Fanfic: Planos de sedução AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Anahi foi tomada por súbita insegurança. Será que se produzira demais para a ocasião?, perguntou-se. Es­taria bancando a tola? Suas "segundas intenções" esta­riam estampadas no seu rosto como um letreiro de néon?

Bem, paciência que Alfonso estivesse perplexo, con­cluiu. Não estava disposta a recuar agora. Não depois do trabalho que tivera!

Segurando-o pelo braço, conduziu-o ao interior da ca­bana... apenas para o caso de ele ter alguma idéia de escapulir de fininho.

— Chegou um pouco cedo.

— Você está linda — disse Alfonso, enfim, num tom rouco, o sotaque sensual um tanto mais acentuado do que o costume.

Em vez de ficar encabulada com o elogio, Anahi sen­tiu um imenso alívio e recobrou sua confiança.

—  Obrigada. Você também não está nada mal. — Na verdade, ele estava estonteante, pensou, admirando-o dis­cretamente. Com uma calça de pregas caqui, camisa social branca e gravata estampada, Alfonso provava que possuía uma elegância nata, ficando tentador em qualquer estilo...

— Humm, estou sentindo um certo aroma no ar...

— O frango frito? — sugeriu ela, esperançosa.

—  Não, isto me parece mais com... — Alfonso res­pirou fundo.

Oh, por favor, que ele não diga "cheiro de queimado" ou de fumaça, pensou Anahi, numa súplica silenciosa aos céus.

— ... pêssegos! — exclamou ele, triunfante.

— Deve ser a torta. Aproximando-se mais,

Alfonso murmurou:

— Não. É o seu cabelo.

Anahi quase se esquecera do xampu de pêssego e do sabonete hidratante e aromático que usara durante o banho e abriu um sorriso aliviado. Felizmente, a cabana parecia ter sido ventilada o bastante, dissipando os úl­timos vestígios do desastre daquela tarde na cozinha.

Notando o sorriso secreto dela, Alfonso teve que se conter para não estreitá-la em seus braços e beijá-la com sofreguidão. Ela ficara ainda mais tentadora naquele ves­tido leve e feminino. Estava um tanto corada e ofegante; nos grandes olhos castanhos, um brilho especial. Tinha os lábios entreabertos; lábios que pareciam ainda mais provocantes com um batom rosado e úmido, que o ins­tigava a comprovar se estariam tão deliciosos quanto pro­metiam. Humm... e aquele perfume... Nunca uma ino­cente fragrância de pêssego lhe parecera mais erótica!

Sim, queria beijá-la... mas Anahi já estava desapa­recendo em direção à cozinha.

— O jantar já está à espera. Você está pronto?

—  Sim, estou pronto — murmurou Alfonso, rouco, quando ela já voltava à sala com a primeira travessa.

Pelo brilho ardente que viu nos olhos verdes, Anahi teve a impressão de que ele não estava falando sobre comida. Excelente! A julgar pela maneira como reagira à sua aparência e a elogiara, a primeira etapa no seu plano de sedução já fora vencida. Ela causara boa im­pressão, ou ao menos o vestido, sim. Deliberadamente, deixara metade dos botões na saia longa abertos, expondo parte de suas pernas, enquanto ia e voltava da cozinha para colocar os apetitosos pratos preparados por Ma Battle na mesa de jantar.

Alfonso ofereceu-se para ajudá-la, mas ela insistiu para que se sentasse e a aguardasse à mesa, como seu "convidado de honra", o que não lhe deixou chance de protestar. Na verdade, estava distraído com o andar sensual de Anahi, a saia ampla se enroscando naquelas pernas bem-feitas, a abertura até um pouco acima dos joelhos expondo a pele acetinada e deixando promessas misteriosas no ar.

Seria mesmo?, perguntou-se ele, com súbita incerteza. Será que ela se esquecera de fechar todos os botões, ou não tivera tempo com sua chegada antecipada? Bem, não iria mencionar o fato, ou Anahi acabaria por abotoar o restante do vestido e, francamente, estava apreciando muito o resultado instigante. Além do mais, a simples possibili­dade de que tivesse feito aquilo de propósito já era o bas­tante para elevar a temperatura dele uns dez graus...

