Fanfic: Todas contra Ucker (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Por Maite.

O desconforto por estar naquela festa estava visível no rosto de Dul, sentada do outro lado da sala com um copo na mão.

Eu achava que estava tudo sob controle e que Ucker estava domado. Mas estava mortalmente enganada.

E tudo que eu pensava me fazia parecer cruel demais, eu era. Como eu poderia me sentir diferente se qualquer coisa que pudéssemos fazer machucaria Dul?

Eu sabia mais que Lilly e Annie, eu sabia o que Dul sentia. Sabia o que ela sentia de verdade, mesmo que ela fugisse disso.

Dul é a única que não merece sofrer. Deus, eu não quero que ela sofra. Eu só quero apagar o dia em que a colocamos nesse plano da existência e me amaldiçoar por ter sido tão cega de raiva.

- Olha só, se não é a CDF gostosa... - Ouvi algum murmurar bem atrás de mim.

Virei o pescoço com minha expressão de superioridade para encarar Alex Campbell. Ele era colega de time de Chris, um total acéfalo, daquele tipo de riquinho protegido embaixo da asa do pai.

Esse cara não tem o menor respeito pelas mulheres.

- Ué, a nerdzinha não fala? - Pressionou ele, levando um copo até a boca fedida de álcool. - Pensei ouvir sua voz a aula inteira, querendo afirmar o quanto é melhor que os outros.

- Por que você não vai interagir com os animais dos seus amigos e me deixa aqui em paz, Campbell?

- Porque hoje eu quero experimentar carne nova. - Alex passou a língua nos lábios. - Sabia que eu nunca comi uma CDF? Deve ser legal ouvir essa boquinha tão inteligente gemer meu nome.

- Também deve ser bem legal ouvir você gemer de dor quando eu acertar um soco bem no meio da sua cara.

Christian parou ao meu lado, encarando Alex com os braços cruzados. Não sei como o garoto sumiu tão rápido, e aquilo me fez gargalhar com vontade.

- Oh, meu Deus. Ele fugiu correndo, deve ter ido embora até da festa. - Sequei o canto do olho molhado, ouvindo a risada baixa de Chris próxima a mim.

- É um babaca. Uma vez ele falou umas merdas pra Annie e me pediu desculpas no vestiário, na frente de todos os caras.

- Por que você não filmou isso para a posteridade? - Brinquei.

- Vou me lembrar na próxima. - Chris piscou o olho, mordendo o lábio.

Um silêncio então se manteve enquanto nos encarávamos.

- Você veio. - Disse ele, me avaliando de cima a baixo.

- Sim. - Concordei com o óbvio, balançando a cabeça.

- E de índia gostosa. - Completou Christian.

- Só índia. - Revirei os olhos.

- Vou ter que discordar.

Dei um sorriso de canto, mas arfei ao finalmente perceber qual era a fantasia de Chris.

- Uau. - Levei a mão até a boca, rindo. - Draco Malfoy.

- O que? - O sorriso dele então sumiu. - Não! Como assim? Eu sou o Harry Potter, por/ra.

- Cadê seu óculos? E sua cicatriz? - Comecei a exigir como verdadeira fã que era. - Não, você literalmente não é o Harry. Chris, você é loiro.

- Gata, eu sou um bruxo. Eu posso ter a cor de cabelo que eu quiser. - Ele revirou os olhos. - Além do mais, eu matei você-sabe-quem, posso muito bem pintar meu cabelo.

- Não venha mudar a história!

- Não venha você mudar minha fantasia! - Chris replicou, cruzando os braços de novo. - Como vou dar a minha cantada se eu for o Malfoy?

- Qual é a sua cantada? - Curiosa, prendi a risada.

- Você vai saber na hora certa. - Ele se inclinou para mim. - Nós da Grifinória somos misteriosos.

Revirei os olhos e sorri.

- Sonserina. Draco é da Sonserina.

- Cara/lho, eu não sou ele! Da pra você parar? - Chris suspirou.

- Melhor que seja Grifinória!

Sorri amplamente, mas ele me encarou com uma cara de impaciente.

- Mai, você sabe que eu não vou entender essas referências, né?

- Você não lembra dessa cena? - Fiz um biquinho.

- Eu nunca vi isso, só pesquisei na internet. - Chris rolou os olhos. - São filmes grandes demais, antes do final eu já tava transando.

Bufei e revirei os olhos, não achando nada surpreendente.

