Fanfic: Pelos olhos de Marina | Tema: Em família, Clara e Marina, Clarina

Iniciei meu dia tentando pensar em um pretexto para sair de casa. Não estava me sentindo confortável ao lado do Cadu. Seria demais eu dizer que não estava me sentindo confortável dentro da minha casa? Creio que não, era exatamente o que eu sentia. Desde a noite anterior, quando ele me questionou a respeito do que eu queria sobre o nosso casamento, tenho tido vontade de fugir, de sair correndo e gritando. Simplesmente porque eu não posso responder... como vou responder o que quero se nem ao menos sei quem sou?

Quando me vi nas fotos que a Marina (ah, Marina...!) fez, reconheci parte de mim que nunca tinha visto antes. Algo que sempre esteve presente, de alguma forma, mas sem ninguém saber, nem eu mesma. Com os olhos dela, eu me vi. Como é possível só conseguir se enxergar com os olhos de outra pessoa, eu não sei, mas foi o que aconteceu. Mas esta parte que eu reconheci não se encaixa na parte que eu já conhecia e vivia. Será que as duas são verdadeiras ou apenas uma delas? Eu não sei, não sei quem sou e não sei se esta deveria ser minha casa, se esta realmente deveria ser a minha família.

- Clara, acabei de falar com o Fernando, ele vai vir aqui para passar o dia. – Cadu falava enquanto vinha caminhando em minha direção. Parou em frente à cama antes de prosseguir. – Vamos falar sobre o nosso projeto, passar um tempo na praia, talvez... eu vou preparar o almoço. Tudo bem pra você?

O jeito como ele falava era frio. Claro, havíamos brigado na noite anterior, mas enxerguei algo a mais. Não parecia que ele não estava se importando com o relacionamento naquele momento, devido à raiva, mas sim que nunca tinha se importado realmente.

- Tudo ótimo, Cadu. – eu respondi, sem conseguir controlar minha tensão. – Aliás, espero que fique tudo ótimo e que vocês tenham um belo dia, mas eu estou saindo para providenciar que o meu dia seja bom!

Levantei da cama, pegando apenas a bolsa que estava próxima e o celular. Tive a impressão de que ele ia dizer algo enquanto eu saía do quarto, mas nada ouvi. Saí do prédio e a primeira sensação que tive foi de alívio, de liberdade, mas ao mesmo tempo pensei “E agora? Por que eu saí, afinal?”. Claro que eu poderia passear na praia, visitar minha mãe ou a Helena, mas eu sabia que não era aquilo que eu queria. Não era por aquele motivo que eu havia saído sozinha de casa no domingo. Não era por aquele motivo que eu estava me sentindo aliviada pelo fato de o Ivan ter ido para a casa de um amigo no dia anterior e eu tinha pedido para buscá-lo apenas à tarde. Eu queria algo específico, meu coração precisava de alguém específico.

Eu precisava ver a Marina.