Fanfic: Todas contra Ucker (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Por Anahí.

Basta. Eu não esperaria nem mais um segundo. Já era de manhã! Eu estava despenteada, cansada, faminta, de saco cheio...

Olhei ao redor da sala. Maite estava dormindo no sofá e Lilly deitada no tapete abraçada com Sparks. Bufei alto e levantei da poltrona.

- Acho que já estou desnutrida. - Reclamei, pegando meu celular em cima da mesinha e cutuquei Lilly com a ponta do pé. - Vou comer alguma coisa...

- Ainda tem Doritos aqui. - Rebateu a morena.

- Que não seja feita de isopor. - Completei, caminhando até a porta. - Se a Dul chegar, me liga.

Enfim, eu estava vendo a luz do sol. Avistei uma padaria do outro lado da rua e senti o estômago roncar ao ver algumas pessoas tomando café fresco. Antes de atravessar, vi de relance meu reflexo e quase tive uma síncope. Que bruxa!

Dei dois passos para trás, voltando para a calçada, onde o vidro fumê do carro me serviu de espelho. Eu estava com tanta fome que sequer me arrumei antes de sair de casa.

Me abaixei um pouco para prender o cabelo num coque, mas antes de juntar os fios amassados no alto da cabeça, o vidro do carro começou a abaixar. Que vergonha...

- Rápido, entra aqui, se esconde. Dá tempo, ninguém te viu ainda.

Poncho! Agora o inferno estava completo.

- Você... - Rosnei, revirando os olhos e soltando as mãos do cabelo.

- Vai por mim, você tá horrível.

- Sua aparência também não é das melhores.

- Mas eu tô dentro do carro. - Disse, abrindo a porta do carona. - Anda, entra logo. Tá sol pra cara/lho.

Poncho esticou a mão até o painel do carro, pegando um óculos Ray Ban e colocando no rosto. Eu tinha que admitir: parecia um modelo da Calvin Klein.

- Você tá parecendo gente.

- Você não.

- Isso foi um elogio, seu grosso.

- Anda, Annie, entra logo no carro. - Poncho bufou, impaciente. - Você não tá bonita o suficiente pra ter medo de entrar no carro de um cara.

Bati o pé, irritada. Cruzei os braços e neguei com a cabeça.

- Ah, que isso... Eu tava brincando, linda. - Ele sorriu e esticou a mão até a minha. - Eu até que gosto de garotas bagunçadas, parece que eu acabei de fazê-las gozar.

- Você nunca terá essa honra.

- Deve ser uma bela visão. - Poncho mordeu o lábio.

Não controlei a risadinha, olhando pro lado para disfarçar.

- Você me deixa sem palavras.

- Queria mesmo era te deixar sem roupa. - Rebateu. - Agora entra.

Desisti de debater, dando a volta pela frente do carro e entrei. Fechei a porta com força e encostei no banco, encarando Poncho. Ele se aproximou, aspirando profundamente bem próximo a mim.

- Tá bagunçada mas tá cheirosa. - Sussurrou, rindo de leve.

- Já você... - Funguei, debochadamente.

Ele riu pelo nariz.

- Eu dormi aqui, fui meio que expulso de casa.

- Alfonso Herrera dormindo no carro? E suas meninas?

- Não sou do tipo que dorme de conchinha.

Preferi não responder. O silêncio se manteve, então Poncho deu partida. Pra onde, eu não sabia. Mas ia descobrir.

- Deixa eu adivinhar... - Murmurei. - Tá me levando pra um motel?

- Por que, você quer? Posso mudar a rota a hora que você quiser.

- É sério, me leva pra comer. - Pedi, rindo.

- Então, linda. Você vai engolir umas paradas... Algumas garotas gostam... Ah, quem eu tô enganando? Algumas não, todas gostam.

- Eu não, Alfonso. - Trinquei os dentes e virei o olhar para a janela.

- Aaaah, entendi a tua. Cê é caba...

- Cala essa boca! - Gritei, interrompendo e ele caiu na gargalhada.

- Falando em boca...

- Para!

- Não, é sério. - Continuou ele. - Eu tô lembrando de uma parada aqui. Uma loirinha muito gostosinha apostou comigo e perdeu...

Arregalei os olhos e minha boca se abriu de leve. Ah, não. Droga, pensei que Poncho já tinha esquecido isso.

- E... adivinha? Chegou a hora, baby.

- EU NÃO VOU TRANSAR COM VOCÊ! NUNCA!

