Fanfic: Parte dele em mim | Tema: Variados

Hoje faz exatamente três meses que Gabriel se foi e até hoje, todos os dias antes de dormir fico me perguntando o porquê dele ter ido embora. Fico tentando voltar ao passado e rever tudo, detalhe por detalhe para poder achar onde eu errei o porquê de tudo ter acabado, o que estava faltando para Gabriel, pois pra mim, bom pra mim tudo estava perfeito, mas pra ele não, porque se tivesse, ele não teria acabado com tudo assim do nada, fico me perguntando o tempo todo o porquê de tudo ter acabado, mas eu ainda não encontrei resposta, ele se foi, ele se foi e não me deu alguma explicação, apenas disse “Adeus” e virou as costas.

Todas as vezes que me lembro daquele momento, é como se alguém estivesse me dando várias facadas de uma só vez.

Eu estava com Manu em frente à portaria do colégio e Gabriel chegou com alguns papéis na mão e se aproximou de mim dizendo que precisava falar comigo, ele estava sério, frio, com raiva e tentei de alguma forma entender o porquê dele está assim.

– Luísa, preciso falar com você. – Gabriel me disse friamente

– O que houve bebê? – Respondi a ele, sempre tivemos mania de chamar um ao outro de bebê. 

– Não dá pra gente continuar, não dá Luísa, eu sinto muito, mas acabou, desejo toda felicidade do mundo pra você, adeus! – Gabriel me virou as costas e saiu andando quando terminou de falar

Naquele momento eu vi o mundo desabar sobre minha cabeça e eu senti uma dor, uma dor que jamais senti em toda minha vida, uma dor que pra sincera, eu não consigo explicar. Eu não tive reação, eu o vi indo embora e não fiz nada, não porque eu não queria e sim porque eu não tinha força, eu não entendi o porquê de tudo aquilo. Eu só queria que tudo aquilo fosse um pesadelo ou uma brincadeirinha de mau gosto que logo ia acabar, mas não, não era. Eu vi meus olhos encherem de agua a cada segundo que se passava. E a cada vez que olhava, Gabriel estava cada vez mais longe, ele ia sumindo no trajeto cada vez mais, até não dá pra vê-lo mais e aquela foi à última vez que o vi, o amor da minha vida foi embora sem eu poder dizer qualquer palavra e isso me corrói todas as vezes que me lembro.

Muitos disseram que é drama, que é coisa de “adolescente”, que logo tudo vai passar e já estarei com outro na próxima semana e mais um monte de merda, mas não, não é assim. Eu tinha e tenho toda a certeza do mundo que é Gabriel e sempre vai ser independente de qualquer coisa ou pessoa.  Mesmo que nada volte a ser como antes, ninguém irá conseguir mudar esse sentimento que tenho por ele, porque é verdadeiro e jamais amei e vou amar alguém assim, digo isso com toda certeza que existe.

Vi meus olhos encheram de lágrimas ao lembrar tudo aquilo, eu me faço de forte o tempo todo, todos a minha volta acham que já superei e esqueci Gabriel, exceto minha melhor amiga, Manuela, ela é a única em sete bilhões de pessoas que consegue me entender.

Suspirei e respirei fundo, já era de manhã e estava um frio insuportável, me levantei para enfrentar mais um dia, sem coragem alguma, sem disposição alguma. Era tarde, estava atrasada como sempre, tomei um rápido banho e me arrumei logo pra ir a escola, aquele era meu último ano e precisava dar o melhor de mim. Ao terminar de me arrumar, desci a escadas rapidamente e mamãe estava lá em baixo, sentada tomando seu café, como sempre fazia. Tudo é tão clichê, todos os dias as mesmas coisas, mesmas pessoas, mesma rotina, já estava cansada disso, mas eu não movo nenhuma palma pra mudar isso. Mamãe sorriu pra mim, logo peguei uma fruta na mesa.

– Bom dia Luísa, porque não toma café direito? – disse mamãe, me olhando com um sorriso.

– Estou atrasada mamãe, tenho que ir. – dei um beijo na bochecha dela e logo saí apressada.

Caminhei apressadamente até chegar ao colégio, em passos longos consegui chegar faltando 2 minutos para o professor adentrar na sala. Entrei direto em minha sala, me sentei no meu lugar, Manu já havia chegado, sorri pra ela e logo voltei à atenção para o professor que havia acabado de chegar.

Os três primeiros horários passaram voando, não tive oportunidade de conversar com Manu direito. Alguns minutos depois deu o intervalo, guardei minhas coisas e Manu logo veio e me abraçou.

– Andou chorando de novo e imagino que o motivo tenha um nome, correto? – Manu disse com um tom sério

– E além de nome, tem um sorriso maravilhoso. – disse a Manu com um sorriso

É incrível o quanto me conhece, às vezes acho que conhece melhor que a mim mesma. Abracei Manu com força e segurei o choro, eu não podia chorar, não ali, não naquele momento. Ela me soltou e sorri para ela.

– Não precisa fingir Lu, não pra mim, eu sei o quanto ainda dói, eu sei disso, mas eu sei também que você vai conseguir com isso pare de doer de alguma forma, porque quando a gente conhece o amor, conhecemos também a dor é impossível amar e não sofrer. Tudo vai passar, não importa quando, mas vai passar. Eu prometo a você que vai parar de doer, de alguma forma. – Manu disse tentando me deixar melhor.

– Eu só preciso saber o porquê, o motivo que o fez ir embora, a única coisa que preciso Manuela é de uma explicação, só isso.

Manu apenas me abraçou, pois ela entendeu que naquele momento eu só precisava de um abraço, mais nada. A abracei forte, me senti segura por alguns segundos e logo foi chegando gente ali dentro, o que fez com que eu vestisse minha armadura novamente. Todos ali me viam como uma garota rica, mimada e popular, que tinha qualquer garoto á meus pés. Posso ter tudo isso e mais um pouco, mas eu juro que trocaria tudo isso para entender o porquê Gabriel foi embora ou até mesmo para tê-lo de volta ao meu lado.

Algumas horas depois a aula terminou, me despedi de Manu que iria encontrar seu namorado, ela e Bruno são um casal de dar inveja, sou muito feliz por vê-la assim, apaixonada, amando e sendo amado, mas confesso que no fundo sinto um pouco de inveja, depois que Gabriel se foi sinto “inveja” de todos os casais felizes ou que fingem felicidade que passam em minha frente.

Ao ir pra casa em passos lentos, comecei a me lembrar de Gabriel, o fato era que tudo me fazia lembrar dele e puta merda cada vez que me lembrava dele doía mais, parece que cada vez aquela ferida vai se abrindo mais no lugar de se fechar. É como se fosse como uma escara que ia se agravando a cada dia.

– Eu prometo de dedinho que vou te amar e vou fazer de tudo para que você seja a pessoa mais feliz do mundo, nem que para isso sua felicidade dependa da minha. – Gabriel disse sorrindo e me beijou.

Do nada me veio àquela promessa de Gabriel, me lembro como se fosse ontem, era uma tarde chuvosa e estávamos na varanda de sua casa, ficámos ali por horas observando a chuva e trocando carícias.

Sorri ao lembrar disso, mas no fundo doeu, doeu por Gabriel não ter cumprido essa promessa e tantas outras que ele dizia que nunca iria me abandonar.