Fanfic: Planos de sedução AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Alfonso estreitou-a mais em seus braços e baixou a cabeça, unindo os lábios aos dela. O beijo que começou suave e infinitamente gentil foi se intensificando, ficando repleto de volúpia, mas mantendo uma cadência lânguida. A exemplo do primeiro beijo que haviam partilhado duas semanas atrás, esse também era como estar mergulhando num mar de sensações inebrian­tes. Dessa vez não, porém, não havia pressa, havia uma exploração mútua, um acordo tácito em prolongar aquele prazer ao máximo. Lábios se entreabriam e as línguas se entrelaçavam entre murmúrios roucos de aprovação.

Anahi retribuía com ardor a cada movimento dos lábios que estimulavam os seus, da língua que invadia a maciez de sua boca. Aninhou-se mais nos braços fortes que a envol­viam, os seios pressionados de encontro ao peito viril de Alfonso. Sentiu que ele corria uma mão por suas costas, afundando-a nos seus cabelos, afagando-lhe a nuca. O contato sedutor acelerava o pulso dela, despertava-lhe um de­sejo abrasador. Cada novo toque era como uma prova do quanto o efeito que Alfonso exercia sobre ela era poderoso. A paixão incendiou a ambos, aumentando a intimidade do beijo, tornando o abraço mais sensual. Anahi abra­çou-o pelo pescoço, retribuindo demoradamente a cada carícia da língua cálida. Momentos depois, estava recli­nada sobre o colo dele.

Acabava de sentir a força total do desejo de Alfonso , a evidência da rija masculinidade de encontro ao seu quadril, apesar do obstáculo das roupas, quando ambos quase caíram do tronco de árvore cortado.

Anahilevantou-se de imediato, antes de lembrar-se que descalçara um sapato. Baixando o olhar, fitou Alfonso, os olhos verdes exibindo um misto de ardor e divertimento.

Sentiu o coração disparando ao estudar aquele rosto másculo e bonito, ao pensar no que haviam acabado de partilhar. Desviou o olhar, sentindo o rubor tingindo-lhe as faces. Céus, seria tão fácil apaixonar-se por ele. Na verdade, já estava a meio caminho disso... a meio caminho de um coração partido. Se ao menos ainda estivesse forte e corajosa o bastante para lutar por Alfonso, para tentar conquistar seu amor... Se o merecesse...    

Bem, ele podia achar a situação engraçada, mas ela não. Com um profundo suspiro, calçou o sapato brusca­mente e começou a descer depressa pelo caminho... de volta à realidade.

— Muito bem, Blue! Pegue, Spook!— exclamou Anahi, sorridente, enquanto sacudia uma fita colorida na frente dos gatinhos e se divertia com suas travessuras. Cleo, por sua vez, dormia tranquilamente a seu lado no alto dos degraus da varanda. Não havia dúvida de que conseguira conquistar totalmente a confiança do trio fe­lino. E já os considerava como seus bichinhos de estima­ção. A necessidade de protegê-los até a fizera improvisar uma pequena cama com a caixa de papelão na qual seu irmão colocara a relíquia cigana de família.

Com isso, a caixa encantada do amor ficara exposta, deixada numa mesa de canto ao lado do confortável sofá da cabana, além de estar sempre presente em seus pensamentos.

Quando, enfim, Blue e Spook decidiram se aninhar em seu colo, ela passou a hora seguinte lendo os demais papéis que tinham estado na caixa de papelão, junto com a carta.

Eram anotações, com a letra delicada de sua mãe, relem­brando a lenda da família, conforme fora contada pela avó paterna de Anahi, que havia morrido muito antes de seu nascimento. Segundo a história, dentre aqueles que haviam tido problemas com a caixa mágica incluía-se um ancestral que tentara vendê-la e, pouco tempo depois, fora atingindo por um raio fulminante numa violenta tempestade.

—  Assim, decididamente não é uma boa ideia ficar mexendo com essa coisa — murmurou ela, afagando o pêlo dos filhotes com uma mão, enquanto segurava as anotações com a outra.

Num pós-escrito, a mãe acrescentara o seguinte:

"Ninguém sabe exatamente a idade da caixa mágica. As­sociei vários relatos da lenda a fatos históricos e consegui situar alguns no final do século dezoito. Naquela época, não se tomava cuidado ao abrir a caixa mágica, e um cigano apaixonou-se por uma mulher casada. Ela também se apai­xonou pòr ele, e o amor de ambos terminou tragicamente, com os dois cometendo suicídio na cabana de caça do marido."

—  Evite cabanas de caça e homens casados — mur­murou Anahi. — E toda essa encrenca porque uma ancestral minha apaixonou-se por um nobre que não cor­respondeu aos seus sentimentos. Sim, eu sei como é isso, Cleo — disse para a gata que ronronava a seu lado. — Amor não correspondido traz sofrimento. Mas não é razão o bastante para se ficar apelando para feitiços. E nem acabou sendo um encantamento eficaz, mas um todo con­fuso, que pula uma geração.

Leu um pouco mais das anotações:

"A caixa também trouxe boa sorte, como foi no caso do belo cigano que se apaixonou por uma condessa austríaca. Juntos fizeram muito para acabar com a perseguição aos ciganos que acampavam pela jurisdição de ambos.

Outra história contava sobre uma cigana que se apai­xonou pelo homem mais poderoso da tribo, embora tivesse o dobro de sua idade. E segundo a lenda, a caixa chegou a terminar com uma séria desavença, quando o filho de uma tribo viu uma jovem da tribo rival e ambos se apai­xonaram. O amor de ambos promoveu a união entre as duas tribos."

Tomando o cuidado de não acordar os filhotes em seu colo, Anahi esticou o braço até a cadeira de balanço, onde deixara a caixa cigana que também havia levado para a varanda.

Os dedos formigaram ao tocar no metal quente. Pro­vavelmente a sensação foi causada pelo fato de que a caixa ficara exposta ao sol que se filtrava pela lateral da varanda. Era a primeira vez que aproveitava a opor­tunidade para examinar a caixa com atenção. Os entalhes intrincados gravados na tampa formavam desenhos que incluíam palmeiras e um navio.

— E qual o significado? — perguntou-se em voz alta. — O de que vou fazer uma longa viagem marítima?

Havia quatro luas crescentes no canto esquerdo da tampa, enquanto um sol se pondo acima de uma cadeia de montanhas adornava o canto direito.

—  Ou talvez queira dizer que eu estava destinada a vir para as montanhas?

Os lados da caixa também eram trabalhados, exibindo vários desenhos gravados no metal a entalhe. Eram co­rações, luas, estrelas e uma pequena figura que parecia... um mago!

— Puxa! — sussurrou, impressionada com a perfeição dos detalhes.

Abrindo-a, lembrou-se de procurar pela chave de prata que o irmão lhe dissera que estaria lá dentro. Porém, não encontrou nenhuma. Em vez disso, havia uma espécie de medalhão. Era exótico mas não muito grande, nem pesado, e pendia de uma delicada corrente de ouro. Ao tocá-lo com a ponta dos dedos, ela sentiu um estranho misto de calma e força.