Fanfic: Todas contra Ucker (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Por Ucker.

Mano, minha semana tava uma catástrofe. Era bomba atrás de bomba na faculdade e a pilha de trabalhos por fazer estava me levando a beira do desespero.

Mas não era isso a raiz do problema, no fundo eu sabia que essa merda toda não era por matérias acumuladas nem pelo monumental 1,5 no teste. Era ela. A falta dela.

Eu quase não a via pelo campus e me mantive longe do seu trabalho. Eu não sei o tamanho do estrago que causei e não era minha intenção piorar as coisas, por mais que algo dentro de mim me fizesse ter a certeza que eu tinha feito uma enorme cagada.

Pois é, o efeito do álcool passou mas o que ficou era pior que ressaca. Por mais que eu não lembrasse de nenhuma palavra que eu tenha tido, a sensação de ter ferido Dul era constante. A única lembrança concreta era seu olhar perdido em lágrimas e aquele maldito sentado em seu sofá.

Eu devia ter batido mais nele.

- Filho da pu/ta. - Xinguei, arremessando o lápis para longe.

Eu tenho essa por/ra de dom desgraçado de ferrar com tudo e ser um imbecil sem escrúpulos.

Merda, eu queria ir atrás dela, queria pedir desculpas por tudo que fiz. Mas como posso consertar se não sei o dano que causei? Por onde começo? Ah, como eu queria que cada palavra que eu disse tivesse gravada na minha mente me fazendo lembrar pelo resto da minha vida o quanto eu não prestava. O quanto eu precisava me afastar dela.

Meu celular vibra no bolso e leio a mensagem de Poncho.

Droga, eu tinha esquecido completamente dos nossos planos para o aniversário de Chad. Bom, ao menos seria uma distração e eu precisava muito de distrações. Eu precisa relaxar e passar algum tempo sem pensar nas minhas burradas.

Joguei meus livros, que estavam espalhados pela mesa da biblioteca, dentro da minha mochila de qualquer jeito e saí para o campus sentindo o ar gelado do fim da tarde tocar meu rosto.

O lugar estaria completamente vazio se não fosse pelo grupo reunido na frente do refeitório.

Minha barriga roncou me lembrando que eu não comia nada desde o café da manhã, mas qualquer vestígio de fome ou cansaço sumiram quando a encontrei sentada numa mesa vazia com um copo em uma das mãos, os fios enrolados sem jeito no topo da cabeça e o olhar fixo num grosso livro aberto sobre a superfície de mármore.

Todo o ar tinha escapado dos meus pulmões e eu juro, poderia ficar ali por horas só olhando pra ela.

Num movimento distraído, seu olhar se cruzou com o meu e ela respirou fundo voltando sua atenção para sua leitura. Ok, ela me ignorou, e mesmo esperando isso, eu não estava totalmente preparado. Estou realmente em maus lençóis.

Não é possível que eu seja tão covarde ao ponto de não conseguir encará-la. Na verdade não sei nem por onde começar já que ela provavelmente vai jogar o livro na minha cara e xingar até minha 5° geração. Mas eu tenho que pelo menos fazer uma tentativa.

Não seja idiota, Ucker.

Como não pensei nisso antes? O aniversário de Chad. Sim, era uma ótima desculpa pra me aproximar dela.

Respirei fundo reunindo forças e fui. Caminhei lentamente até que estivesse perto o suficiente e tossi de leve tentando me fazer ser percebido. Ela simplesmente arfou.

- Oi. - Sussurrei.

Dulce abafou um sorriso irônico e cruzou os braços me encarando. Aquilo foi desconfortável.

- Eu... posso sentar?

- Não.

Eu fingi não ter escutado e me sentei, apertando a mochila em meu colo, rindo mentalmente de mim e do meu jeito sem jeito perto dela.

Que grande piada, um homem do meu tamanho com medo da reação de Dul. Eu até tava receoso com o que ela poderia dizer ou não dizer, só que aí me lembrei que ela não era a única com raiva ali. Eu ainda tava pu/to com ela.

E talvez não devesse estar mas droga, eu tava. E não era por Dul sequer me olhar e manter a respiração tranquila completamente alheia a mim, enquanto meu corpo parecia estar no meio de uma erupção.

- Me desculpe. - Foi a única palavra que eu consegui formular, e talvez fosse o que eu precisava dizer. Eu não estava me desculpando apenas por ter lhe dito horrores, mas por ter me envolvido.

Dul suspirou antes de cravar seus olhos nos meus, a expressão séria.

- Eu não me lembro do que eu disse. - Murmurei. - De verdade.

- Sorte a sua, então. - Ela disse com a voz fraca.

- Ele estava lá, não é?

Dul assentiu sem que eu precisasse citar nomes, claro que ela sabia de quem eu falava.

Passei os dedos entre meus cabelos, eu estava exausto. Eles estavam juntos, afinal. Foi só ele aparecer na frente dela e eu a perdi.

Não posso acreditar que mesmo depois do que me disse, ela teve coragem e estômago o suficiente pra estar com ele novamente.

- Léo estava lá.

Eu disse em voz alta, como se tentasse enfiar aquilo na minha cabeça.

- Não comece com isso. - Ela aumentou a voz um tom.

- Você defende aquele merda agora? - Cerrei os dentes. - Você se esquece rápido das coisas.

- Você tem razão nisso. Olhe pra mim, você me considera a porcaria de uma va/dia e eu estou aqui olhando pra sua cara de cínico arrependido e ouvindo o que tem pra dizer.

Dul se levantou num movimento brusco, juntando suas coisas, e eu me levantei também.

- Eu nunca vou me esquecer do que me disse, Ucker. E se você convenientemente se esqueceu disso, não sou eu quem vai lembrá-lo.

- É assim que você resolve suas questões? Fugindo?

Alterei minha voz segurando seu braço, naquele momento alguns olhares já eram direcionados a nós e o campus estava movimentado novamente.

- O que você quer, Ucker? O que quer de mim? - Dulce tentou se afastar e eu a trouxe para mais perto de mim. - Tá querendo arruinar minha vida ainda mais?

Dul se permitiu derramar algumas lágrimas e eu quis impedí-las. Estávamos no meio de uma briga e meu pensamento estava voltado para o seu corpo tão perto do meu e seus lábios levemente entreabertos. Ela pareceu prever que eu iria beijá-la e me empurrou afastando nossos corpos.

- Eu não quero mais ver você.

- Não faz assim, Dul. Por favor.

- Apenas me deixe em paz.

Respirei fundo tentando manter meus pensamentos em ordem.

- Aquele filho da pu/ta não vai tirar você de mim.

Dul me encarou por intermináveis segundos e nada ao meu redor tinha mais importância que os olhos dela.

- Talvez eu queria rebolar no colo dele agora.

Sua voz fria e cortante foi como uma facada no meu peito e então ela saiu sem olhar pra trás.

Aquilo doeu. Pra cara/lho.

- Me perdoe por ser quem sou, Dul.

Sussurrei sabendo que ela não poderia me ouvir.

- Me perdoe por amar você.