Fanfics Brasil - Sem sorte Uma Zé Ninguém

Fanfic: Uma Zé Ninguém | Tema: Original


Capítulo: Sem sorte

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Ela entreabriu os olhos, ainda sonolenta. Sentia o calor do dia deixá-la ainda mais preguiçosa. Virou-se de lado e encarou a parede, respirou fundo desanimada e pensou, "mais um dia". Havia dormido demais novamente, já se passavam das dez, levantou e se aprontou rapidamente, ainda tinha pilhas de trabalhos da faculdade para fazer, e teria que dar conta antes do final do dia, já que a noite ela teria que trabalhar.


Sentada em frente ao computador, com seus inúmeros livros e folhas espalhadas pela mesa, clicava de um link para o outro, nada era interessante, nada a animava, era só obrigação, um dever a ser cumprido. Ela nunca gostou do curso que escolheu, mas por falta de opção acabou entrando, só para não ficar sem fazer nada. A única parte boa nisso tudo, era poder ajudar suas colegas de grupo, bem mais maduras e com certa dificuldade em executar algumas tarefas no computador, e elas reconheciam o seu esforço para cumprir os prazos, já que sempre realizava os trabalhos sozinha.


-Helena, não sei mais o que fazer. São tantas contas, tanta despesa para cobrir e meu salário não vai dar para pagar tudo. Ninguém ajuda, ninguém faz nada. Eu sempre tenho que fazer tudo sozinha, ninguém se preocupa! Na hora de me pedir, vocês sabem, mas na hora de ajudar, todo mundo foge.


Helena respirou fundo, igual a todos os dias, ela sempre ouvia a mesma coisa, já não se importava mais, era cansativo questionar ou interromper os discursos da mãe. "Bom dia pra você também", foi o que pensou.


-Eu pago as que não der pra pagar, acho que esse mês ainda vai me sobrar um pouco mais por causa das horas extras.


-É... porque eu não estou aguentando mais. Só trabalho, falto morrer e não temos nada.


-"Sim mãe, e daí ? Suas reclamações vão mudar alguma coisa?" - Hum.


Conseguiu adiantas boa parte do trabalho, mas não queria continuar ali, resolveu ir visitar o namorado. Andava a passos lentos, fugindo do sol, era uma distância boa até a casa dele, no caminho mil coisas se passavam na sua cabeça, era difícil lidar com sua mãe, principalmente por ela ser impaciente e ansiosa.


Chegando em frente a um portão cinza, tocou a campanhia e esperou. Lá de dentro saiu um rapaz alto, de pele clara e um sorriso que aquecia seu coração, não importava quantas vezes ela o olhasse, era sempre a mesma sensação. Ele abriu e a abraçou, tirando os pés da moçã do chão.


-Oi minha princesa!


-Oi amor. - Ela o envolveu em seu abraço também, fechou os olhos e deixou aquele perfume que ela amava invadir sua mente. Como era bom estar com ele, era a parte boa dessa vida, a parte que valia a pena acordar todos os dias.


-Entra. Que milagre sair de casa, hein! -Ele provocou.


-Pois é. Sua mãe está ? - Ela segurava na mão dele enquanto entravam.


-Está, na cozinha fazendo o almoço.


-Hum.


Helena entrou e foi logo cumprimentar a sogra,já que conhecia bem o jeito conservador dela, e o excesso de formalidades.


-Bom dia, Dona Marta! - Ela sorriu gentil.


-Bom dia, Helena! Resolveu sair da toca ? - Ela brincou.


-As vezes é bom, não é ? - A menina respondei ainda sorrindo.


-Vem, depois conversa com a minha mãe. - Diego a puxou pela mão até a sala, se jogando no sofá e tranzendo a menina com ele. - Tudo bem ?


-Uhum.


-Mesmo ?


-Está.


-Hum, só perguntei porque dificilmente você vem me ver, preguiçosa! - Ele a abraçou e depositou um beijo no rosto da menina.


-Deve ser porque você mora quase do outro lado da cidade.


-Mas nem por isso deixo de ir te ver todos os dias.


-Ok, você venceu. - Ela o abraçou, fazendo ele automaticamente buscar os lábios dela.


-Eu estava com saudade! - Ele disse.


-Você me viu ontem. -Ela riu.


-São doze horas!!! - Ele dramatizou.


-Só você mesmo. - Voltaram a se beijar, era ótimo estar com ele, não importava onde e nem quando, Diego a fazia mais feliz do que ela acreditava que podia ser.


-Quer ver um filme ?


-Não posso, tenho que voltar pra casa antes do almoço.


-Ah não, hoje você almoça aqui! - Dona Marta gritou da cozinha.


-Ouviu, não é ? - Diego zombou dela. Ela sorriu sem graça, acertando o braço dele.


Passaram a tarde no sofá, sentada a frente dele, enquanto ele a abraçava. Mais tarde, voltou, teria que ir trabalhar e Diego ir para a faculdade. Diferente dela, ele realmente gostava do que fazia, estava sempre muito empolgado e até conseguira um estágio na área.  Ela a acompanhou até o portão, se despediram e ela se preparou mentalmente para voltar para casa e encarar mais uma vez aquele hospital.


Todos os plantões eram a mesma coisa, arrumar a mochila, correr para o ponto de ônibus, ouvir músicas repetidas por uma hora e correr novamente até chegar ao hospital. E a correria só havia começado. A noite toda era a mesma rotina, correr de um lado para o outro, tentando atender o máximo de pessoas possível, ouvindo reclamações e insultos, vindos de todas as partes. Eram doze longas horas, eram plantões cansativos e que só mostravam o quando ela odiava aquela situação. Estar presa em um emprego por pura obrigação. Para muito pode ser só uma garota mimada que reclama demais, mas estando na situação dela, era como abrir mão de planos, sonhos e da vida que queria ter, porque precisava cuidar das pessoas que eram importantes para ela.


Diego muitas vezes a colocava contra parede, dizendo para ela deixar tudo isso de lado, encontrar um outro emprego, fazer a faculdade que ela queria fazer, aprender a dizer não, se impor quando levantavam a voz para ela, mas por ser muito paciente e tímida, ela nunca questionava, e por querer ajudar em casa, pensava duas vezes antes de sair do emprego e pagar mais caro por um outro curso.


Doze horas depois, ela estava exausta, tinha que correr para não perder o primeiro ônibus, ainda tinha que chegar em casa, tomar um banho, arrumar novamente a mochila e correr para a faculdade. Correria, correria e correria, nem férias faziam mais a diferença, o cansaço dela já não era só físico, sua alma estava começando a ficar doente. Aquela vida não a fazia em nada, uma pessoa feliz.



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Autor(a): mkyoko

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