Fanfic: Laços de Vingança [Adaptado] -FINALIZADA- | Tema: Portiñon
Na manhã seguinte, alguém puxou as cobertas e Anahí sentiu o impacto do ar frio. Assustada, abriu os olhos e viu Dulce totalmente vestida num blazer escuro e bem cortado.
- Que horas são?
- Sete. E como uma boa esposa, vai levantar-se e tomar café comigo - ela avisou, tirando-a da cama e empurrando-a para a frente do espelho da penteadeira. - Penteie os cabelos, lave o rosto e desça.
Arrepiando-se de frio e atordoada com o despertar abrupto, Anahí balançou a cabeça numa tentativa de clarear as idéias. Gostava de acordar lentamente, em silêncio e na penumbra.
- Não costuma sair da cama à esta hora, não é? - Dulce sorriu, colocando a escova de cabelos em sua mão.
- Não tenho um robe.
- Use o meu - Dulce sugeriu, segurando a peça de roupa para que ela a vestisse. Dedicada, Dulce amarrou a faixa em torno de sua cintura e dobrou as mangas.
- Estou ridícula.
- Quem se importa?
Empurrada para o banheiro, Anahí gemeu. Não dormira quase nada, e agora a tortura começava ao romper do dia. Qual era o problema com Dulce? Haveria uma espécie de gene da insanidade entre os Terzakis? Já não havia lhe dado aquilo que ela dissera querer? Não a deixara em paz, não se colocara fora de seu caminho? A maioria das esposas infiéis morreria por essa liberdade. Por que Dulce começava subitamente a exigir que ela fizesse coisas típicas de uma esposa, como dividir a cama e a mesa do café?
- Não estarei em casa esta noite - ela informou.
Anahí não se abalou. Na verdade, gostaria de saber por que ela estava tendo o trabalho de avisá-la.
- Estarei em Genebra até amanhã - O silêncio prolongou-se. - Tem algum interesse em meus movimentos? - Dulce perguntou em voz baixa.
Nenhum. Não se permitiria esse tipo de interesse. Queria pensar em Dulce como a tia de Nicky, não como sua esposa. Na verdade, recusava-se a pensar nela nesse papel.
- Quer que eu tenha algum interesse? - ela devolveu, os olhos verdes inexpressivos. Dulce encarou-a por alguns instantes. Em seguida suspirou e balançou a cabeça.
- Até amanhã.
- Dulce... - Anahí chamou, disposta a fazer a pergunta que bailava em sua mente há dias. - Quando Alex pretende vir ver Nicky?
- Ele tem toda a liberdade para vir quando quiser - Dulce respondeu, sem ocultar a surpresa. - Eu o convidei para uma visita no dia em que nos casamos.
- E por que ele não vem? Por minha causa?
- Não sei. É evidente que não será um encontro muito fácil para nenhum de vocês. De qualquer maneira, um pouco mais de honestidade de sua parte poderia simplificar a situação.
- De minha parte?
- Estou preparada para aceitar que não sabia sobre o casamento de Alex. Mas não acredito que ele tenha pedido a mão de sua irmã...
- Mas ele pediu!
- Ou - Dulce prosseguiu – Que a tenha deixado sem meios de sobrevivência.
- Pois foi o que ele fez.
- Não acredito. O dinheiro seria a maneira mais rápida e fácil dele apaziguar a própria consciência. Alex sabia que o cheque que eu assinei nunca foi descontado. Quando decidir reconhecer a verdade sobre esse caso, talvez eu comece a pensar que chegou o momento de encorajar uma visita de meu irmão.
- Não estou mentindo - Anahí insistiu irritada, sabendo que não conseguiria convencê-la de sua inocência sem apresentar provas. E por que isso a incomodava? Seria por que a opinião dela importava? A resposta afirmativa a abalou profundamente.
- Estou disposta a fazer certos sacrifícios pelo bem de Nicky.
- Sacrifícios? - ela repetiu sem entender.