- Então você não é digno de vestir esse uniforme.

- Então você pode tirar a minha roupa.

Chris se aproximou a ponto de seu peito encostar no meu.

- Eu não ligo. Vou amar ficar pelado para você, Hermione.

Gargalhei sem me controlar, colocandoa mão em seus ombros.

- Eu devia ter vindo fantasiada de Hermione, dei mole. - Suspirei. - Mas você sabe que ela e o Harry nunca transaram, não sabe? 

- Até hoje. - Chris então colocou a mão na minha cintura, me puxando para perto. - Me chama de Harry Potter que eu te mostro minha varinha.

Eu quase tive uma convulsão de tanto gargalhar. Então aquela era a cantada dele? 

- Que terrível.

- Quer ver como vai funcionar com você?

Chris então me puxou pela mão e me guiou para baixo das escadas, onde surpreendentemente não havia ninguém se pegando. Mal nos escondemos no escuro e ele me jogou contra a parede com força. Mesmo sem conseguir enxergar perfeitamente, pude ver seus olhos deslizarem pela extensão do meu corpo e seu lábio inferior ser mordido com força, antes de um sorriso maldoso. Eu queria muito aquilo, provavelmente mais do que ele. Ver seu rosto entre as sombras, seus suspiros ao me desejar, suas mãos tateando pelo meu corpo... Eu precisava da boca dele na minha. Merda, eu precisava em outros lugares também.

Christian então entrelaçou a mão na minha nuca, puxando meus cabelos soltos e erguendo meu rosto na direção do seu. Como se lesse meus pensamentos, ele mordeu meu lábio e aquilo me fez derreter nos seus braços. Eu queria tirar minha roupa e ser dele ali mesmo, com o risco de qualquer pessoa chegar e assistir.

Senti as mãos dele na minha bun/da, apertando com vontade e quando finalmente entendi sua intenção, dei um impulso para estar em seu colo, com as pernas envolvidas a sua volta. Chris suspirou baixinho no meu ouvido e me pressionou contra a parede com mais força, fazendo com que eu sentisse todo o seu corpo contra o meu. Aquilo era demais para mim. Nunca havia sentido tanto desejo. Nunca quis perder a linha com alguém dessa forma, muito menos numa festa.

Senti então quando ele me colocou no chão, sem afastar a boca da minha, e lentamente escorregou a mão por debaixo da fantasia.

O vestido de índia, mesmo não sendo curto, permitiu fácil acesso a minha calcinha pequena de renda, que ele enlaçou em seus dedos ágeis e puxou até estarem presas em minhas coxas. Foi aí que me dei conta.

- Chris, Chris. - Afastei seu corpo e suas mãos. - Aqui não.

- Por que?

Subi a calcinha, lhe encarando no escuro.

- Porque aqui não é lugar.

- Ninguém tá vendo, morena. - Ele se inclinou, colocando a mão na parede do meu lado.

- Mesmo assim, Chris. - Revirei os olhos.

Ele olhou para o lado e eu sabia que viria uma solução a seguir. "Vamos para o quarto, então", pensei que ouviria.

- Eu tenho que ir, então.

Foi o que ouvi.

- Preciso encontrar os caras. - Acrescentou. - Você não vai ficar chateada, vai?

Neguei com a cabeça, reprimindo as lágrimas da rejeição.

- Eu sabia que não. - Chris sorriu. - Você é a melhor, Mai.

Engoli um gosto amargo e dei um pequeno sorriso.

- Fica aqui que eu vou primeiro. - Murmurou, beijando o topo da minha cabeça.

Ele então saiu do nosso esconderijo, ajeitando a gola da camisa e caminhando apressado. Até deu uma olhada para trás, acho que só pra ter certeza que eu não estava seguindo ele.

Eu me escondi ali por mais alguns, lutando com as lágrimas que teimavam em cair. Era só isso que eu era. Um passatempo para lugares escondidos. Uma boca para beijar no escuro, um corpo para pegar sem que ninguém saiba. Eu mesma facilitei as coisas para ele aceitando toda essa situação.

Saí dali debaixo sentindo como se todas as pessoas me olhassem e soubessem.

Soubessem que eu fui usada. Soubessem que eu sou um brinquedo na mão de um cara que não sabe brincar. Soubessem que eu estava me sentindo a mulher mais suja daquela festa.

Ser o segredo de alguém que não tem porque ter segredos é ter a certeza de que não se é digno de ser revelado.