Fanfic: Planos de sedução AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Na manhã seguinte, Alfonso acordou com a luminosidade do sol banhando o quarto, com a fragrância inconfundível que a chuva noturna deixara nos bosques verdejantes lá fora. Ficou confuso por alguns momentos, ainda sem com­preender como acabara adormecendo. Planejara conversar com Anahi na noite anterior, depois de terem feito amor. Mas, enquanto tentara pensar na coisa certa a dizer, fe­chara os olhos por alguns momentos e a próxima coisa que se dava conta era de que o dia já havia amanhecido.

Admitia que não andara dormindo o suficiente ulti­mamente, com as horas a mais que andava trabalhando, além de um belo par de olhos castanhos que já lhe causara tanta insónia, mas ainda assim...

A entrada de Anahi no quarto dispersou-lhe os pen­samentos. Estava sexy a valer num robe curto de seda, os cabelos em ligeiro desalinho, as faces coradas ao fitá-lo com um delicioso olhar de cumplicidade. Aproximava-se com uma farta bandeja de café da manhã, que colocou na mesinha-de-cabeceira. Sentou-se na beirada da cama e depositou-lhe um beijo suave nos lábios.

— Bom dia — sussurrou-lhe. — Está com fome?

Alfonso fitou-a com um brilho nos olhos que deixava claro que estava faminto, sim, mas não por comida. Ela sentiu um sensual calor percorrendo-a sob o olhar per­turbador. Ele a desejava, sem dúvida. Mas sentiria algo mais a seu respeito, além de atração física?, perguntou-se. Sabia que o amava. Mas os sentimentos daquele homem ainda lhe eram um mistério.

Ele ergueu-se para uma posição sentada na cama, o lençol deslizando até a cintura e expondo-lhe o torso nu e musculoso.

—  Precisamos conversar — disse-lhe com um súbito ar sério, aceitando a xícara de café fumegante que ela preencheu sobre a bandeja e lhe estendeu.

—  Sou toda ouvidos.

—  Por que você não me contou que...? Por que não disse que nunca...?

—  A abstinência está em alta, não ouviu falar? — argumentou ela, abrindo-lhe um sorriso maroto.

— Estou falando sério.

— E eu também. Acredite, há muito mais virgens por aí nos dias de hoje.

— Bem, há uma virgem a menos agora.

—  Sim. Ouça, talvez eu apenas tenha decidido que não queria mais ser uma virgem de trinta anos de idade. Quer uma torrada?

Alfonso não estava convencido. Depositou a xícara que mal esvaziara de volta na bandeja e fitou-a com um olhar firme.

— Não acredito que tenha sido uma decisão tão cor­riqueira. Você não é do tipo de mulher que partilharia de algo assim com um homem que não... amasse.

A fisionomia dele não era a de um homem apaixonado, um que planejasse passar o resto da vida a seu lado, notou Anahi, com um aperto no peito. Aquela expressão era a de alguém com arrependimentos.

— Se eu soubesse que você ainda não... isto é, que era...

— A palavra é virgem — completou ela, exasperada.

— Onde pensa que este... relacionamento... vai chegar? — perguntou Alfonso, abruptamente.

—  Onde você acha que ele vai chegar?

— A lugar algum. Quero dizer, você estará voltando para Chicago em breve, e eu continuarei aqui.

— Certo — afirmou Anahi , muito embora aquilo lhe parecesse errado. Totalmente errado. Ambos deveriam ficar juntos... Mas não podia bombardeá-lo com sua declaração de amor e obrigá-lo a corresponder aos seus sentimentos. Ao menos, porém, poderia certificar-se de que não o deixaria com nenhum arrependimento pelo que haviam partilhado na noite anterior. E faria ou diria o que fosse preciso para que aquele encontro romântico não ficasse limitado a uma única ocasião. — Ouça, não vamos complicar mais isto do que o necessário, está bem? Nada de pressões, nem co­branças, eu lhe prometo. Apenas vamos desfrutar a com­panhia um do outro enquanto podemos.

—  Desfrutar como? — perguntou Alfonso, querendo que a situação ficasse bem clara. — Como fizemos na noite passada?

Anahi assentiu, recusando-se a desviar seu olhar do evidente desafio nos dele.

—  O que me diz? Negócio fechado? — Para quebrar o clima tenso, estendeu-lhe a mão. Ficou aliviada quando ele a aceitou, apertando-a.

No próprio momento em que concordava, no entanto, Alfonso dava-se conta de que os sentimentos ainda for­mavam um turbilhão em seu íntimo. Sabia que sentia mais do que apenas paixão por ela, mas seria amor? Quem poderia dizer?

E além do mais, havia o fato inegável de que não seria exatamente o melhor partido aos olhos de Anahi... a mulher mais inteligente que já conhecera, alguém que viajara pelo mundo. Sua ex-esposa mal se formara no colegial e nunca havia deixado a cidade de Chicago, até que a levara ali para Lonesome Gap, um fim de mundo, como ela costumara dizer nos melhores dias.

Admitia que Anahi parecia ter se afeiçoado à cidadezinha e à vida na montanha; achava a região tranquila e encantadora. Por enquanto. Mas o encanto se dissiparia, dando lugar ao tédio, como sempre acontecia com os recém-chegados. Mesmo os que buscavam o sossego do in­terior, acabavam se mudando para uma cidade não tão pequena, nem tão isolada.

Podia ver que ela estava se recuperando rapidamente do ataque que a fizera refugiar-se no santuário das mon­tanhas. Estivera certo quando concluíra que a incerteza e o medo seriam apenas temporários, uma reação natural ao trauma pelo qual passara. Era evidente que a coragem nata de Anahi estava retornando. Podia vê-la renas­cendo e se fortalecendo a cada dia. Ora, o fato de que parecia ter decidido seduzi-lo era prova disso.

Não que ele tivesse precisado de muita persuasão, já estivera louco de desejo por Anahi houvera algum tem­po. Ainda assim, tinha certeza de que nada poderia im­pedi-la de voltar para a vida que deixara em Chicago. Ela mesma acabara de confirmar que voltaria em breve, na conversa de minutos atrás.

Anahi notou as sombras naqueles incríveis olhos ver­des e desejou poder fazer algo para dissipá-las. Não que­ria que Alfonso ficasse se sentindo culpado pelo que acontecera. Estivera bastante consciente da realidade quando decidira se entregar a ele na noite anterior. Não fora ingênua a ponto de achar que, depois que tivessem feito amor, o homem se ajoelharia a seus pés e lhe proporia casamento. Tudo que lhe importava no momento era que o amava; mas, ao mesmo tempo, não queria correr o risco de perder a felicidade de agora analisando muito de perto o que o futuro poderia ou não lhes reservar.

Apertou-lhe os dedos num gesto carinhoso, lembran­do-o de que ainda segurava sua mão. Alfonso não pôde mais resistir. Afastou o lençol e puxou-a para si na cama, deitando-a a seu lado. Apossou-se dos lábios dela com um beijo longo e voluptuoso.

— Você tem os olhos mais incríveis que já vi — sus­surrou, ofegante, ao fitá-la.

— São apenas castanhos.

Ele sacudiu a cabeça.

— Olhos escuros, grandes e expressivos como os seus são incrivelmente sedutores, não sabia disso?

—  Gosto mais de olhos verdes — sussurrou ela.

—  O quanto mais? — Um sorriso sensual curvou os lábios de Alfonso.

Anahi abriu o cinto de seu robe.

—  Por que não deixa que eu lhe mostre o quanto...