- Sou obrigada a admitir que ama aquela criança de verdade, e reconheço que será uma mãe melhor do que qualquer outra mulher com quem eu pudesse ter me casada. Por isso, decidi fazer tudo que estiver ao meu alcance para fazer esse casamento dar certo.
- Posso imaginar. Você até jantou em casa ontem à noite! - Anahí comentou com sarcasmo.
- Espero que contribua com o mesmo tipo de esforço - Dulce concluiu, ignorando a provocação.
- Não nos seus termos.
- É assim, ou não é.
Anahí sabia que não sobreviveria às condições impostas por Dulce. Ela estava dizendo que pretendia tê-la em sua cama definitivamente. Um gesto magnífico, um sacrifício incomensurável!
Estava disposta a aceitá-la como sua esposa. Anahí podia entender a raiva e indignação que a invadiam, mas... Por que a dor?
- Não posso aceitar seus termos - ela sussurrou.
Partilhar de sua cama e entregar-se ao desejo sem amor, respeito ou fidelidade acabaria com o respeito que tinha por si mesma. A humilhação não seria aplacada nem por uma possível gravidez.
A amargura e o ressentimento acabariam triunfando, e nenhuma das duas poderia ser feliz em tais circunstâncias.
- Se não aceitar meus termos, pedirei o divórcio - Anahí a encarou arrasada. Dulce encarou-a de volta, impassível. - E tomarei todas as providências para que Nicky fique comigo – ela completou.
- Não pode fazer isso!
- Como você mesma disse certa vez, o dinheiro fala alto. E de acordo com o acordo pré-nupcial que assinou, não terá direito a absolutamente nada.
Jamais sonhara que Dulce pudesse ser tão cruel, e estava realmente perplexa com o emprego de táticas tão baixas. Ela atacava sua maior fraqueza sem nenhum remorso! Sabia o quanto amava Nicky, e estava usando esse sentimento como uma marreta para esmagar uma noz. Tentando entender o motivo de tanta insistência para tê-la em sua cama, Anahí lembrou-se do que ela dissera sobre o futuro.
- Se quer ter filhos, podemos usar um método de inseminação artificial.
- Seria uma soluçao.
Temendo que ela partisse para a agressão física, Anahí encarou-a com aparente frieza, apesar da agitação que crescia em seu interior.
- Não quero dormir com você - ela afirmou. - Não estou preparada para esse sacrifício.
- Sua...Víbora! - Dulce explodiu, fitando-a com um brilho furioso nos olhos.
- Não sei por que tem de encarar tudo isso de maneira tão pessoal. Não nutrimos sentimentos uma pela outra. Não somos como outros casais.
- Pois eu tenho sentimentos muito fortes por você! - Dulce exclamou, arrastando-a de volta à cama. - Somos casadas. Você é minha esposa, e quero fazer amor agora!
- Tenha certeza de que, se alguma coisa acontecer nesta cama, será estupro!
Dulce abriu o robe que ela vestira sobre a camisola como se não a escutasse.
- Jamais a perdoarei se fizer isso, Dulce!
- Não... - ela sorriu. - Não perdoará a si mesma. As únicas coisas entre nós são seu orgulho e sua necessidade de manter o controle. E em minha cama você perde o controle.
Assustada com seu poder de percepção, Anahí encarou-a com olhos brilhantes.
- Odeio você!
Ela empurrou o robe sobre seus ombros.
- Não acredito. Acho que está assustada com a intensidade do seu desejo por mim.
- Isso é o que gostaria de acreditar... .
- Essa é a verdade - Dulce insistiu, tirando o blazer e jogando-o no chão. - Você me excita, Anahí. Não pode esperar que eu não tenha percebido que também me quer.
- Não quero!
- Nossa noite de núpcias foi inesquecivelmente erótica - Dulce lembrou enquanto despia a camisa. - Não consegui pensar em outra coisa durante as duas semanas seguintes. Na verdade, só preciso pensar em como é ter meus dedos dentro de você e...
- Cale a boca!
Dulce sorriu, a irritação banida pela luxúria.
