Fanfic: Teto de Vidro | Tema: AyA - Ponny - Any & Poncho.

- Eu já falei pra ele que talvez isso não vá adiantar. – ela olhou de lado para Poncho, imaginando que ele ficaria irritado com o que dizia. – O Christopher tem muito dinheiro. Uma herança gigantesca desde os avós dele.

- Olha, Anahí, política é barra pesada. Às vezes é pior lidar com um político corrupto, do que um assassino brutal. O que mais vejo é propina, grandes nomes dando dinheiro por absolvição. Mas a lei é única e justa se soubermos usá-la. – pigarreou e voltou a falar, tendo os olhos atentos de Anahí e Alfonso. – Não quero criar falsas esperanças. O processo pode ser lento, mas o direito é completamente seu de ter a guarda de sua filha.

- Mas... – ela tentou.

- É só você dizer que sim, que eu levo o que é preciso até um juiz e você será chamada pra depor.

- Até isso acontecer, a Ana Paula continua com ele? – Alfonso perguntou.

- Creio que sim. Até pedirmos que anulem a guarda provisória, vai demorar.

Anahí passou a mão pela testa, limpando o suor frio que aparecia enquanto tocavam naquele assunto. – Como pode a Ana Paula ficar com ele? Nem sei onde estão, se estão alimentando-a, levando-a à escola... 

- Definitivamente, ele não pode sumir com a menina. Podemos dar um jeito nisso.

- Tem algum jeito rápido de eu ver minha filha? – perguntou preocupada e ansiosa.

- Tão rápido, não sei...

- Anahí tem medo que façam uma lavagem na cabeça da menina. – Alfonso contou.

- Verei o que posso fazer. – Umberto sorriu. – Mas não se preocupe.

Os três conversaram por mais um tempo, voltando aos assuntos da vida de Alfonso, mas nenhum dos dois pegou pesado com os comentários. E mesmo que a tensão começasse a se formar, Anahí já a quebrava, deixando Umberto confortável.

- A conversa está muito agradável, mas eu preciso ir. – disse, afastando a cadeira com as pernas.
- Você vai ficar aqui até quando? – Alfonso perguntou.

- Vou embora amanhã de manhã, por isso preciso agilizar as coisas. Quero saber quem está envolvido no caso. – ele mesmo assentiu e caminhou para a porta dos fundos, que não tinha acesso à loja. 
- Muito obrigada, Umberto. E foi um prazer conhecê-lo. – Anahí apertou a mão dele e ele respondeu com um meio abraço, menos formal.

- O prazer foi meu, Anahí. Espero ajudá-la. – olhou para Poncho e continuou a sorrir. – Tchau, filho. – bateu no ombro dele e saiu de vez.

Quando fechou a porta, Alfonso soltou uma boa quantidade de ar pela boca, mostrando-se aliviado da tensão.

- Apesar de ter sido um pouco sem educação, você se saiu bem. – Anahí disse em tom de brincadeira, enquanto recolhia a louça.

- Você queria que eu fizesse o que?

- Seu pai não tem culpa pelo acidente e você sabe disso. Está condenando-o por algo que ele não fez.

- Não é simples como você diz.

- Eu sei que não é, mas você não é mais um garoto imaturo que vai ficar batendo o pé. – caminhou até ele, que estava encostado na pia, esperando para começar a lavar os pratos. Passou os dedos sobre as sobrancelhas dele que estavam contraídas e deixavam o rosto sério, deslizando as mãos para cada uma das bochechas, segurando todo o rosto com ternura. – Você não acha que já foi tempo o suficiente pra essa mágoa acabar?

Alfonso aproximou o rosto do dela e a beijou de leve. E ainda com os lábios roçando no dela, ele disse. – Eu te amo, sabia?

Anahí sorriu assim que o ouviu falar e o beijou igual a antes. – Sabia... – e de novo, de novo e de novo encostava a boca na dele, repetindo o beijo.

Ao deitarem na cama, Anahí com a cabeça sobre o peito de Alfonso, ela se perguntou como Ana Paula estaria sem ela, o que deveria estar fazendo, pensando, se estava com medo, ou se estava gostando do que estava vivendo agora, seja lá onde estivesse... Christopher poderia ter feito as piores maldades no passado e continuado a atormentá-la até hoje, mas ela preferia acreditar que ele seria gentil com a filha. Era o que ela podia fazer no momento.

Alfonso sentiu o corpo de Anahí tremer e olho pra baixo, vendo que ela passava a mão no rosto rapidamente.

- Any... – disse num lamento. – Você está chorando?

- Não... – mentiu inutilmente.

Ele apertou os braços nela e esfregou a mão no braço dela, num ato de tentar aquecê-la.

- Aposto que a Anapau deve sentir você por perto, então porque não pensa em coisas boas? Diga a ela o quanto você a ama e que logo vocês vão estar juntas de novo...

Anahí fechou os olhos e começou a fazer o que Poncho havia dito. Lembrou dos abraços, de quando fazia Ana Paula dormir, quando sentavam no chão pra brincar de boneca... E pegou no sono sem nem perceber.