Fanfic: Todas contra Ucker (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Por Dulce.

Chegava a ser vergonhoso uma pessoa, dentro do seu próprio apartamento, ter que comer uma barra de chocolate escondida no quarto, com a porta trancada. Eu tinha comprado aquela maravilha com o meu suor e nem tinha direito de comer em paz, graças a Annie e sua neurose de manter minha aparência sempre impecável. Ela estava na minha cozinha, provavelmente queimando meus panos de prato ou incendiando a casa ao tentar fritar batatas.

- Você não pode comer isso, meu amor. - Murmurei para Sparks, que ao me ver sair do quarto, veio correndo na minha direção, com seus miados altos de quem pede comida.

- Nem você! - Annie resmungou do sofá.

A abusada estava deitada com os pés pra cima e um prato cheio de batatas fritas em cima da mesa.

- Olha quem fala, como se isso fosse bem mais saudável que chocolate. - Revirei os olhos, colocando o último quadradinho na boca e sentindo aquele sabor maravilhoso derreter na minha língua.

- Pelo menos não dão espinhas.

Minha única resposta foi dar de ombros. Tomara que aparecesse uma quantidade boa de acne no meu rosto, só para que Annie ficasse preocupada com cremes e maquiagens necessárias para cobrir esse estrago.

- O que você tá vendo? - Perguntei, sentando na ponta do sofá.

- Cinquenta tons de cinza. - Annie aumentou com o controle remoto, um claro sinal para que eu parasse de falar.

- Quer ficar sozinha? - Zombei, mas ao perceber seu olhar confuso, decidi explicar minha indireta. - Caso queira... Se divertir.

Segurei o riso como uma criança em sua primeira aula de sexologia. Annie, entretanto, diferente do que imaginei, deu a risada por mim.

- Querida, eu não preciso disso, eu tenho quem me faça go/zar. - Ela lentamente colocou mais uma batata na boca. - Porque, aliás, eu não deixo sexo pela metade.

Com uma virada de mestre, Annie me fez sair como a ofendida da história.

- Jogando baixo. - Cerrei os olhos, irônica. - Essa é a minha garota.

Roubei batatas de Annie e tive que aturar seus comentários maldosos nas cenas de sexo, como "isso eu e Poncho vamos fazer". Eu não sei qual foi a mágica, nem porque foi feita, mas os dois estavam realmente firmes naquele relacionamento-não-relacionamento. Assim como Mai e Chris. E Lilly e Chad. Menos eu. Todas as panelas tem sua tampa, mas talvez eu seja uma frigideira.

Tenho aquela constante sensação de ter que me bloquear para não demonstrar que gostava de Ucker, nem pra esquecer que gostar dele fazia parte de um maldito plano. Fechei os olhos, levando as mãos até o rosto e suspirando. Amaldiçoei baixinho o dia em que decidi intervir naquela situação de Ucker e seu combo triplo. Eu devia ter deixado, ele já ia terminar com elas em breve, com ou sem meu empurrãozinho. O problema é que eu tenho essa mania de me meter nas coisas. Sou aquela criança da roda, que na hora de brincar de pular corda, faz questão de entrar quando já está rodando, mas não consegue sair. E pior, se tenta sair, provavelmente acaba com a cara no chão.

O pior é que nem sou capaz de aprender com os meus próprios erros.

- Dulce Maria! - Ouvi Annie gritar, balançando a mão na frente do meu rosto.

- Oi? - Virei rapidamente o rosto para encarar sua carranca.

- Você não ouviu nada do que eu disse? - Suspirou.

- Claro que ouvi! - Menti, descarada.

- Então repita, por favor.

Isso me lembrou aulas desastrosas quando eu achava que pensar em Léo era melhor do que prestar atenção na matéria e acabava passando vergonha quando alguma professora me dava a mesma ordem.

- Não está prestando atenção de novo! - A voz irritada da loira quase me fez pular no sofá. Percebi que até Sparks se assustou, fugindo da sala assim que deu.

- Do que diabos você tava falando, afinal? - Revirei os olhos.

- Da bun/da do Jamie.

- Annie, não. - Prendi a risada.

- Ah, qual é! Vai dizer que você não olha para bun/das masculinas? Quer dizer, tem coisa melhor do que uma cara andando pelado no mesmo cômodo que você? - Annie mordeu o lábio. - Não, não tem!

Não sabia que tinha sido uma pergunta retórica. Senti as bochechas ficarem vermelhas ao pouco e fiz o melhor que podia: fugi. Levantei do sofá, levando o prato vazio para a cozinha.

- Já pensou na roupa que vai usar amanhã?

Olhei para trás, suspirando do meu plano ter dado errado e ela ter me seguido até ali.

- Roupa da faxina.

- Não é porque a festa é a fantasia que você pode ir com qualquer coisa! - Debochou Annie. - Não precisa fazer todo esse doce, o próprio Chad te convidou!

Não disse nada, apenas passando a esponja com detergente para tirar a gordura.

- É aniversário dele! - Annie continuou. - Sabe, ele ficaria muito chateado...

- Chad seria bem mais compreensível que você, Annie. - Revirei os olhos, de costas para ela.

- Não, porque não tem motivos para você estar fugindo do Ucker dessa forma!

Fechei os olhos, parando de lavar a pouca quantidade de louça dentro da pia.

- Ou tem?

Suspirei baixinho, esperando plenamente que ela não percebesse.

- Não.

- Por que tenho a sensação de que está mentindo pra mim?

Porque eu estou.

- Porque você é maluca! - Tentei descontrair, dando uma risada.

Annie não ia engolir aquela, mas eu sabia que não me forçaria. Pelo menos, não por enquanto. Eu conhecia a garota atrás de mim o suficiente pra saber que ela me daria o tempo necessário de colocar as coisas em ordem e depois, me encheria de perguntas. Eu queria agradecê-la por isso, mas não faria.

- Só quero ficar em casa. - Suspirei.

Não quero ver Ucker.

- Mas... - Annie foi perdendo a voz. - Dul, por favor. Vai ser na minha casa de praia. Eu não sei como Chris convenceu meu pai, mas vai ser lá e eu quero muito que você vá.

Eu não tinha contado para as meninas sobre Léo. Nada que não fosse superficial. Não disse uma palavra sobre ele aparecer na minha porta e logo depois, eu ter certeza que Ucker me achava um pedaço de carne. Além disso, implorei para que Maite não revelasse minha fraqueza naquele dia. Eu estava realmente em fase de negação, dizendo que aquilo tinha sido loucura. Amar Uckermann? Não. Não podia ser isso...

Sequei as mãos no meu short, suspirando. Virei de frente para ela, apoiando a cintura na pia da cozinha.

- Apenas não se meta na minha roupa. - Franzi o nariz, rindo.

Vi imediatamente os olhinhos de Annie se encherem de esperança e brilharem quando ela percebeu que eu estava aceitando.

- Você vai? - Ela berrou, me agarrando logo depois. - Obrigada, obrigada! Vamos beber e arrumar um macho pra você!

A promessa me fez rir por dentro. Seria uma boa, uma ótima na verdade. Isso, claro, se eu tivesse estômago para beijar outra boca que não fosse aquela que me chamou de vadia.