- E a surpresa de encontrar uma mulher de sua idade tão tímida e inocente foi encantadora. Por que ainda era virgem?
- Porque tomei o cuidado de manter-me longe de suínas como você!
- Acho que estava esperando por mim. Sabia que eu faria parte de seu futuro.
- Se eu soubesse, teria entrado em seu escritório com uma metralhadora.
- E eu teria me sentido ainda mais atraída. Durante toda minha vida, as mulheres não pouparam esforços para agradar-me. Fui perseguida, encorajada e adulada por todas as garotas que conheci, desde os quinze anos de idade.
- Sua porca convencida!
- Então você apareceu e fui desafiada pela primeira vez. Acredite, foi um grande desafio manter minhas mãos longe de você até a noite de núpcias. Não queria que desistisse. Por isso desapareci nas três semanas que antecederam o casamento. Passei noites imaginando como seria possuí-la, mas a realidade superou todas as fantasias.
- Dulce, não... - ela murmurou, vendo-a deslizar o zíper da calça.
O telefone começou a tocar e ela tirou o fone do gancho sem soltá-la.
- Tire as mãos de mim!
- Precisei de algumas semanas para habituar-me à idéia do casamento - ela prosseguiu, como se não a escutasse. - Algumas semanas para perceber que minha esposa era a amante perfeita. Alguns ajustes mentais... E aqui estou eu. Descobri que não suporto ser ignorada, sabe?
Anahí não sabia sobre o que ela estava falando. Parecia estar sugerindo que evitá-la havia sido parte de um plano bem traçado para atraí-la. Prestes a esclarecer mais esse mal entendido, ela entreabriu os lábios e Dulce aproveitou o momento para beijá-la.
O beijo provocou uma reação intensa que Anahí tentou ignorar, agarrando-se à imagem dela grávida e infeliz, enquanto Dulce era perseguida, adulada e encorajada por outras mulheres. Virando a cabeça, ela disparou:
- Não quero ficar grávida!
- Concordo - ela sorriu. - Pelo menos por um ano. Não vamos pensar nos métodos. Não quero ter de interromper... Isto - e beijou-a novamente, desta vez de forma ainda mais íntima e provocante.
Anahí estremeceu, invadida por um calor incontrolável. Se fosse capaz de ficar inerte como uma boneca, Dulce a deixaria em paz. E queria que ela a deixasse em paz, não?
Uma das mãos estava em seus cabelos, a outra sobre um ombro, e não sabia como elas haviam ido parar onde estavam. Queria tocá-la, queria tanto estar em seus braços, que a idéia de afastar-se era como uma dor física.
Dulce despiu-se completamente, deitou-se de costas e abriu os braços.
- Venha - chamou.
E Anahí obedeceu.
Dulce esperava rendição incondicional. Sabia disso, odiava seu tom autoritário, mas sentia-se incapaz de lutar. As mãos de Dulce viajavam por seu corpo numa exploração lenta e audaciosa, e os lábios a atormentavam com o tipo de experiência erótica contra a qual era indefesa.
As necessidades de seu próprio corpo a empurraram por um caminho sem volta, uma estrada cujo final guardava a mais rica e completa das experiências. E Anahí entregou-se às deliciosas sensações despertadas pelas mãos de Dulce, embriagada pela paixão.
Dulce fazia amor como se não houvesse amanhã, e cada vez que encontrava o clímax, a satisfação era ainda maior e mais completa...
Anahí acordou sem saber sequer que dia era. Cinco horas na cama com Dulce eram suficientes para acabar com suas certezas. Tinha uma vaga lembrança de tê-la visto vestindo-se antes de adormecer. Vestira-se apressada, mas reservara alguns instantes para apreciar a fêmea satisfeita deitada em sua cama.
Anahí encolheu-se. Dulce saíra do quarto com passos firmes, revigorada pela sessão de amor, e ela retribuíra seu sorriso com a certeza de ser a mais feliz e abençoada dentre todas as mulheres.
