Fanfic: Teto de Vidro | Tema: AyA - Ponny - Any & Poncho.

Abriu os olhos, mas não conseguia ver nada nitidamente. Estava tudo turvo. O rosto parecia dolorido, a cabeça pesada... A energia do corpo esgotada. Lembrou-se do que havia acontecido e do que estava acontecendo. O pesadelo, mais do que nunca, era real.

Olhou pela sala e viu Poncho encostado à janela fumando. Dulce, que assistia televisão, percebeu quando Anahí acordara.

- Any...! – levantou da cadeira e foi até o sofá. – Você está bem?

- Não sei... – murmurou e sentou-se.

- Está com fome?

- Que horas são...?

- Quase seis. – respondeu depois que conferir em seu relógio.

- Nossa... Eu dormi o dia inteiro... – reclamou e coçou a cabeça, livrando o rosto de alguns fios de cabelo.

- Vou pegar alguma coisa pra você comer! – e foi até a cozinha, desviando de Alfonso que agora ia até Anahí.

- Está melhor? – sentado na beirada do sofá, ao lado dela, passou a mão por seu rosto. E ela balançou a cabeça negando. – Você estava com febre... – ele disse e pegou o termômetro que estava sobre a mesinha. Chacoalhou o objeto pra que a temperatura voltasse ao normal e posicionou sob o braço de Anahí.

- Poncho, tira isso daqui... – ela resmungou e empurrou o braço dele.

- Anahí, deixa eu medir sua temperatura. – insistiu bravo, driblando a mão dela. – Se quiser fazer alguma coisa pra ter a Ana Paula de volta, não pode estar doente, não é?

E ela só o mirou com o rosto fraco, baixando os olhos logo depois.

- Isso mesmo! – logo Dulce voltou com um prato de lasanha. – Coma alguma coisa também. – aproximou o prato e Anahí fez uma careta. – Desculpe, mas era a única coisa no freezer. Quer que eu saia pra comprar alguma coisa?

- Não...! Não precisa... – protestou e acabou pegando o prato.

Alfonso retirou o termômetro e conferiu que ela já não estava febril. Observou-a mexer na comida com o garfo, enrolando para finalmente comer.

- Vocês não precisam ficar aqui comigo... – ela voltou a falar e fez com que os dois rissem.
- Até parece que eu não iria ficar. – ele disse.

- Dar uma de durona não adianta nada, Anahí, pode parar... – e Dulce completou.

- Até a senhora Willow apareceu por aqui. – Alfonso voltou a contar. – Disse que se precisar, ela diz que você não está devendo nada.

- Mas que você tem que dar sua palavra que irá pagá-la. – a amiga ainda tentou tirar algum sorriso de Anahí, mas não conseguiu.

- Se fizesse alguma diferença...

- Ah, Anahí... O que é isso? Está desistindo? – ele a fitava, mas logo não tinha mais os olhos dela lhe dando atenção.

Dulce o cutucou e mexeu os lábios, sem emitir som, dizendo ‘as fotos’. Alfonso assentiu, lembrando-se que teria que tocar no assunto das fotografias e aconchegou o corpo no sofá, ao lado de Anahí. Esperou que ela comesse mais um pouco - tão pouco que o pedaço de lasanha parecia intacto – mas ela parou de mexer nos talheres outra vez, deixando escapar o som de choro.

- Any... – ele lamentou ao vê-la daquela maneira mais uma vez.

- Por que você não liga pra sua mãe, Any? – Dulce sugeriu.

- Não. Nem pensar. – tentava se fazer mais forte e limpou o rosto molhado. – Eu saí de casa pra cuidar da Ana Paula.

- Ela poderia te ajudar.

- Não, Poncho... – choramingou de novo e empurrou o prato sobre a mesa de centro, desistindo de comer.
Alfonso respirou fundo e passou os dedos pelo cabelo dela.

- A gente não pode fazer nada? Vou ter que sentar aqui e esperar até quando?

- Você sabe o que tem que fazer, Anahí...

Ela não havia entendido de primeira, mas logo a idéia veio em sua mente, deixando-a nervosa. – Que saco...! – resmungou ao sentir que estava prestes a chorar de novo.

- Se você entregar as fotos com os boletins de ocorrência, o Christopher não terá chance. – finalmente, ele disse a Anahí, e ela o fitou surpresa, desviando os olhos para Dulce depois.

- Desculpa por mexer nas suas coisas, mas lembra quando você me mostrou as fotos? – a ruiva se defendia.

- O que você tem a perder mostrando aquelas fotos, Any?

- Nenhum dinheiro no mundo vai convencer alguém de deixar uma criança nas mãos de um monstro!

- O Christopher vai ficar furioso, será que vocês não entendem?! – Anahí se exaltou e caminhou a passos pesados para o quarto, batendo a porta e deixando os dois para trás. Sabia que estava sendo geniosa em trancar-se. Aquilo não resolveria o problema, mas era Poncho, depois Dulce, e Poncho, e Dulce falando em sua cabeça, insistindo com aquilo. Ela ainda não estava disposta a fazer o que pediam. Ao menos, ela ainda não havia repensado na possibilidade.

Ambos suspiraram quando a sala tornava a ficar silenciosa.

- Eu preciso ir... Queria ficar, mas quando escurecer, eu preciso estar em casa.

- Obrigado por vir, Dulce. – Alfonso agradeceu.

- Não foi nada. – ela tentou sorrir. – Qualquer coisa, me liguem. – pegou seus pertences e caminhou em direção à saída.

Alfonso abriu a porta do quarto em que Anahí havia entrado momentos antes, com cuidado, espiando por uma fresta. Encontrou-a outra vez deitada, mas agora sobre a cama e encolhida. Em qualquer outro momento, Poncho não perderia a chance de deitar ao seu lado e ficar o mais próximo possível, mas agora ele o faria especialmente. Sentia, mais do que nunca, protetor daquela meio mulher madura, meio garota apaixonada, que agora procurava por um aconchego que tirasse a aflição que sentia.
Bem, ele estava ali para isso, dando-lhe um beijo na nuca e abraçando-a com um dos braços.

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