se planejado direito, ocupada como estava em esperar por Christopher... E agora ele ia embora, e sequer tinha dito uma palavra. Procurou focar sua atenção no peso adormecido em seu braço. O rosto rosado dormia de maneira angelical. A boca era sem dúvidas a de Christopher, parecia uma flor, rosada e pequena. Não conseguiu conter uma lágrima e apertou o neném contra o peito. Parecendo sentir sua agitação, Cecília contorceu os bracinhos, erguendo os pequenos punhos firmemente fechados.

- Shii... – Murmurou Dulce tentando tranqüilizá-la. – Calma meu amor, a mamãe está aqui...

- Ela é um pouco pequena, não? – Perguntou Anahí, enquanto ajudava Alfonso a guardar as compras.

- Não, ela não é pequena... O médico me garantiu que ela está do tamanho normal, principalmente considerando que seja prematura... – Respondeu Christopher prontamente, armando-se para defender a filha.

- Aonde coloco isso, Poncho?

- No armário de cima... – Ele se voltou para Christopher, de pé em frente a geladeira. – Você acha que está bem para ela viajar agora?

- Bom... Eu acho que sim... – Respondeu receoso. – Eu preciso voltar o quanto antes, já fiquei longe por tempo demais... E aqui, bom... Vocês precisam do espaço de vocês, e nós precisamos do nosso... – Deu de ombros. – eu também quero que a Cecília tenha o lugar dela... Vamos decorar o quarto que foi da Anny, e depois vamos decorar o nosso... – Sorriu com as bochechas levemente avermelhadas. O argumento pareceu bom o suficiente para todos, por que ninguém disse mais nada. Christopher estava a caminho do quarto com uma bandeja quando o choro agudo de Cecília fez com que saísse correndo.

- Acha que esses dois vão dar conta? – Perguntou Poncho. Anahí deu de ombros.

- Sim... Christopher é o cara mais responsável que já conheci, Dulce não é tão responsável, mas é esforçada, e com a Tia Ale no pé dos dois, com certeza eles vão se sair bem... – Ele olhou para ela de soslaio, com um sorriso malicioso no rosto. Ela ergueu o dedo próximo ao rosto dele. – Nem sonhe em dizer a eles que eu elogiei!

- Está bem, eu até já me esqueci... – Respondeu rindo.

Christopher empurrou a porta com o quadril e entrou carregando a bandeja. Encontrou Dulce já meio desesperada com o choro do bebê, tentando inutilmente fazer com que ela mamasse. Colocou a bandeja sobre o criado-mudo e se aproximou.

- Ela não quer comer, não sei o que ela tem... – Disse ela sem erguer a cabeça para olhá-lo. O rosto pequeno estava contorcido de dor, a gengiva sem dentes à mostra, o corpo rígido.

- Deu a ela o remédio da cólica? Bebês costumam ter gases...

- Eu sei disso! – Retorquiu irritada. Quis dar as costas para ele, mas não se sentia a vontade com movimentos bruscos ainda. – A enfermeira deu a ela antes de virmos, não está na hora de dar de novo... – Christopher ergueu ambas as sobrancelhas, surpreso pela reação dela. Estendeu os braços procurando manter a calma.

- Me dá ela aqui...

- Não. – Dulce apertou a filha de leve contra o peito, embalando.

- Dulce, o que você tem? Deixa eu tentar ajudar...

- Não tenho nada... – Quando ela ergueu a cabeça viu que estava chorando. Continuou com os braços esticados.

- Ela é minha filha também... – Dulce hesitou por um tempo que pareceu eterno antes de entregar a criança a ele.

- Vem cá princesa, o que podemos fazer pra ajudar você?

Dulce arrumou a roupa, secando as lágrimas do rosto. Christopher colocou Cecília em cima da fralda estendida sobre a cama.

- O que vai fazer? – Perguntou Dulce com a voz meio embargada. Ele não respondeu, mas pressionou de leve o abdômen do neném. Massageou por longos minutos, até que um suave barulho saiu do bebê. O choro cessou quase imediatamente, com soluços espaçados de alguém que está em dúvida se ainda é preciso chorar ou não.

- Até que fim, parecia que estavam matando a criança... – Suspirou Alfonso, que espiava da porta..

- Tudo isso por causa de um pum? – Perguntou Anahí, ao lado do namorado.

- Vocês não entendem nada sobre bebês... – Respondeu ele, aliviado por ver a filha bem. – Pronto meu amor...

- Ah, você deve entender muita coisa... – Retorquiu ela, dando as costas. Alfonso a acompanhou, fechando a porta atrás de si. Dulce e Christopher ficaram num silêncio constrangedor durante algum tempo. Ele se ocupou de tirar o macacão da filha devagar, enquanto ganhavam tempo.

- Acho que ela está com calor... – justificou. – ér... Trouxe um lanche pra você, imaginei que estaria morrendo de fome... – Ela desviou o rosto, torcendo a colcha da cama.

- Por que não me disse que pretendia ir embora?

Ele parou imediatamente o que estava fazendo, depois se esticou para ligar o ventilador. Ela continuava calada, com a expressão chorosa no rosto. Olhou pra ela, para as malas remexidas, e depois para ela outra vez.

- Ah... – Murmurou compreendendo. – Isso...

- Sim, isso.

Ele sentou ao lado dela, dando uma última olhada para Cecília, que caíra no sono.

- Pretendia contar hoje, mas você não me deu tempo...

- Quando vai embora? – Inquiriu de maneira direta. Um sorriso surgiu lento pelo rosto dele, aumentando a irritação dela, por isso evitou tocá-la.

- Vamos amanhã... Eu sei que é algo precipitado, mas tive muita sorte de conseguir passagens tão depressa, comprei ontem à noite... Nem tive tempo de arrumar tudo... – Completou, fazendo um gesto de cabeça em direção às suas delatoras.

- Você não vai me abandonar..? – Murmurou ela, sentindo o ressentimento se esvair. Ele puxou seu rosto para que olhasse para ele.

- Nunca mais... – As lágrimas voltaram com tudo, dessa vez de emoção. – Conversei com minha mãe, ela vai nos esperar no aeroporto, disse que não vê a hora de ver a neta... – Murmurou com voz tranqüilizadora, e ela o abraçou com força. Julgara-o o mal.

- Desculpe... – Murmurou algum tempo depois. Ele acariciava suas costas enquanto ela se recuperada, com o rosto apoiado em seu ombro. Ela se afastou, voltando a si, e ele a puxou para beijá-la nos lábios. Fazia muito tempo que não sentia o gosto dela, e sentia muita falta disso... Disso e de tudo mais.

- Esquece... Passou ok? – Ela assentiu.

- Alfonso e Anny vão com a gente pro aeroporto, acho que vão gostar de se livrar de vocês duas choronas... – Murmurou, olhando fixamente para o rosto dela. Levou um tapa no ombro, e ganhou uma risada gostosa em troca.

- Eu amo você... – Disse ele, impedindo-a de dar o segundo tapa. Ela parou imediatamente, com o coração completamente aquecido.

- Eu também, amo muito você...