Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Jennifer já estava me arrastando pra longe da quadra de skate. Ela achava que eu tava estressado e tal, mas mal sabia que eu tava numa calmaria boa. Adam era um pé no saco, conseguia me tirar do sério e no mais alto de suas ilusões, pensava que poderia me roubar Dulce. Coitado.

- Relaxa gostosa, eu tô de boa. – Eu disse, rindo, pegando um cigarro na bermuda. Ela continuava a me empurrar pelo braço, segurando meu skate e olhando para trás como se estivéssemos sendo perseguidos.

- Por que você quer amassar o nariz de todo mundo? – Jenny me encarou, séria.

- É divertido, já tentou? – Brinquei, acendendo com o isqueiro, mas não conseguia ter firmeza nas mãos porque a bonitinha tava num desespero sem fim. – Ih, relaxa, Jennyzinha. Aquele babaca escapou... dessa vez. Seria um prazer enterrar aquele narizinho de boio/la, mas tu e a Dul decidiram dar uma de anjo da guarda.

- Quer se meter numa delegacia, quer que os tiras de peguem por briguinha de rua? – Ela suspirou e eu ri pelo nariz ao vê-la se preocupando totalmente à toa.

- Desencana, garota. Já me meti em coisa pior e ainda tô aqui, não tô? – Ergui as sobrancelhas enquanto jogava a primeira lufada de nicotina pra dentro. – Sou sagaz, gata. Sou de bobeira, não.

- Pu/ta merda, tu nunca vai deixar de ser esse filho da pu/ta, né? – Ela reprovou minha atitude estalando a boca com violência enquanto soltava um tapa em minha nuca. Minha cabeça foi um pouco pra frente com o estalo, mas nem chegou a doer, só me arrancou uma gargalhada. – Po/rra, nem Dulce vai te mudar?

- Acha que eu não mudei? – Soltei a fumaça pelo nariz e a encarei. – Agora não pego mais vadias, tô de boa, dei uma afastada da gangue, tô pensando em me inscrever na faculdade e...o mais impressionante, vou na casa do avô da Dulce pedir pra namorar com ela tipo, oficialmente.

- Mais ainda continua o mesmo sanguináreo de sempre. – Suspirou a loira, ajeitando de leve a blusa caidinha que usava.

- Tô em abstinência, filha, a última pessoa que eu matei foi o priminho babaca do Adam, o cara que era do Blues. – Revirei os olhos com todas aquelas acusações de sua parte.

Estranhamente, Jennifer estremeceu e vi tristeza em seu olhar.

- Conhecia o cara? – Perguntei, ficando sério ao olhar pra ela.

- Que cara?

- Jenny... Não se faz de idiota, o cara que eu acabei de falar. – Rebati, encarando-a nos olhos, mas ela apenas desviou o olhar.

- Nem de vista. – Deu de ombros, indiferente. – Só me senti meio mal, é estranho banalizar esse tipo de coisa, são vidas e coisa e tal...

- Realmente, é incrível como o tempo faz a gente pegar certa frieza. Tipo médico, tá ligada? – Eu entendia perfeitamente o que ela tentava dizer. – Po/rra, tu pensa que eu gosto de matar? Fica na minha cabeça durante dias. Mas sei lá, gangster morre cedo, baby. Todo mundo entra nessa vida ouvindo esse ditado e sabendo do seu fim.

- Quanta idiotice, não acha? – Jennifer pôs as duas mãos na cintura. – É como ter um destino traçado. Como uma placa de “não entre ou você morre”,  e mesmo assim tu insistir em pular o muro.

- Faz parte do show, boneca. – Pisquei de lado, ela riu e revirou os olhos.

- Tenha cuidado. Agora... Bom, agora há uma pessoa que sentiria muito a sua falta, certo? Alguém pela qual você quer estar vivo, mantenha-se vivo, Christopher.

Jenny nunca me chamava de Christopher. Na verdade, poucas pessoas me chamavam pelo meu nome e era estranho ouvir isso, ainda mais naquele pu/ta tom sério. Tinha treta na jogada, algo por trás disso. Eu conhecia aquela loira e sabia muito bem que ela não era de agir assim do nada.

- Quê que tá pegando, Jay? – Perguntei, cruzando os braços e parando. Ela me olhou, como se tivesse deixado escapar algo muito suspeito e precisasse consertar.

- Nada. – Murmurou, fazendo um biquinho e dando um sorriso.

- Nada? – Estretei os olhos, ela assentiu. – Tem certeza? – Jennifer assentiu de novo, dessa vez a expressão mais séria. – Certeza absoluta?

- Sim, Ucker. Relaxa, foi meio que um conselho. Sou foda em dar conselhos. – Ela piscou de lado, mas isso não fez minha postura relaxar nem minha desconfiança baixar. Eu era tipo cachorro, sentia as paradas de longe e já ficava de orelha em pé.

- Tô confiando em tu, Jenny. – Apontei pra ela rapidamente. – Não faça eu me arrepender.

Capítulo 100 !! Palmas pra gente ;)