O desejo destruíra sua inteligência. E não podia mais atribuir sua reação intensa a uma experiência de adolescente. Não era tão simples. Estava apaixonando-se por Dulce, e tão rapidamente que já podia ver a devastação e a infelicidade no fim do caminho.
Agora sabia por que se sentira tão ferida quando ela a chamara de mentirosa. Sabia por que não fora capaz de combatê-la. Num nível profundo e inconsciente, já a queria a ponto de aceitar qualquer coisa. Quando e como havia acontecido? Como pudera apaixonar-se por uma mulher como Dulce Terzakis?
Mas ela era fantástica na cama, e agora Anahí teria de conviver com essa nova e desconhecida faceta de sua personalidade, esse lado sexualmente intenso que era despertado pela simples presença de Dulce. Talvez não fosse amor, mas uma simples atração física. O que sabia sobre o amor? Nada. Uma intensa paixão aos dezesseis anos, e depois o mais completo deserto emocional.
Não, não era amor. Apenas seus hormônios entrando em erupção após um longo período de dormência.
Anahí levantou-se da cama e sentiu o corpo todo doer. Dulce era uma maníaca, e a tratava como uma dessas garotas loucas por sexo. Casara-se com ela contra sua vontade e depois a informara de que seria a amante perfeita! Cada movimento que fazia era distorcido por seu ego super desenvolvido. Dulce era tão primitiva, tão elementar, que devia estar extinta!
Mas Dulce a queria... Sim, ela a desejava, e a desejaria enquanto não percebesse que deixara de ser um desafio. Se deixasse de fazer oposição às suas investidas, perderia o sabor de novidade e passaria a fazer parte da interminável lista de conquistas do passado. Ser casada com Dulce, agora percebia, era como ter um caso.
Estava saindo do quarto de Nicky quando Claudine e Henri, o valete inexpressivo de Dulce, surgiram.
- Encomenda especial, madame - ele informou, estendendo um pacote em sua direção.
- Para mim? - Anahí estranhou, rasgando o papel dourado que escondia uma caixa de veludo negro. Ela abriu o fecho brilhante, arregalando os olhos ao ler o cartão preenchido pela inconfundível letra de Dulce. "Pelas cinco horas mais fantásticas que já vivi... Também posso ser romântica."
Sob o cartão havia um lindo colar de diamantes. Anahí sentiu os olhos queimarem. Também podia ser romântica... O diabo que podia, ela pensou com amargura e ressentimento. O que havia de romântico em ser recompensada por tê-la satisfeita na cama? Ela não sabia ser romântica, simplesmente porque nunca tivera de preocupar-se com isso.
Consciente dos olhares curiosos e dos pescoços esticados, Anahí guardou o cartão no bolso e virou a caixa para que os criados pudessem admirar a jóia.
- Oh! - Claudine murmurou extasiada.
- Magnífica! - Henri comentou com ar impressionado.
- Deixe-me ajudá-la, madame - Claudine ofereceu.
Um minuto depois Anahí tinha os diamantes em torno do pescoço. Tudo pelas aparências.
Felizmente a audiência cansou-se rapidamente de admirá-la e, aliviada, ela voltou para perto do berço de Nicky.
- Ela não só é incapaz de ser romântica, como também é insensível. E como se estivesse pagando, entende? Dulce devia ter mandado flores, ou um bilhete com algumas palavras doces...
Meia hora mais tarde, Anahí havia terminado de retocar a maquiagem borrada pelas lágrimas quando Henri anunciou uma visita. Madame do Pré.
A mulher que atravessou o salão em sua direção a fez perder o fôlego. Muito alta e esguia, os cabelos negros presos à moda das bailarinas, as roupas elegantes... Não só era bonita, como evidentemente requintada. Um sorriso polido distendeu seus lábios finos quando ela estendeu a mão pálida.
- Sou Elise. Espero poder chamá-la de Anahí.
- Elise - Anahí repetiu perturbada. - Por favor, sente-se.
- Vejo que não se sente em condições de receber visitas. Lamento incomodá-la num momento tão inoportuno.