Quando, enfim, começaram a jantar, foi inevitável ad­mirar-lhe o colo acetinado no momento em que ela se inclinou ligeiramente sobre a mesa para servi-lo. O decote do vestido era recatado o bastante, apenas insinuando o início da curva dos seios. Nada, porém, Já pdia ocultar o formato sedutor e arredondado que possuíam, moldados suavemente pelo tecido que parecia acariciá-los, confina­dos pelos frágeis botões que ele ansiava por desapertar. Respirou fundo, enquanto a fragrância de pêssegos se desprendia daquela pele macia.

Céus, a intensidade de seu desejo por Anahi era tamanha que lhe abalava seriamente o autocontrole. Nunca antes quisera tanto uma mulher; nenhuma fora capaz de enlouquecê-lo de paixão àquele ponto, de tentá-lo tanto com os gestos e os olhares mais inocentes.

No momento, achou mais prudente concentrar-se no jantar antes que acabasse dizendo alguma tolice.

— Como está o frango frito?

— Bom. Delicioso, na verdade. Crocante, bem tempe­rado. Aliás, o gosto é bem parecido com o frango frito de Ma Battle — disse Alfonso, num tom de apreciação. — E ela faz o melhor de todo o estado.

— É mesmo? — Sentindo que avançava por um ter­reno perigoso, Anahi mudou de assunto. — Como foi o seu trabalho?

— Bem. Tivemos um pouco de confusão ontem à noite, mas, afinal, isso é de se esperar num final de sábado.

Ela foi tomada por súbita apreensão.

—  O que aconteceu?

— Recebemos uma queixa sobre um desordem na ci­dade, um grupo de homens que acabou bebendo demais. Estavam no meio da rua, gritando e discutindo. A maioria se dispersou quando apareci e lhes ordenei que fossem para casa, mas havia um sujeito que estava passando dos limites. A perturbação era em frente a casa dele. Assim, basicamente tudo o que fez foi continuar lá, ber­rando sem parar. Eu lhe disse para entrar, ou do con­trário, o prenderia.

— E então? O que houve?

—  Ele entrou, escancarou uma janela no térreo do sobrado, inclinou-se para fora e tornou a gritar uma meia dúzia de obscenidades. Além de se vangloriar que estava a salvo porque se encontrava dentro de casa e ninguém podia fazer nada a respeito. Fazia grande estardalhaço, acordando todos os vizinhos. Finalmente, minha paciên­cia se esgotou.

—  O que você fez?

— Eu me aproximei do sujeito, agarrei-o pela frente da camisa e tirei-o da casa pela janela. "Ao que me parece, você está do lado de fora agora", disse-lhe eu antes de prendê-lo.

—  Isso não é ilegal, ou algo assim?

— Não. Acontece uma vez por mês com esse homem. É como um ritual entre nós. É a ideia que Bobby Ray tem de diversão.

Ela sacudiu a cabeça e abriu um sorriso, tocando distraidamente no medalhão que usava no pescoço com a correntinha de ouro. O gesto mais uma vez atraiu o olhar de Alfonso para o decote do vestido rosa. Anahi deu-se conta que o ato de tocar o medalhão parecia reduzir sua inquietação e nervosismo e aumentar a ousadia. Fitou-o com um olhar prolongado e inclinou-se ligeiramente sobre a mesa, a voz soando rouca enquanto lhe perguntava se queria que lhe servisse mais alguma coisa.

Ele sentiu a garganta seca. Havia mesmo um clima sensual no ar, ou era imaginação sua? Anahi estaria tentando chamar sua atenção de um jeito especial? Não, devia estar apenas sendo polida e afável.

Ainda assim, havia um certo brilho sugestivo naqueles grandes olhos castanhos...

Após o jantar, ela serviu fatias de torta de pêssego na mesa de centro em frente ao sofá e, finalmente, ofere­ceu-lhe um licor de amêndoas, que ficaram bebericando, enquanto conversavam.