Fanfic: Todas contra Ucker (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Por Maite.

Para mim, era simplesmente impossível estudar com todo aquele barulho. Não se fazem mais monitores de bibliotecas como antigamente, cadê as pessoas responsáveis por manterem os alunos em silêncio nisso aqui?

Ou melhor, cadê o respeito dos alunos por aqueles que querem aprimorar seus cohecimentos? A verdade é que os discentes dessa universidade acham que isso aqui virou ponto de encontro, de pegação. E nesse momento, um casal "conversa" no corredor de física quântica.

Sem falar do grupinho de acéfalos do time de futebol, que estão sentados a três mesas vazias de distância de mim. Christian Chávez estava no meio e não era nenhuma novidade que liderava as piadas sujas, fazendo os outros babacas gargalharem.

"Os movimentos sindicais são um movimento social de associação de trabalhadores assalariados para a proteção dos seus interesses. Ao mesmo tempo, é também uma doutrina política segundo a qual..."

Uma chuva de gargalhadas interrompe minha leitura. Droga. Fuzilo os jogadores com os olhos e imagino todos amarrados com as mãos pra trás das cadeiras e fitas adesivas na boca.

Vou ter que recomeçar, que saco.

"Os movimentos sindicais são um movimento social de..."

Mais uma chuva de gargalhadas e dessa vez, mais alta.

"Os movimentos sindicais..."

Hahahahahahaha.

"Os movimentos..."

Hahahahahahahahahaha.

"Os movi..."

Hahahaha.

Ok, desisto. O que minha biblioteca virou, um palco de stand up? Não é possível que Christian seja tão engraçado assim. Levanto o olhar, saindo do meu livro de Sociologia. Quatro deles, de um total de sete, estão me olhando com sorrisinhos maliciosos. Christian encara a mesa vazia com um sorriso contido, daqueles momentos em que somos obrigados a prender uma risada das boas.

Qual é a graça? Estou com o rosto sujo? Um bigode de iogurte? Mas eu nem bebi meu iogurte hoje.

O loiro inclina o corpo na direção dos amigos, chamando os babacas com a mão. Eles fazem uma rodinha, com os rostos bem próximos e cochicham entre si. Eu queria ser uma mosquinha, só nesse momento.

- Não pode ser. - Sussurra um deles e olha pra mim.

- Isso é caô.

- Mentira das pesadas. - Acrescenta outro, balançando a cabeça em negação.

- Ela nunca faria isso.

Agora sei que estão falando de mim. O uso da terceira pessoa do singular indica que sou eu. Os olhares indicam mais ainda.

- Tô falando a verdade, pra que eu ia mentir? - Chris murmura, sem fazer a mínima questão de falar baixo. Ele ainda da aquele sorriso esnobe que me faz encher de raiva.

Já chega. Levanto da minha cadeira, afastando-a com rapidez e vou caminhando a passos largos até a mesa deles. Quando me olham, estão surpresos e risonhos. 

- Você é um babaca cretino! - Aumento meu tom de uma forma que nunca usei numa biblioteca, na verdade quase nunca uso em situação nenhuma. Mas pessoas idiotas exigem atitudes idiotas.

Todo mundo ri quando Chris leva a mão até o peito fingindo inocência.

- É o ser humano mais desprezível que já conheci! - A raiva começou a queimar em meus olhos e senti ódio de mim por sempre ter vontade de chorar nesses momentos.

- O que eu fiz, posso saber? - Ainda faz voz de inocente, o sonso.

- Está espalhando pra todo mundo que transou comigo! - Gritei. - Até pra esses babacas aí, por isso que eles estão rindo da minha cara! Tudo bem, eu transei com você, fiz a maior burrada da minha vida, mas será que você pode fechar essa sua boca nojenta e fingir que eu não existo?

Quando finalmente me calei, todo mundo estava com a boca e os olhos escancarados. A surpresa era comunitária. E eu olhei um a um com o nariz em pé, exatamente como Annie fazia.

Eu já podia ouvir a fofoca se espalhando pelos corredores. "A aluna prodígio Maite Perroni transou com o aluno babaca Christian Chávez e assume isso aos quatro ventos de New Faith". Essa seria a capa do meu próprio jornal de amanhã.

Christian apenas levantou, me pegou pelo braço e saiu dali comigo, deixando todos aqueles olhares curiosos pra trás. Ele abriu a porta da biblioteca e o corredor estava vazio.

- Me solta! - Puxei meu braço, arrumando a manga da blusa de botões.

- Mas que por/ra...? - Começou, mas sua voz se perdeu no caminho.

- Você é um lixo. - Sussurrei, podia se ouvir a mágoa em minha voz.

- Que merda você tem na cabeça, Mai?

- Você só pode tá brincando. - Neguei, rindo de nervoso e ironia. - Você é um aproveitador barato! - Bati com as mãos em seu peito, lhe empurrando e ele segurou minhas mãos antes da segunda vez, me encarando atônito.

- Eu pensei que estivéssemos de boa, cara... - Os olhos de Christian pareciam dizer que ele simplesmente não entendia nada. Ainda estava surpreso.

- Devia ser ator, sabia?

- É sério, Maite. Você apareceu no meu quarto querendo ficar comigo, a gente teve uma parada super maneira e eu pensei que podíamos sair um dia e tal... Mas agora, tu quer me matar, é isso?

- Quero. - Assenti, convicta.

- Posso ao menos saber porquê? Acho que tenho esse direito. - Pediu, cruzando os braços e erguendo as sobrancelhas.

- Claro que pode. - Suspirei. - Você estava se gabando para os seus amiguinhos que transou comigo e eles não paravam de me encarar e rir da minha cara.

- Não Mai, não. - Chris riu. - Cê entendeu errado. Eu tava te zoando, aí fiquei contando umas piadinhas de nerds e falando pra eles olharem pra você e rirem, que tu ia ficar pu/ta. Parece que deu certo, né.

O quê? Eu fiz aquele show por causa disso? Só por causa disso?

- Não acredito. - Sussurrei, em choque. - Então porque eles estavam dizendo "isso é caô, mentira das pesadas"? - Engrossei a voz, imitando muito mal as vozes masculinas.

- Porque eu disse assim: "Maite Perroni esculacha no guitar hero e esculacha mais ainda na guitarra de verdade".

Minha boca se abriu num pequeno O.

- Como você sabe disso? - Perguntei baixinho.

- Eu conversava sobre você com o Ucker.

Pisquei os olhos diversas vezes, tentando afastar o choque. Qual era a curiosidade de Christian Chávez na minha vida? Nos meus hobbies?

- Eu tô ligado que eu não era nem de longe o cara certo, muito menos o que você tinha planejado, mas... Foi comigo, morena. E foi diferente. Pra mim, foi. Não foi uma burrada, beleza?

Ele beijou minha testa antes de sair. Virou as costas e seguiu pelo corredor completamente vazio, me deixando com meus pensamentos confusos.

E eu esperava que houvesse um livro que me desse uma explicação racional para o que acontecia dentro de mim naquele momento, porque eu nunca ia decifrar isso sozinha.