Fanfic: Teto de Vidro | Tema: AyA - Ponny - Any & Poncho.

- Any? Any...?

Anahí sentiu o braço ser chacoalhado, mas o que lhe impedia de acordar era a voz tão gentil em seu ouvido. Mas ele insistia.

- Any, acorda... A Ana Paula tem que levantar?

Ouvir o nome da garota fez Anahí abrir os olhos rapidamente e quase pular da cama. - A Ana Paula acordou?! – ela ficou ainda mais assustada por então perceber que não estava vestida. Apenas o lençol cobria seu corpo.

- Calma...! – Alfonso dava risada do susto que, sem querer, deu nela. – Ela ainda está dormindo. Pelo seu despertador, você está atrasada só quatro minutos.

De repente, Anahí situou onde estava, acalmando-se e sentindo um pouco de vergonha. Diferente dela, Alfonso estava totalmente à vontade. O cheiro de café que vinha da cozinha era de se imaginar que havia preparado algo. E antes de sair, ele se inclinou mais ainda sobre ela, abraçando-a com um dos braços e deu um beijo no pescoço. Afastou-se, fitou Anahí e sorriu, matando a saudade que já sentia da proximidade de ambos.

- É... Eu vou me trocar e acordar a Ana Paula. – disse, levantando junto com o lençol enrolado no corpo.
Enquanto procurava por uma roupa no armário, depois de ter tomado um banho rápido, Anahí perdia a concentração ao ver Alfonso em sua sala, sentado no sofá, lendo um dos livros antigos que serviam como decoração da sala. Perguntou-se como havia chegado naquele ponto, mas não via aquilo como algo negativo. Muito pelo contrário. Chegava a sentir as famosas borboletas no estômago.
Ana Paula já estava na mesa, vestindo seu uniforme e comendo biscoitos.

- Queria ficar em casa brincando de novo. – disse.

- De novo? Não cansou, não? – Anahí não levou a garota a sério.

- Não. Prefiro brincar com o Marley! – ela não podia deixar de sorrir ao pronunciar aquele nome bobo de cachorro.

- Mas você não pode ficar faltando da escola. – agora Poncho era quem ensinava algumas boas lições à menina.

- Mami só deixa eu faltar quando estou doente ou quando ela fica triste. – e ao final da frase, Ana Paula fazia um bico com a boca.

Anahí e Alfonso se olharam. Ela, com um tanto de culpa.

- Já está na hora, né? – ela cortou a conversa, colocando a menina de pé. – Já sabe. Escovar os dentes e colocar os sapatos.

E a menina correu para o quarto.

- Não tem porque vocês se trancarem aqui. – ele disse em tom de conselho. – O Christopher parece estar trabalhando dentro da lei agora. Ele não vai lá na escola buscar a Ana Paula e sumir com ela.

- Nem fale uma coisa dessas. – bateu na mesa de madeira três vezes, supersticiosa.

Durante toda aquela semana, Anahí esperou ansiosamente pela visita de algum advogado mandado por Christopher. No entanto, já era noite de sexta feira e ninguém havia aparecido. Nem advogado, nem o próprio Christopher.

O fato da visita de seu ex marido estar cada vez mais distante do presente e pelo afeto que havia crescido entre ela e Alfonso, Anahí já estava quase acreditando que aquele aparecimento repentino fora apenas mais uma maneira de causar-lhe algum medo. Alfonso, Dulce, Christian... Todos insistiam nessa idéia. Talvez, Christopher não havia aceitado que Anahí tivesse retomado sua vida.

Alfonso estava concentrado no caso dela todos aqueles dias. Nos horários livres, ele sempre estava lendo o documento entregue por Christopher, outras vezes lia alguma coisa na internet, ou estava ao telefone. Em uma dessas vezes, Anahí o ouviu em uma ligação. Subiu de mansinho as escadas do fundo da loja e esperou ali, enquanto ele estava na sala.

- É, eu sei. Enquanto não tem nenhuma ação, não há o que fazer. Mas provavelmente, ele vai dizer que ela não tem condições financeiras pra ter a guarda. – e ficou em silêncio por alguns minutos. Às vezes, soltava algum som concordando com a pessoa do outro lado. – Então ta. Qualquer coisa, eu ligo de volta. Valeu, Roberto. Tchau.

E então, ela apareceu atrás dele. Agora, os passos sobre a escada, ele pôde ouvir.

- Ah, não sabia que estava aí. – ele disse ao se virar.

- Acabei de chegar. Na verdade, ouvi o final da sua conversa... – seus olhos expressavam algum tipo de culpa. Mas Alfonso riu.

- Estava falando com um amigo. Ele é advogado.

Anahí assentiu, prestando atenção.

- Ele disse que pela experiência dele, alegar que você não tem condição financeira pra ficar com a Ana Paula é um argumento muito fraco. Se Christopher conseguir a guarda dela, será porque ou a condição financeira dele é imensamente maior, ou ele vai dar o jeitinho dele. – disse esta última opção com um peso na voz. Ele podia sentir raiva só de imaginar alguém sendo tão baixo com Anahí.

Ela, por sua vez, quase não sentia mais raiva. Aquele assunto lhe causava muita insegurança. Em segundos, seus olhos estavam mareados. Anahí limpou o canto dos olhos com as costas da mão e disse. – Ou seja, ele vai conseguir. Christopher é podre de rico. – e enquanto as palavras saiam de dentro dela, o desespero ia junto, trazendo mais e mais lágrimas.

Alfonso a abraçou, apertando o rosto dela em seu peito e acariciou o cabelo dela. Tirando a noite que passaram juntos, esta era a melhor sensação que Alfonso a fazia sentir. Sentia-se perfeitamente bem toda vez que ele a abraçava daquela maneira.

– Ele não vai conseguir nada. Vou fazer de tudo pra que não consiga. – ele disse.