Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Os gritos de Levy ecoavam por todo o porão imundo. Aquilo realmente devia doer. Mais uma de suas unhas estava no chão, no meio de uma pequena poça de sangue.

- Por que está gritando? – Perguntei, abaixando a cabeça para olhar diretamente em seu rosto. – Ainda nem cortei você.

- Por favor, por favor, pare...

- Agora você pede por favor? – Soltei uma risada irônica. – E quando você estuprava garotas em becos, ouvia quando elas pediam por favor? Ouvia quando elas imploravam e pediam pelo amor de Deus pra você parar?

Ele cuspiu sangue no chão, levantando os olhos negros e tomados de fúria.

- Vocês se acham deuses?

- Não. – Dei um meio sorriso. – Mas enquanto o lá de cima não interfere e não acaba com esse lixo de humanidade, nós estamos limpando a área e adiantando o trabalho dele.

Exatamente. Era loucura, era coisa de filme, mas era isso que estávamos fazendo. Eu, Jenny e uns caras que se consideravam uma gangue, mas que eram mais que isso, estávamos livrando Nova York de homens imundos como esse. O plano de justiça com as próprias mãos era assim: encontrar os bandidos mais perigosos da cidade, torturar e mandar pro capeta. Fácil.

Já tínhamos saído no jornal, e por incrível que pareça, alguns moradores achavam válidas nossas atitudes: eram desumanas, mas eram justas. "Se a polícia não faz, deixem eles fazerem", disse uma mulher numa entrevista. Fomos até chamados de justiceiros na capa do The New York Times. Jay adorou isso.

E as autoridades não estavam tão incomodadas assim em nos encontrar, não enquanto estávamos fazendo o serviço deles e diminuindo sua lista de procurados.

- Isso não torna vocês melhores que a gente. – Disse Levy, dando uma risada. – Se acham a Liga da Justiça?

- Olha, eu não tenho super-poderes. – Olhei para Jenny de forma irônica. – E você, Jay? Tem?

- Só um: ser gostosa.

Nós dois gargalhamos em sincronia.

- Então acho que está fora de cogitação esse lance de super-herói, né?

- Sem chance. – Afirmou a loira, debochada.

- Será que dá pra vocês pararem com esse joguinho e acabar logo com isso? – Gritou o cara, nos encarando com raiva.

- Olha só, o estuprador tá ansioso pra morrer. – Jennifer riu.

- Se eu sou estuprador, vocês são torturadores, seus malditos! E eu desejo pra vocês a mesma morte que eu tô tendo!

- E eu desejo que você cale essa boca. E se você tá tão ansioso pelo fogo do inferno, era só pedir por favor, que eu quebrava essa pra você. – Peguei a pistola da cintura, apontando para Levy. – Manda um abraço pro diabo. Fala pra ele, que quando eu descer, quero ser bem recebido, porque sou eu quem tô enchendo a casa dele.

E então, o tiro ecoou, no meio do nada. A casa era escondida, afastada do calor da cidade, então todos estavam alheios à execução.

Aquilo fez uma sujeira, miolos e sangue caíram no chão. Virei de costas, guardando a arma e puxando o celular no bolso de trás. Pedi para Bradley, o "líder" e grande amigo de meu pai mandar alguém vir limpar a bagunça.

Quando encerrei a chamada, vi uma mensagem não lida de Dulce. Queria não ver e decidi que ia mudar de número antes que aquilo virasse algo frequente.

"Prometi a mim mesma que seria a última mensagem. E a última tentativa de conseguir uma resposta sua. Eu sei que está com raiva e triste, e muito decepcionado. Acredite, também estou. Mas não tenha dúvidas que ainda te amo. Sou completamente apaixonada por você, como era ontem, como serei amanhã. Sinto muito por tudo. Sei que não é o suficiente, mas estou tentando consertar as coisas."

Meus olhos arderam e meu coração, ou o resto dele, chegou na garganta.

- O que foi, docinho? – Perguntou Jenny. – Aconteceu alguma coisa?

- Preciso responder uma mensagem.

Digitei com raiva, controlando as lágrimas.

"Uma parte está certa, não é o suficiente e nunca será. Também sinto muito. Mas aceite, isso não muda absolutamente nada. Então, faça esse favor a nós dois e pare de tentar algo que nunca vai conseguir."

Talvez assim ela finalmente entenda que o que aconteceu entre nós dois morreu.

Talvez ela enterre isso de vez e supere. Talvez não.

Não importa. Não me importo.

Ela que lide com as dores e os problemas dela, porque eu já tenho as minhas dores e os meus problemas. E acredite, eles já me sufocam o suficiente.