- Que isso, gata. - Ele continuava com sua expressão divertida e maliciosa. - Por que tá pensando tão mal de mim? Nao vou mentir, eu até quero comer você e tal, mas... A gente precisa de pelo menos um encontro, né?

- O que?

- Eu não vou pedir pra você transar comigo, não quero ganhar isso como recompensa de uma aposta. O que eu quero é uma chance de você querer isso.

- Perda de tempo.

- Se você tem tanta certeza disso, não vai se importar, né?

O argumento era bom, admito.

- Chegamos. - Anunciou Poncho, tirando o cinto.

Estávamos no bosque da cidade, lugar mais lindo de New Faith. Green Park era um motivo de orgulho para os moradores daqui, conhecido como um dos dez parques mais bonitos do país.

Eu até gostava dali, mas não gostava dos mosquitos. E as crianças correndo pela grama? Então, era um dos últimos lugares que eu escolheria para passar o dia.

- Vem. - Disse ele, descendo do carro e batendo a porta.

Ele me deixou pra trás, sério? Quanto cavalheirismo.

Abri a porta, levemente irritada e desci. Poncho trancou o carro e saiu caminhando na frente.

- Pensei que fosse encontro! - Protestei, fazendo-o parar e olhar para trás.

Ele olhou para os dois lados e esticou a mão para mim. Revirei os olhos e segurei a contragosto, mas puxei de imediato ao sentir Poncho entrelaçar seus dedos com os meus.

- Assim não.

- Tô segurando sua mão. - Ele franziu a testa, atônito.

- Não pode ser assim. Sabe, com os dedos entrelaçados... Isso significa união. Você precisa ter uma ligação com a pessoa, entende? Ela tem que ser importante.

- Nossa, desculpa, não sabia que tinha todo um significado por trás. - Poncho riu, debochado.

- Além do mais, vão pensar que somos um casal e não somos. Nunca seremos.

- Você já disse. Além do mais, pensei que tivesse com fome.

- Estou. - Assenti, segurando a mão dele novamente. - Vamos.

Poncho me levou até um banquinho, de frente para o lago. Haviam patinhos brancos ali! Me distraí tanto com a paisagem que quando percebi, Poncho já estava de volta, com dois cachorros quentes, um em cada mão.

- Cachorro quente? - Franzi a testa. - Sério? E a minha dieta?

- Tá fazendo dieta pra que? Pra sumir? - Ele deixou ao meu lado e voltou correndo para a barraquinha. Menos de um minuto depois, voltou com dois copos de suco.

- Obrigada. - Murmurei, pegando o copo e dando um gole. Laranjada, delícia...

Ele olhou para mim e riu ao me ver dar uma mordida faminta. Foi assim o tempo todo, Poncho me encarava enquanto eu comia e até riu de mim quando sujei a ponta do nariz. Depois, quando sujei o queixo com catchup, ele se inclinou e me deu um lambida, limpando.

- Ai, que nojo. - Protestei, rindo.

- Você precisa deixar cair catchup nos peitos.

- Meu Deus, que obsessão. - Gargalhei.

- Devia fazer isso mais vezes.

- O que?

- Rir. - Respondeu, simplesmente e mordeu seu cachorro quente.

Fiquei o olhando por um tempinho, um tempinho bem longo. Foi o suficiente pra me fazer pensar: "não, Alfonso Herrera não!".

- Sabia que nunca comi cachorro quente de rua? - Mudei o assunto.

Poncho engasgou e me olhou com os olhos levemente arregalados.

- Sério isso? Não tem nada melhor do que cachorro quente de rua. Quer dizer... - Sussurrou, deslizando o olhar pelo meu corpo. - Até tem.

- Então eu preciso provar isso. - Imitei seu gesto, mordendo o lábio.

- Tiro a roupa agora? - Ele perguntou com a voz rouca. - Eu posso tirar, aqui mesmo.

- Eu tenho certeza que tiraria.

Depois disso, terminamos de comer com o mesmo silêncio de antes. Poncho jogou nosso lixo fora e me chamou para ir embora. Fui caminhando ao seu lado, desviando o olhar de Poncho para examinar o local. Foi quando vi uma morena que devia ter uns quinze anos encarando o moreno ao meu lado com fervor.

Ela parecia prestes a devorar ele assim como eu devorei aquele cachorro quente.

Então, foi impulso, incontrolável, mais forte do que eu. Segurei a mão de Poncho, entrelaçando nossos dedos e aproximei meu corpo do seu até nossos braços se tocarem.

Ele só soltou um risinho, olhando para nossas mãos dadas.

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XOXO, primas da web ;)