Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Era como assistir a uma novela mexicana. Dulce e Henry correram para os braços dele e houve um abraço triplo e apertado, junto aos sons de choro. Blanca assistia a cena emocionada e meu pai me encarava cautelosamente, esperando minha reação. Ele estava temendo por algo que eu não sabia. Lancei aquele olhar que só nós dois sabíamos e ele balançou a cabeça para o lado de leve, me chamando lá pra fora. Ninguém pareceu perceber nossa movimentação e não sentiriam nossa falta.

- Como é possível que você esteja aqui? – Ouvi Dul perguntar com a voz trêmula e embargada, antes de sair completamente da casa.

A lufada de ar da rua me pegou de surpresa. Meu pai parou ao meu lado no portão e puxou um maço de cigarro do bolso da jaqueta, me oferecendo um. Aceitei e ele acendeu o seu, depois o meu. Eu ainda estava em choque.

- O próprio pai incentivando o filho a ferrar com o pulmão. – Ri sem nenhum humor. – Não é das cenas mais bonitas da sociedade.

- Fumar não foi o pior dos males que coloquei em sua vida. – Victor suspirou e pela primeira vez em meses, ele realmente me passou sinceridade. Parecia arrependido.

- Esse cara, pai... – Franzi a testa. – Eu tô muito confuso. Se não tiver uma explicação racional pra isso, eu vou começar a me armar estilo Resident Evil.

- Ele não é um zumbi, Christopher. – Papai deu uma risadinha.

- Como isso?

- Ele estava escondido, para proteger a família. – Explicou meu pai.

- Proteger a família? – Soltei uma risada junto a fumaça do cigarro. – Conta outra né, pai? Que tipo de proteção é essa onde você some no mundo, caga pra tua família e deixa eles sozinhos e sofrendo, sem nenhum tipo de segurança? Chorando por uma morte falsa?

- Filho, você não entende. – Ele balançou a cabeça.

- Claro que não. Esse tipo de pu/taria não entra na minha cabeça. Pra mim isso tem outro nome: covardia! – Revirei os olhos e traguei o cigarro, olhando pra cima. Foi fácil ficar pu/to com aquela história. – Ele cagou pros filhos! A Dulce é traumatizada na morte dele e tem raiva de gente que nem era nascida na época, achando que éramos os culpados pela morte dele. Ela cresceu traumatizada e era apenas uma criança, pai.

- Foi tudo um plano, Christopher. Você não consegue mesmo entender? – Victor abriu os braços. – Fernando estava sendo ameaçado, queriam a cabeça dele numa bandeja. Exatamente como estão querendo fazer com você.

- E eu estou aqui, não estou? – Rebati, de pronto. – Eu fugi, por acaso?

- Ele não foi egoísta ao fugir. Fernando fugiu pra protegê-los, porque era a única forma de os deixarem em paz. Encenar a própria morte, culpar os Hunters e sumir até a poeira abaixar.

- Até a poeira abaixar? – Gargalhei ironicamente, jogando o cigarro no chão. – Quantos anos pra uma poeira abaixar? Ele encenou a própria morte na frente da filhinha de seis anos. Pelo amor de Deus, sou eu quem não enxerga as coisas aqui?

- Foi necessário, Christopher. – Disse ele, com a voz bem mais baixa.

- Você sabia disso, pai? – Perguntei, cruzando os braços.

- Eu ajudei Fernando com o plano. Eu fiquei de proteger a família dele. De manter Dulce e Henry afastados dessa vida. – Meu pai me encarou de uma forma estranha. – De manter Dulce longe de qualquer Hunter.

- Agora faz sentido. – Murmurei, negando com a cabeça e rindo. O ódio já subia por minha garganta. – Parece que você falhou na sua missão né, pai?

- Sim. – Assentiu ele. – E é por isso que Fernando está aqui. Ele veio cuidar da família, veio protegê-los.

Paralisei e num estalo as peças se encaixaram. Por isso papai era tão incoformado com a "morte" do melhor amigo. Ele era contra o teatro de Fernando, mas ainda assim, como todo melhor amigo que se preze, apoiou aquela covardia.

- Eles sobreviveram todos esses anos, choraram e sofreram por esse homem. – Dei de ombros. – Que diferença faz agora?

- Parece fazer muito diferença para eles. Dulce parece feliz. Você devia estar feliz por ela.

- Só eu sei quantas vezes ela chorou no meu peito por causa dessa cara. – Funguei o nariz e olhei pro céu. – Não quero lágrimas de novo. Não por causa desse covarde.

- Você nem ao menos o conhece, filho.

- Fugir das próprias batalhas já uma grande prova de covardia, pai.

Ouvi a porta se abrir enquanto Fernando saía de braços cruzados dali. Ele me encarou com cautela, se encostando na soleira da porta.

- Eu não imaginava você desse jeito, Christopher. – Fernando me encarou de cima a baixo, então fechei a cara. – Um pouco mais baixo, menos prepotente, mais humilde... Talvez mais parecido com a sua mãe e menos com o seu pai. Mas fico contente em ver o homem que você se tornou, Alexandra estaria orgulhosa.

- Eu sei. – Empinei o nariz e Fernando riu.

- Sinto que você não é um grande fã meu.

- Você sente as coisas direitinho. – Assenti.

- Gostei desse moleque. – Ele riu novamente, olhando pra meu pai. – Apesar de cheirar a maconha e bebida e parecer um delinquente.

Fechei as mãos em punhos. Quem esse desgraçado pensava que era?

- Espero que seu pai já tenha deixado bem claro o perímetro que você deve respeitar agora. Longe da minha menina. – Ele pareceu sério dessa vez, tentando me colocar medo, provavelmente.

- Cadê a Dul? – Perguntei, sem esperar sua resposta. – Eu tô indo já.

- Eu aviso que você já foi. Digo que deixou um "tchau". Aproveito e digo que vocês não podem mais namorar.

- Já que tu vai falar isso tudo aí, cara, faz um favorzão pra mim? – Perguntei ironicamente. – Fala pra ela que o pai dela é um filho da pu/ta covarde. Que eu tenho vergonha de ter a mesma tatuagem que ele. Fala também que eu a amo mais que tudo e que nenhum babaca vai tirar ela de mim.

Depois disso, virei as costas e fui embora.

Hellooooooooouuu :D