Fanfic: Pelos olhos de Marina | Tema: Em família, Clara e Marina, Clarina

Chegamos ao quarto de Marina e eu me sentei enquanto ela dava orientações à Vanessa. Era incrível como todo o quarto tinha o cheiro dela, o jeito dela, eu sentia que ela estava presente ali mesmo estando sozinha.

- Pronto, Clara, aqui estamos. - disse ela, enquanto entrava no quarto fechando a porta.

- Seu cheiro… ele está em todo o quarto… estava aqui sentindo.

- E estava apreciando?

- Sim, é claro… já te disse que gosto. Mas não é apenas o cheiro de perfume ou sabonete, é o SEU cheiro, sua marca, eu acho.

Marina sorriu e começou a me olhar intensamente. Ao mesmo tempo, deslizou as mãos pelo meu rosto. Eu fechei os olhos sentindo o toque dela e, no momento seguinte, senti a respiração dela mais próxima de mim. Abri os olhos e ela estava extremamente próxima a meu rosto, quando sussurrou:

- Não quer sentir esse cheiro mais de perto?

No mesmo instante em que ouvi as palavras dela, senti meu coração disparar como se não fosse aguentá-lo dentro de mim. Não pensei em qual seria a reação certa naquela hora, mas me senti extremamente incomodada, pois no meio das confusões em que eu estava, eu não podia entrar em um clima de jogos, a questão era mais séria, ao menos para mim. Num impulso, me levantei da cama para me afastar dela, provavelmente demonstrando meu incômodo e irritação nos meus passos. .

- Clara, me desculpe… eu não queria te deixar constrangida. Foi apenas uma brincadeira.

- Brincadeira??? Marina, será que tudo isso que você vem fazendo são “apenas brincadeiras”? É isso que eu estou tentando entender! Talvez inclusive seja por isso que eu vim até aqui hoje, sem nem saber ao certo porque estava vindo!

Percebi, no semblante dela, que minha demonstração de irritação a deixou surpresa.

- Clara, como assim? Eu nunca brinquei com você, jamais seria capaz de fazer isso. Por que toda essa irritação?

- Por que, Marina?? Por quê? Simples: porque eu simplesmente não sei o que está acontecendo entre nós! Eu não sei o que está acontecendo comigo, o que você quer ou o que eu quero!

- Foi por isso que você veio até aqui hoje? Você quer saber o que eu sinto por você?

- Também, Marina, mas ainda não te perguntei porque queria saber o que eu sinto primeiro. E acho que eu não sei. Na verdade, eu acho que tenho medo de saber.

Marina ficou em silêncio por alguns segundos. Um silêncio torturante no qual eu não sabia o que dizer e também não sabia o que queria ouvir. Ela levantou-se também, indo ao meu encontro. Senti meu corpo inteiro arrepiar enquanto ela se aproximava, até que ela segurou meu rosto com ambas as mãos e, olhando nos meus olhos, disse:

- Eu não quero brincar e sei exatamente o que sinto. Você é a pessoa que eu sempre procurei, Clara. Tudo em você me fascina e eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo ao seu lado. Tento transmitir esse sentimento em cada olhar, gesto ou palavra minha, porque sinto que você já faz parte de mim. Clara, eu senti isso desde a primeira vez que eu te vi, como se tudo que eu sempre esperei e pensei a respeito do amor se materializasse ali, na minha frente… na sua imagem. É isso, é amor.

Soltando meu rosto, mas ainda me olhando nos olhos, ela finalizou com uma pergunta:

- E então? Você vai querer me falar sobre o que está sentindo?

Eu ainda tremia da cabeça aos pés, ela estava lá, à minha frente e eu tinha a possibilidade de confessar tudo. Todas as noites em que fiquei pensando nela, toda minha vontade de tê-la perto de mim quando estamos longe e todas as sensações do meu corpo quando ela se aproximava ou me olhava. Mas eu não sabia se tinha coragem de verbalizar tudo aquilo, o silêncio continuava me consumindo como forma de defesa.

- Clara, você não tem nada a dizer? Antes você podia afirmar que estava confusa sobre os meus sentimentos, mas agora você sabe. Eu te amo. E, sinceramente, eu esperava pelo menos uma palavra da sua parte. Porque seus olhos já te entregaram, já me disseram que você não é indiferente aos meus sentimentos.

Marina me olhava intensamente e eu sabia que ela podia ler minha alma. Queria falar sobre o que sentia, mas eu não sabia quais seriam as palavras certas, se é que elas existiam. Decepcionada com meu silêncio, ela se virou com a intenção de se afastar novamente, mas eu não podia deixar que isso acontecesse. Num impulso, a segurei pela mão, fazendo com que ela se virasse para mim novamente.

- Marina, eu….

Sentindo que minhas palavras talvez não fossem adequadas para expressar toda a emoção que eu estava dentro de mim, eu agi com o corpo. Puxando-a para perto de mim, a olhei nos olhos e toquei meus lábios nos dela.