Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Ucker narrando.

A mãe de Dulce, Blanca, tinha os cabelos escuros como eu imaginava que seriam os de Dul sem tintura. Apesar de ser uma mulher relativamente jovem, seu rosto era marcado pelo tempo e pelo cansaço que a maioria das mulheres do subúrbio levavam no rosto por trabalhar tanto. Dulce parecia muito com ela, porém a mãe não exalava a mesma alegria que a filha transmitia, não tinha aquele brilho nos olhos. E isso me doeu um pouco o coração, porque eu sabia das dificuldades que a mulher devia ter enfrentado na vida.

- Sentem-se os dois. – Murmurou ela, assim que entramos na sala. Ela falava com a gente como se fôssemos crianças, porém eu fazia questão de respeitá-la, então sentei e puxei a mão de Dulce para que ela se ajeitasse ao meu lado no sofá. – Bom, vou direto a ponto.

- Opa, quê que tá rolando aqui? – Henry chegou na sala com a boca cheia de biscoito, segurando um saco de Doritos. Ele estendeu uma risada debochada ao ver a cena e se ligar. – Ah, Dona Blanca vai botar ordem no bagulho. Gostei disso, por essas coisas que eu te amo, mãe.

- Henry, para. – Ela brigou com o filho, porém ele gargalhou e beijou sua testa. Depois, sentou-se na poltrona de frente para o sofá e cruzou as pernas, colocando mais um biscoito na boca enquanto estreitava os olhos para nós.

- Não perco isso por nada. – O cantinho de sua boca se ergueu, debochadamente.

- Mãe, tira ele daqui. – Resmungou Dulce, parecendo uma criancinha de cinco anos fazendo reclamações sobre o irmão.

- Dulce, ele é seu irmão. – Blanca respondeu, séria. – Não há nada que eu vá dizer aqui que ele já não saiba e concorde.

- Tudo bem, Dul. Relaxa. – Brinquei, apertando suas mãos e lhe encarando. Ela assentiu e suspirou.

Olhamos para frente, aguardando o que a mãe de Dul tinha para dizer e reparei que seus olhos observavam nossas mãos dadas com calma. Depois, a mulher me olhou e começou o que parecia ser uma bela bronca.

- Já sei que vocês estão namorando, o bairro todo sabe. – Murmurou Blanca. – Mas... Eu queria deixar bem claro que eu não aprovo isso. Ainda não.

- Mãe... – Dul começou, porém Blanca lhe estendeu o dedo, pedindo que ela se calasse.

- Deixe-me continuar, Dul. Quando eu terminar, você pode falar. – Disse ela e a ruiva assentiu ao meu lado. – Christopher, eu e sua mãe estudamos juntas boa parte da vida e foi por meio dela que conheci seu pai. Eles namoravam e queriam sair de casalzinho, então me apresentaram para Fernando. Não precisamos de duas semanas para estarmos completamente apaixonados e antes de dizer que me amava, ele me contou toda a verdade.

Engoli em seco, ainda era difícil colocar na cabeça a forma que minha família e de Dulce estavam ligadas antes mesmo de nós dois nascermos.

- Fernando era um homem gentil, qualquer pessoa que o conhecesse nunca imaginava que ele era líder de uma gangue. Porém, ele era. – Blanca uniu as mãos e abaixou o olhar. – Só eu sei o que passei, o que tive que ver, o que aceitei e perdoei. E por mais que ele dissesse, que prometesse que sairia daquela vida, não tinha como fugir.

Blanca suspirou e navegou o olhar por nós dois.

- Quando vocês eram crianças, nós dizíamos que vocês dois iam se casar. Fernando e Victor eram fissurados nessa ideia de unir as famílias para sempre. – Ela passou a mão da testa até o alto da cabeça, onde se prendia seu cabelo em um coque. – Mas, agora as coisas são completamente diferentes.

- Eu sei, eu entendo. Perfeitamente. – Respondi, ao perceber que ela aguardava uma fala minha. Blanca suspirou mais uma vez.

- Dulce é maior de idade, ela pode e deve tomar suas próprias decisões. Mas eu queria deixar bem claro que não sou a favor disso. Eu não quero essa vida pra minha filha e só eu sei o quanto ouvi isso do pai dela. Fernando também não queria. – Murmurou ela, assenti com a cabeça.

- Tudo bem, dona Blanca. Eu respeito totalmente a sua opinião e compreendo, de verdade. – Eu disse, me inclinando um pouco no sofá. – Porém, eu não pretendo desistir da sua filha. Mesmo que eu ache o certo me afastar, eu a amo de verdade. Não sou ninguém importante e com certeza, não sou o cara que a senhora sonhou para Dulce, mas eu me importo em fazê-la feliz. Nesse momento, a única coisa que verdadeiramente importa para mim é fazê-la sorrir, cuidar da sua filha e protegê-la. Não medirei esforços para isso. Pode ter certeza que eu vou mudar por ela.

Senti o aperto de Dul em minha mão e ela deitou-se a cabeça em meu ombro com carinho. Sorri, olhando para o lado e beijando o topo de sua cabeça.

- Não aprovo esse namoro, Christopher. Minha filha não é qualquer uma. – Blanca ainda parecia relutante em acreditar nas minhas palavras.

- Posso lhe garantir que não penso assim. E posso provar da forma que a senhora quiser. – Respondi, sério.