Fanfic: Planos de sedução AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Num esforço consciente para afastar os pensamentos sombrios, concentrou-se em abrir a caixa de papelão e, finalmente, ver o que seu irmão quisera lhe dar. Lá den­tro, havia uma caixa de metal, decorada com entalhes intrincados, junto com uma carta e alguns outros papéis. A letra era um tanto imprecisa mas legível:

"Filho primogênito dos Portilla, já é tempo de você co­nhecer o segredo da nossa família e saber sobre a bahtali, que é uma magia voltada para o bem. Mas bastante po­derosa. Eu lhe envio esta caixa para que você fique a par da lenda. Estou ficando velha e não tenho tempo, nem conheço assim tão bem o seu idioma para lhe explicar como a história toda começou. Vai ter que pedir a seus pais que lhe contem. Mas saiba que essa caixa encantada possui magia poderosa cigana, para encontrar o amor onde você o procurar. Use-a cuidadosamente e terá muita felicidade. Lembre-se, se a usar de maneira errada, você encontrará problemas."

Ao final da carta, havia um bilhete num papel amarelo adesivo, que fora ali afixado por seu irmão e dizia: "Ima­ginei que talvez você achasse isto interessante. Dulce jura que funcionou no nosso caso. Julgue por si mesma."

Aquela era "a caixa", a mesma sobre a qual Anahi já ouvira tanto a respeito, mas nunca vira antes, a que a tia-avó Magda, da Hungria, enviara para Christopher. Três semanas depois, ele se casara com Brett.

Lembrava-se bem da primeira vez que ouvira falar sobre a caixa mágica do amor. Fora às vésperas do Natal, quando seu pai contara-lhes a lenda da família. Era a história de uma bela jovem cigana que se apaixonara por um conde, mas o nobre não correspondera ao seu amor.

Segundo a lenda, a garota pagara, então, a uma velha cigana para que lhe arranjasse um feitiço de amor e o lançasse em seu benefício. A anciã, porém, acabara fa­zendo alguma confusão com o encantamento. Em conse­quência, a partir daquele dia, toda a segunda geração de Janos passaria a encontrar o amor "onde o procuras-se"... literalmente!

Mortificada com seu erro, a velha cigana insistira para que a jovem aceitasse a caixa metálica que carregara consigo, a única coisa de valor que possuíra. De acordo com a história, o tal feitiço de amor, que acabara sendo lançado um tanto equivocadamente, funcionava até os dias atuais.

Inclinando-se para a frente, Anahi tentou examinai melhor a suposta caixa mágica. Mas a cadeira de balanço foi para a frente e, com o movimento brusco, a tampa da caixa se abriu em seu colo.

Já conhecedora de um fundamental detalhe da lenda da família, o de que encontraria o amor com a primeira pessoa do sexo oposto que visse depois de abrir a caixa, Anahi levantou os olhos automaticamente... e deparou com um velho maltrapilho, mais abaixo no caminho de cascalho, andando junto à beirada dos bosques.

Sobressaltada, quase se levantou. O homem, porém, desapareceu rapidamente em meio aos arvoredos, e a tampa da caixa fechou-se outra vez.

— Que ótimo — resmungou ela. — Quando Christopher abriu a caixa e levantou os olhos, viu a bela Dulce. Agora, quando chega a minha vez, tenho que dar de cara com um mendigo qualquer no lugar de um Adônis! Talvez isto seja uma maldição, em vez de boa magia. — De imediato, de­volveu a caixa metálica à de papelão, onde também guardou a carta e os demais papéis. Enquanto fechava as abas da caixa, foi-lhe inevitável desejar poder aprisionar suas emo­ções errantes com a mesma facilidade.