Fanfic: Teto de Vidro | Tema: AyA - Ponny - Any & Poncho.

- Eu sabia que você estava por trás disso! – ela saiu ao encontro dele, com os punhos altos que logo caíram sobre os ombros dele, dando alguns socos.

- Anahí, para com isso! – Alfonso tentou segurá-la.

- Estou levando Ana Paula para um lugar com mais dignidade. – ele cuspiu as palavras, de nariz empinado.

- Mami! – ela berrava dentro do carro, que ainda estava com a porta aberta.

- Você não pode tirar ela de mim! Você não vai roubá-la! – e ela caia num pranto desesperado, presa nos braços de Poncho.

- Já tirei ela de você, Anahí. – passou os dedos sobre os próprios ombros limpando onde Anahí havia tocado.

- Anahí, pelo amor de deus... – Alfonso implorava, levando Anahí para as escadas da entrada. Ele também precisava manter distância de Christopher, se não perderia a cabeça.

- Se ela não se acalma, vou ter que detê-la. – um dos policiais se aproximou e falou com Alfonso. – Ela já insultou todas as autoridades aqui.

- Ana Paula!!! – Anahí tentava se soltar do cerco que Alfonso fazia com os braços, mas estavam fortes demais. Gritava na tentativa de ganhar aquele jogo sujo. Tentou, mas não havia jeito. Fecharam a porta do carro, os assistentes entraram no carro e ela viu Ana Paula pelo vidro do carro ir embora. Christopher foi para seu carro também, com os lábios esticados, traiçoeiro e satisfeito. Em seguida, a viatura policial também se foi.

Alfonso encostou Anahí no prédio e ela caiu no chão, escorregando pela parede. Ele tentou acalmá-la com um abraço, mas o choro e os soluços não cessavam. Pareciam intensos cada vez mais, que iriam acabar com o corpo e a alma de Anahí, matando-a ali mesmo. Nem palavras ele tinha para dizer a ela. Vê-la passar por aquela cena acabou fazendo-o derramar algumas lágrimas também. Nada que ele fizesse parecia protegê-la daquele mal.

- Poncho... Ele pegou a Ana Paula... – a voz dela, quase sumindo, ecoava pelos ouvidos dele. Quase engasgava com o próprio choro, ficando sem ar e retomando o máximo que podia, mas logo outra onda de dor vinha transbordando.

Alfonso apertava mais ainda os braços nela, mas parecia não acalmar a tempestade que estava dentro de si.

Vendo que alguns vizinhos, até de outros prédios próximos, insistiam em observá-los ali, Alfonso carregou Anahí, que já não tinha forças no próprio corpo, levando-a no colo até o apartamento. Ela ainda insistiu em ir atrás de Christopher, de Ana Paula, fazer alguma coisa, mas ele tentou acalmá-la e não deu chances de nenhuma atitude instintiva dela.

- Alô?

- Dulce?

- Sim, quem é? Poncho? – ela estranhou.

- É, sou eu.

- Por que está me ligando? Aconteceu alguma coisa? – Dulce riu.

- É, mais ou menos... Aconteceu...

- O que? É com a Anahí?! – sua voz, de despreocupada, tornou tensa e ansiosa.

- Levaram a Ana Paula. – disse sem jeito, odiava dar más notícias.

- Quem levou?! Seqüestraram ela?!

- Não! Foi o Christopher. Ele ganhou a guarda dela.

- Filho da puta...! Eu não acredito, Poncho! – mostrou-se indignada. – Mas como assim?!

- Olha, Dulce... – Alfonso, que estava no quarto, espiou a sala e viu Anahí deitada no sofá, igual quando deixara antes. – Você pode vir pra casa da Any? Ela está ardendo em febre e eu não sei muito o que fazer.

- Ca-claro, Poncho! Eu to indo aí agora! – e desligou o telefone.