- Oh, eu almocei há horas - Anahí respondeu, incapaz de compreender por que não estaria em condições de receber uma visita.
- Nós duas sabemos que não estou me referindo à hora do dia. Conheço Dulce há tanto tempo que considero-me uma amiga da família - ela suspirou, acomodando-se numa das poltronas. - Não fosse por isso, não teria vindo até aqui para oferecer ajuda.
- Desculpe... - Anahí respondeu confusa, sentando-se diante dela. - Sua ajuda?
- Odiaria que considerasse esta minha visita um ato de invasão.
- Oh, não, você é muito bem-vinda.
- Obrigada. Se ao menos houvéssemos nos conhecido em circunstâncias mais amenas... Desculpe se sou rude, mas sei a que tipo de tratamento Dulce a está submetendo. Deve estar se sentindo sozinha, isolada, humilhada...
- Devo?
- Anahí - Elise sorriu com ar piedoso. - Paris inteira está lendo a notícia ultrajante nas colunas sociais. Não precisa fingir para salvar as aparências, querida. Estou aqui para oferecer minha amizade e ajudar no que for possível. Os jornais têm se comportado de forma atroz, mas Dulce procurou toda essa publicidade quando desonrou o nome da família.
Anahí não tinha idéia do que Elise estava dizendo. Jornais? Não havia lido um deles desde o dia do casamento. Normalmente preferia os noticiários da televisão, e por isso não percebera a ausência de um informativo diário. Dulce procurara publicidade... Notícia ultrajante?
- Sim, acho que tem razão - ela sorriu, tentando esconder a própria ignorância.
- Ela devia ter sido mais discreta. Sei que oferecer conselhos pode parecer arrogante...
- Não, eu adoraria contar com seus conselhos.
- Diga a Dulce que não vai suportar esse tipo de comportamento. Ela pode ter preferido manter o casamento fora dos noticiários, mas é evidente que toda a sociedade sabe sobre o enlace. Aparecer com uma variedade de mulheres diferentes em locais públicos é o mesmo que pedir a atenção da mídia.
Mulheres diferentes... Locais públicos... Atenção da mídia... As frases chaves brilhavam na escuridão de sua perplexidade.
- Estou surpresa. Não imaginava que Dulce pudesse descer tanto.
- Pois eu não me surpreendo - Anahí respondeu subitamente firme.
Elise encarou-a com ar preocupado.
- Estou disposta a conversar com ela em seu nome e chamá-la à razão.
- E muita gentileza sua, mas não preciso desse tipo de ajuda. - Anahí levantou-se e ofereceu um sorriso frio. - Foi um prazer conhecê-la, Elise. Vivien havia dito que eu ficaria impressionada, e devo admitir que ela estava certa.
Elise levantou-se, a pele pálida tingida por um intenso rubor.
- Mas eu...
- Henri! - Anahí chamou, certa de que ele estava em algum lugar próximo.
- Receio tê-la ofendido - Elise comentou, parecendo desanimada.
- Ah, Henri! Por favor, acompanhe Madame do Pré até a porta.
- Dulce ficará furiosa quando souber disso...
- Acho que não.
Tremendo violentamente, Anahí viu Elise sair de cabeça erguida, a imagem da dignidade ofendida. Assim que Henri retornou, ela exigiu:
- Quero ver os jornais das duas últimas semanas. - O valete empalideceu.
- Todos, madame?
- Acho que sabe quais são os mais importantes - ela respondeu, virando-se para esconder a perturbação que sabia estar estampada em seu rosto.
Todos sabiam... Todos, menos ela. Por isso Vivien gritara com Dulce. E Dulce supunha que ela também soubesse. Agora entendia o que ela tentara dizer com aquela história de sentir-se desafiada, de não suportar ser ignorada.
Claudine trouxe os jornais e saiu em seguida. Todos os empregados lamentavam a sorte da pobre noiva, traída menos de vinte e quatro horas depois do casamento!
