Fanfic: Planos de sedução AyA (Adaptada) | Tema: AyA

— Não seja ridículo. Eu não fui ata­cada sexualmente. Só porque es­tou um tanto inquieta não significa que uma coisa dessas aconteceu comigo — retrucou Anahi, baixando o olhar para a louça que começara a lavar.

—  E mesmo se tivesse acontecido, você não me con­taria, não é?

— Se pensa assim, por que se deu ao trabalho de me perguntar?

—  Porque estou tentando entender de que maneira posso ajudá-la.

As palavras de Poncho foram como pequeninas e cer­teiras setas ferindo o orgulho dela. Ergueu o queixo, desafiadora.

—  Não preciso que me ajude. Não sou um daqueles passarinhos machucados que você costumava pegar para cuidar quando éramos crianças.

— Ainda sou muito bom em curar asas quebradas — murmurou ele. Ajudando-a a enxugar a louça, aproximou-se mais por detrás dela para apanhar um prato, o hálito quen­te soprando-lhe de leve de encontro aos cabelos, fazendo-a arrepiar-se e despertando emoções adormecidas.

Poncho era muito bom em várias coisas. No momento, sem o menor esforço, era capaz de fazê-la sentir-se como uma adolescente no primeiro encontro... repleta de ex­pectativa e euforia.

Lembrando a si mesma que não era mais nenhuma adolescente, Anahi afastou os pensamentos traiçoeiros antes que fossem mais longe.

—  Tenho certeza que os pássaros destas redondezas ficam satisfeitos em saber que você é bom com asas que­bradas — retrucou, seca. — Mas não tenho asas, e não preciso de sua ajuda.

Tocando-lhe as costas com a ponta dos dedos, Poncho disse com gentileza:

—  Lembra-se de como Christopher dizia a você que aqui cresceriam asas de anjo quando ficasse mais velha?

— Eu era uma criança fácil de enganar.

— E hoje em dia? Você ainda é fácil de.enganar?

— As vezes. — Anahi afastou-se da magnética ten­tação daquele toque. — Afinal, eu deixei que você viesse até aqui e invadisse a minha privacidade nesta noite, não foi?

— Está se esquecendo de citar o delicioso jantar que eu preparei. Amanhã à noite, você poderá cozinhar.

— Ei, não vim até as montanhas para cozinhar.

— E por que veio?

Anahi já estava precavida contra as táticas insis­tentes dele.

— Já respondi essa pergunta várias vezes. Talvez você precise testar sua audição — sugeriu, zombeteira. — Quantos anos tem agora? Quarenta e poucos?

Ele não parecia divertido.

— Tenho trinta e cinco, e você sabe muito bem disso.

A arrogante presunção de Poncho de que ela saberia sua idade na ponta da língua irritou-a.

— Perdoe-me se andei ocupada demais com a minha vida para recordar detalhes da sua.

— Sim, ouvi falar sobre você desfrutando a vida, pas­seando pelo mundo.

Anahi relaxou. Aquele era um assunto sobre o qual se sentia mais à vontade para falar.

— Isso mesmo. Durante as férias de verão, costumava viajar bastante. Já passeei num elefante na Tailândia, dormi numa praia no Marrocos, fiz compras em Cingapura, visitei castelos na Inglaterra e conheci uma floresta tropical na Costa Rica.

— Você costumava ser uma exploradora do mundo?

—  Sim. Bem, agora ando passeando um pouco mais perto de casa.

— Alguma razão para isso?

—  Finanças e também o fato de que, embora eu já tenha visto muito do mundo, ainda há diversos lugares aqui mesmo no nosso país que não conheço. As Monta­nhas Blue Ridge, por exemplo. Esta é a primeira vez que venho aqui.

—  Então, você não pode deixar de visitar o Parque Blue Ridge. Poderíamos fazer isto neste fim-de-semana. Estou de folga...

— Não preciso ir a nenhum outro lugar. Posso ver as montanhas daqui mesmo.

— Há vistas ainda mais espetaculares em outros pontos.

— Estarei bem aqui.                                             

— Se eu não a conhecesse melhor, diria que você está se escondendo nesta cabana.

Era exatamente o que ela pretendia fazer e não dei­xaria que Poncho interferisse nos seus planos, a despeito do quanto ainda o achasse sexy e bonito. Quando aqueles intensos olhos verdes a fitavam mais demoradamente era como se o ar fosse lhe faltar de repente. Havia um quê de perigoso naquele olhar, e era fácil imaginá-lo com um grande lobo à espreita de sua caça. Era um predador nato, hábil para lançar-se no encalço do que queria e vencer. Ela não deveria se esquecer de que tudo o que ele desejava era a verdade, mas até mesmo isso seria pedir-lhe demais agora.