Alfonso voltou para a sala e sentou aos pés de Anahí, acariciando as pernas dela. Mas ela parecia nem notar. Tinha os olhos fixos em qualquer lugar da sala e ameaçava largar mais lágrimas pelo rosto a qualquer instante.

Dulce não demorou em chegar. Pisou no apartamento e correu até Anahí, tentando consolar, mas o que conseguiu foi tirar mais um choro desesperado dela.

- Vai ficar tudo bem, Any... – sussurrava para a amiga, balançando-a num abraço, feito criança. – Ninguém mais no mundo merece ser feliz igual a você... E a Ana Paula vai voltar...

Anahí deixou se entregar por mais um tempo à vontade de chorar, que vinha batendo no peito dela, como se levasse socos. Doía, doía mais que qualquer agressão que já sofrera. As forças estavam esgotadas e ela nem percebeu quando pegou no sono, com a cabeça no colo de Dulce. Esta olhou para Alfonso que estava sentado a sua frente, com o olhar desesperado.

- Poncho... – o chamou e despertou de um estado de transe. – Tem uma caixa de remédio no banheiro. Pega lá, por favor?

- Claro. – levantou-se e foi rápido procurar pelos remédios. Levou-os para a ruiva, que procurou algum antitérmico. Acordaram Anahí por um instante e a medicaram, deixando-a no sofá outra vez.

Ambos, bebendo um café recém preparado e fumando cigarro, conversavam sobre o ocorrido. Alfonso explicou um pouco mais de detalhes para Dulce.

- Ele comprou o juiz. Não existe isso de tirar um filho da mãe, a não ser que a mão espanque o filho... – conversavam com as vozes baixas na cozinha.

- E o que acontece é o contrário, né. – Dulce quis mencionar as agressões de Christopher contra Anahí e até mesmo Ana Paula.

- Se ela concluísse as denúncias contra os ataques dele, ele não teria nem chances de ter a guarda da Ana Paula.

- Nem com o dinheiro que ele tem? Ele é muito rico, Poncho...

- Teríamos que saber usar as provas contra ele. Mas nem essa guarda provisória ele conseguiria. Não com a suspeita de ser violento.

Dulce o fitou de lado, passou os olhos em Anahí que continuava a dormir exausta e tragou o cigarro.

- Eu não sei o que fazer, Dulce... – lamentou-se, passando a mão pelo cabelo.

- Poncho... – ela chamou sua atenção. – A Anahí tem umas coisas pra provar as agressões...

- Que coisas? – ergueu os olhos curiosos.

Dulce o chamou com o dedo até o quarto. Como freqüentava o apartamento desde o começo e ajudara até com a mudança, sabia onde Anahí guardava seus pertences. Pediu pra que ele puxasse uma caixa de papelão que ficava sobre o armário do quarto e, quando deixaram no chão, ela abriu. Tirou alguns livros e outras bugigangas até encontrar pacotes de revelação de fotos. De um deles, tirou uma porção de fotografias e mostrou para Alfonso.

- Dulce... – ele ficou meio atônito ao olhar as imagens.

- Ela nunca chegou a abrir esse pacote de fotos. Eu achei quando estava ajudando na mudança.

As fotos eram de Anahí certamente após as agressões que sofrera. Tinha imagens de praticamente todas as partes do corpo machucadas, com hematomas, manchas rochas, avermelhadas, amareladas, azuis... Pernas, braços, costas, ombros, olhos, face...

- A mãe da Any tirou e revelou as fotos, mas daí ela achou melhor ir embora, ao invés de denunciá-lo. – a ruiva continuava a contar-lhe, enquanto Alfonso respirava rápido, tão abalado ao ver aquelas atrocidades. Nem parecia que era o corpo de Anahí que estava ali todo machucado. Sentiu um nó se formar na garganta e limpou o olho direito com as costas da mão.

- Acho que já está na hora dela ir até o fim com isso.