Fanfic: Planos de sedução AyA (Adaptada) | Tema: AyA

— E então, aonde vamos? — insistiu.

— Já lhe disse. Estamos fazendo uma caminhada. Há algo que quero lhe mostrar.

Alfonso continuou a segurar-lhe a mão com firmeza, entrelaçando os dedos de ambos. No momento, o contato exerceu um efeito relaxante em Anahi, criando um balsâmico calor que se expandia por sua pele diretamente até seu coração.

A trilha que subia pelo bosque seguia a inclinação de uma ravina, ao longo de um límpido córrego, e era tão estreita a princípio que tiveram que subir um atrás do outro, as mãos dadas provendo o elo físico.

Arvores em flor criavam um colorido único, num vívido contraste com o verde exuberante. O sol filtrava-se por entre os galhos e espaços em meio aos arvoredos, per­mitindo que flores silvestres também cobrissem o chão. E havia uma grande variedade delas, numa espetacular profusão de cores.

Anahi estava encantada com o lugar, nãO querendo perder nenhum detalhe ao redor. Somente quando já ha­viam subido por uns vinte minutos, começou a protestar:

—  O tempo se esgotou! — disse, ofegante.

— Mais alguns metros e você terá uma vista que com­pensará qualquer coisa — prometeu Alfonso.

— Mais alguns milímetros e eu vou parar para descansar.

—  Sabe, quando as coisas ficam difíceis, não é o mo­mento de parar e desistir. É o momento de continuar se movendo, de persistir.

—  Eu continuaria me movendo, mas há um homem do tamanho de uma montanha na minha frente — lem­brou-o Anahi, pousando a outra mão nas costas dele e empurrando-o com gentileza. — Você está bloqueando minha vista.

Na verdade, Alfonso era a vista. Além de observar a beleza natural ao redor, passara boa parte dos últimos vinte minutos acompanhando as passadas dele à frente com um olhar de apreciação feminina. Além do corpo forte e proporcional, ele tinha o andar seguro e vigoroso de um montanhês.

A vista alguns metros além, quando os venceram, valia de fato a pena, notou ela, maravilhada. O céu era de um azul intenso, límpido como nunca o vira em Chicago. Adiante, havia fileira após fileira de montanhas azuladas, a coloração exclusiva daquela região e diferente de tudo que já vira em suas viagens pelo mundo. Era como um mar de curvas fluidas e etéreas, com cada pico majestoso separado dos demais por ravinas estreitas e profundas. Havia apenas a cadeia de montanhas e floresta até onde a vista podia alcançar.

— Sempre achei que um pouco de altura faz uma no­tável diferença na maneira como se vê as coisas.

— Tem toda a razão — concordou Anahi, fascinada com o maravilhoso cenário. Havia algo místico na forma como os picos sombreados se confundiam um com os ou­tros... o mais próximo sendo escuro, com inúmeras tona­lidades de azul entre os seguintes, até se avistar o último e mais claro.

Ficaram admirando a magnitude das montanhas por longos minutos até que Alfonso abriu-lhe um sorriso satis­feito. Era gratificante partilhar do belo cenário com ela.

—  Bem, como vê não tenho nenhuma mentira, nem qualquer truque na manga neste primeiro de abril — disse-lhe ele, enrolando ambas as mangas da camisa para lhe mostrar os braços.

— Estou vendo... — Ela sentiu o coração disparando e procurou afastar as imagens tentadoras e inesperadas que lhe vieram à mente... imagens daqueles braços fortes envolvendo-a. — Eu... Acho melhor voltarmos, não?

Mal haviam começado a descer pela trilha, porém, e Anahi soltou uma exclamação de dor, tendo que parar.

—  O que foi? — Preocupado, Alfonso segurou-lhe o braço e ajudou-a a sentar-se num pedaço de tronco de árvore caído à beira do caminho.

— Acho que estou com uma pedra no sapato, ou algo assim — explicou ela, desamarrando o cordão do sapato esportivo.

Aliviado pelo fato de que nada grave acontecera, Alfonso sentou-se ao lado dela no tronco. Observou-a apoiando o pé esquerdo no joelho oposto e descalçando-o. Estavam na floresta novamente, a vista panorâmica das monta­nhas ainda não escondida.

Um ruído súbito e próximo sobressaltou Anahi e fez com que perdesse o equilíbrio. Mas, em vez de cair para trás na relva, acabou amparada pelo braço forte de Alfonso , que a segurou pela cintura, apoiando-a de encontro a seu peito.

— O que foi aquilo? — perguntou, assustada.

— Apenas um pássaro voando de um galho.

— Oh. — Sentindo-se tola, ela fez menção de se soltar. Apenas se afastou o bastante para fitá-lo nos olhos e, no momento seguinte, estava como que hipnotizada por aquelas penetrantes gradações de verde.