Fanfic: Planos de sedução AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Precisava dizer alguma coisa, manter a conversa a um nível impessoal antes que deixasse transparecer algo.

— Diga-me, como vai passando o seu ajudante? O que feriu o pé?

— Essa é uma maneira cortês de descrever o acidente. Bem, ele está usando uma bengala para se movimentar e vai ter que ficar confinado à mesa, fazendo serviço burocrático por mais algum tempo.

— É por isso que você tem trabalhado durante todas essas horas extras?

—  Então, você notou, não foi? — Alfonso pareceu satisfeito.

Agora, o que poderia dizer?, perguntou-se Anahi, encabulada. Que ficava atenta as idas e vindas dele, que não respirava tranquila à noite até que ouvisse o ruído no cascalho, anunciando a passagem do carro ali pelo caminho? Alfonso tinha que passar diante da cabana dela antes de chegar à sua. Aquela altura, já conseguia até reconhecer o ruído do motor da viatura de xerife.

Ao final, foi o próprio Alfonso que a tirou do apuro, contando sobre uma "chamada de emergência" que rece­bera naquele dia, para resgatar o gato de Ma Battle do topo de uma árvore.

— Tenho sorte de eu ter conseguido descer de lá vivo — comentou ele, com um sorriso. — O velho Tom estava tão assustado lá no alto que mal me deixava chegar perto.

— Tom é o nome do gato, presumo eu?

— Exatamente.

— Ma Battle é aquela que entra em todos os concursos, não é?

— A própria. Já a conheceu? Oh, ela não andou con­versando com você, certo?

— Não, ainda não a conheci. Mas por que perguntou se já conversou comigo? Há alguma lei contra isso?

— Não, nenhuma.

— Por que perguntou, então?

— Por nada.

A sobrancelha arqueada de Anahi, enquanto o en­carava, era prova de que não a convencera.

— Está bem. Acabei mencionando que você é professora — admitiu ele, relutante. — E algumas das pessoas da cidade se reuniram e queriam perguntar... algo a você. Mas eu lhes pedi para que não a incomodassem, expli­quei-lhes que você estava aqui para descansar, não para ser importunada por um bando de crianças.

— Sobre o que está falando, afinal?

— Nada. Nem sequer pense sobre isso por um segundo.

Você precisa descansar. Certamente, não tem que se en­volver nos problemas deles.

— Que problemas?

— Oh, bobagem. Esqueça que mencionei o assunto. A propósito, o jantar estava ótimo.

—  Ah, claro. Eu notei que você deu metade do seu bife a Blue.

— Nunca pude resistir a um belo par de olhos.

— Eu sei. — O comentário fez com que Anahi de­sejasse que seus olhos fossem belos em vez de simples­mente castanhos. — Você sempre teve um coração de manteiga derretida — acrescentou, num tom de gracejo.

Alfonso limitou-se a fitá-la.

— Oh, agora você está corando — notou ela, surpresa.

— Não estou. Ouça, eu preciso ir. Tenho que fazer o plantão desta noite. — Enquanto colocava a capa de chu­va, ele fez questão de acrescentar: — E lembre-se, não deixe que ninguém a arraste para esses problemas de Lonesome Gap, está bem?

— Pode deixar — disse ela, com um aceno jovial, antes de fechar a porta da cabana.

— Anahi vai fazer o que bem entender — murmurou Alfonso consigo mesmo antes de abrir um largo sorriso. — Ao menos, espero que faça! — Era com o que estava contando.