A primeira foto mostrava Dulce jantando com uma loira; na segunda ela dançava com uma morena. Anahí parou, incapaz de olhar as fotos seguintes. Estava ultrajada, tomada pela dor. Dulce a forçara a entregar-se na noite de núpcias e depois a expusera ao ridículo saindo com outras mulheres. Prevenira-a sobre a necessidade de ser humilde para permanecer casada com Dulce, e não havia exagerado.
Atônita, ficou sentada com os olhos perdidos na distância, invadida por um sentimento de traição tão poderoso que era como se nada mais existisse.
Henri aproximou-se alguns minutos depois para avisar que havia um telefonema para ela. Era Vivien. Sentia-se sozinha em seu apartamento e adoraria recebê-la para jantar.
- Ótima idéia - Anahí respondeu atordoada.
Uma hora mais tarde Henri apareceu novamente, e desta vez estendeu o telefone como se fosse uma arma ofensiva.
- A senhora Terzakis - disse.
Anahí apanhou o aparelho com um gesto brusco, tomada pelo ódio.
- Como vai? - Dulce perguntou com tom íntimo.
- Pior impossível!
- Não sei se entendi...
- Esta tarde vi meu primeiro jornal em treze dias. Foi realmente... Impressionante!
- Então não sabia? - Dulce perguntou surpresa.
- Parece que eu era a única a ignorar, não?
- Posso explicar.
- O que Vivien fez com seu pai não foi nada comparado ao que sou capaz de fazer!
- Estou indo para casa...
- Não estarei aqui - ela avisou. - Esta noite irei à cidade. Se quer guerra, vai ter guerra. Você pode dançar ate a madrugada? Eu também posso! Pode dormir em camas variadas? Eu também. Não há nada que possa fazer que eu não seja capaz de retribuir, sua... Sua... O nome Terzakis será um apelido para as mulheres da noite. Estará de joelhos, implorando pelo divórcio, antes de eu terminar o que pretendo fazer!
- Se for à cidade... Se tiver a ousadia de sair...
Anahí desligou. Jantar com a sogra... Não era um programa adorável? Especialmente se, durante a sobremesa, pudesse ter certeza do desespero de Dulce.
E então ela surpreendeu-se com as próprias lágrimas, o ódio dando lugar à mais profunda infelicidade que jamais experimentara. Deus, por que havia dito todas aquelas coisas idiotas e infantis? Por que descera ao nível dela? Porque quisera feri-la... Porque amava a cretina! E como podia amar alguém assim? Como uma mulher em sã consciência podia amar um monstro?
Autor(a): MahSmith
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- Você conviveu com o canalha durante vinte anos! Por que não o envenenou? – Anahí perguntou entre um gole e outro de champanhe. - Por que não usou um chicote e uma cadeira para obrigá-lo a aceitar alguns princípios morais básicos? - Vivien parecia devorada pela culpa. - Nunca pensei que Dulce pudesse comportar-se assim. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 9
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tammyuckermann Postado em 06/09/2015 - 01:56:15
Plmds vc tem q continuar com essa fanfic, escreve mais capítulos e uma segunda temporada com mais de 10 capítulos pffff ameeeii sua fanfic *-*
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vverg Postado em 30/03/2014 - 21:41:15
Gostei..pena que foi curtinho.. =)
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juhdul7 Postado em 29/03/2014 - 13:53:35
Estou adorando!! Louca pra saber o q vai acontecer!!
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vverg Postado em 27/03/2014 - 12:13:02
Estou adorando sua adaptação Mah.. Envolvente esta estória =)
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vverg Postado em 25/03/2014 - 09:04:05
Ei Mah essa adaptação está legal hein, eu li parte do livro..rsrsrs
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beyonceyrihanna Postado em 23/03/2014 - 22:36:29
Ameeeeei, posta mais :)
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vverg Postado em 23/03/2014 - 22:12:46
Estou adorando a fic.. Poste +++ =)
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du1c3_m4r14 Postado em 23/03/2014 - 16:58:27
ta muito bom, continua ....
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night Postado em 23/03/2014 - 10:40:40
leitora nova posta mas vai ta muito bom mesmo posta mas hoje