Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

Já tinha deixado minha mala no quarto de Patricia e Daiane e tive que obrigar Henry a subir a de Ucker para o quarto de hóspedes. É claro que vovô nos faria dormir em quartos separados e era o tipo de coisa sem discussão ou negociação. Minha impressão era que seria assim até eu me casar.

Estava me preparando psicologicamente para contar a meu namorado sobre os cinco dias de estadia e enquanto trocava de roupa, procurava as palavras certas e falava sozinha. Talvez tivesse até que usar de um charminho e apelar para que ele não ficasse bravo comigo e acabasse pegando um avião de volta pra Los Angeles.

Coloquei um short jeans curtinho e uma polo branca justa. Prendi o cabelo num alto rabo de cavalo e voltei para o primeiro andar da fazenda ajeitando a gola da camisa. Os meninos e até mesmo meus tios estavam assistindo basquete com as crianças em volta, as mulheres reunidas na cozinha e James no colo de vovó Elena.

- Vai com a prima vai, querido. – Disse ela, me estendendo o pequeno James. Ele esticou os bracinhos e eu o peguei. – Sua bisa tá muito velha pra te segurar, seu gordinho.

Apertei um pouco sua bochecha e ele abriu seu sorriso sem dentes.

- Hum, enquanto o vovô bota o terror no namorado da Maria, vamos comentar sobre ele. – Daiane piscou de lado e eu ri.

- Parece ser um cara muito gente boa, mesmo com aquele estilo de marrento. – Comentou tia Lisa.

- Atributos físicos, mãe. – Patricia riu, revirando os olhos. – Não basta ser lindo, tem que ser marrento, ter cara de sono, voz de malandro, sorriso lindo e ser todo largado.

Minha prima fez a questão de descrever Ucker como se o conhecesse há anos. Patricia sempre teve esse dom. Ela batia o olho nos caras e já sabia dizer como ele era, o que tinha de bom, o que tinha de mal. Porém, tenho que admitir que não gostei do jeito que ela descreveu ele. Não que eu discordasse, pelo contrário, se encaixou perfeitamente com ele, mas ela não precisava falar daquela forma.

- Sossega, Paty, é o namorado da sua prima! – Ela foi cutucada pela mãe e riu baixinho.

- Ih, mãe. – Ela encarou tia Lisa. – Ele é mó gato e a Dul concorda comigo, senão não estaria com ele.

Sempre desbocada. Decidi me calar. Era meu primeiro dia ali, não ia me estressar por bobeira. Por mim, ela podia admirar. Era somente eu quem tinha.

Vovó Louis atravessou a porta da cozinha com sua espingarda na mão e me encarou, me olhando de cima a baixo, como se quisesse me dar alguma notícia ruim. Engulo seco e a primeira pergunta que passa pela minha cabeça é:

- Ele está vivo?

- Por enquanto, sim. – Vovó dá de ombros e coloca a velha Margaret em cima da mesa da cozinha.

- E poderá ter filhos? – Mordo o lábio inferior e ele balança a cabeça positivamente.

- Mas não com você. – Acrescenta, servindo-se de café.

- Pelo amor de Deus, Maria. Não sente medo desse velho maluco, não. – Vovó o abraça de lado, rindo.

- Cão que ladra não morde. – Pisca Daiane e eu respiro aliviada. Ótimo saber disso, ótimo.

- Só arranca pedaço. – Rebate meu avô e todos riem, menos eu, porque não acho a menor graça naquelas ameças. Isso me assusta, pra falar a verdade.

- É sério pai, por que você levou esse troço com o senhor? – Pergunta minha tia Lisa, apontando para a espingarda em cima da mesa.

- Porque você mesma disse que era pra toda a família ir recebê-los. – Explicou ele, naturalmente.

- Essa espingarda não faz parte da família. – Rebateu sua filha caçula.

- É claro que faz. Margaret está mais tempo que você nessa família. – Vovô uniu as sobrancelhas.

- Até mais que o senhor, pai. – Ela finaliza e temos mais risadas na cozinha. Dessa vez até eu solto um riso.

- Você devia ir lá ver se o menino não está passando mal, Maria. – Vovô estende os olhos pra mim e percebo que no fundo, ele está se divertindo com aquela história toda. – Se ele tiver coração fraco...

Cerrei os olhos pra ele e isso o fez parar. Entrego James para a mãe e me direciono até a porta.

- Diga pra ele que se quiser, tem um voo que sai no fim da tarde para a cidade do pecado. – Murmurou meu avô.

- Vovô! – Protesto. – Da uma chance pra ele, por favor.

- Ele está na minha casa, namorando a minha neta. Se isso não é uma chance, não sei mais nada sobre esse conceito.

Prefiro não responder. Ouço vovó brigar com ele enquanto saio da casa e procuro Ucker pela varanda.