Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

O sol estava tão forte na rua que eu quis dar meia volta e deitar na frente do ventilador. Pena que Annie já me esperava a mais de uma hora e ia fazer mais um de seus espetáculos de graça se eu não aparecesse. E o que eu menos queria era essa escandalosa gritando no meu portão.

- Aleluia! – Ela ergueu as mãos pro alto assim que me viu no portão. Abri e entrei no quintal, parando finalmente pra avaliar Annie. – Pensei que você tivesse bebido tanto a ponto de vomitar dormindo e morrer sufocada no próprio vômito. Juro que estava até pensando em qual modelinho preto ia chorar no velório.

- Você tá fazendo isso no quintal? – Apontei com o dedo pra ela, ignorando todas as suas ironias anteriores.

Annie se avaliou e deu de ombros, mas aquilo era muito ousado de sua parte. A loira estava com um conjunto de biquíni vermelho e o cabelo preso no topo da cabeça, as pernas, coxas e barriga cobertas com a mistura fedida que ela passava pelo corpo e chamava de “milagre”. Eu vivia dizendo que não fazia bem pra pele usar uma mistura de água oxigenada e amônia pra clarear os pelos, mas Annie revirava os olhos e continuava o processo. Depois, vinha me pedir cremes que acabassem com as centenas de bolinhas vermelhas que apareciam do nada. Do nada não, né.

- Minha filha, o que é bonito é pra se mostrar. – Ela bateu uma palma, parecendo literalmente com as garotas desse lugar. Eu já tinha perdido boa parte de minha amiga para o gueto. – Aliás, queria que eu fizesse aonde? No meu quarto? Os únicos raios de sol entram pelos buracos no teto. Então, só me resta me expor.

- Beleza. – Eu assenti só pra não prolongar a discussão já vencida. Eu ia falar a mesma coisa de sempre e ela ia continuar com aquela espuma branca no corpo. Se eu concordasse de verdade, não estaria com um short jeans soltinho e com uma regata verde, naquele calor onde todas as meninas passavam de top e mini short`s.

- E aí, pensou na proposta? – Perguntou, assim que eu sentei ao seu lado na outra cadeira de praia.

- Que proposta? – Uni as sobrancelhas e lhe encarei.

- Chupar Ucker. – Annie umedeceu os lábios e riu de minha careta. – Ah, fala sério, é uma ótima proposta.

- Tá falando de sexo oral? – Perguntei.

- Argh, eca. Isso que da você fazer Enfermagem, fica falando nessas linguagens técnicas que tiram toda a graça do bagulho. – Ela esticou a mão e pegou um óculos escuros jogado na grama, ajeitando-o no rosto.

- Annie, eu nem o conheço direito. – Rebati, revirando os olhos.

- A boca dele você conhece. – Ela encostou a cabeça no encosto da cadeira e subiu os pés.

- E isso é o suficiente pra “chupar” um cara? – Perguntei, fazendo aspas com os dedos.

- Não, o suficiente pra você chupar um cara é que você tem uma boca e ele tenha um “pênis”, como vocês enfermeiras dizem. – Annie riu, divertida e também fez aspas com os dedos. – Olha, vocês tem, que agradável coincidência! – Ela disse, irônica. – Eu disse que era uma ótima proposta, você devia tentar.

- Concordo com a Annie. – Ouvimos uma voz rouca e masculina dizer, seguida de uma risadinha espontânea.

Paralisei na hora. Engoli em seco e vi Annie olhar pra frente, colocando o óculos pra cima e sorrindo. Eu só queria que um buraco aparecesse no quintal pra que eu escondesse minha cara daquela situação. Escondesse o corpo todo, me escondesse. Meu Deus, eu não estava crendo naquilo.

- Ucker! – Annie sorriu, simpática. – Estávamos falando de você.

- Pois é, eu percebi. – Disse ele, maldoso e achando graça naquilo. Ainda não tinha conseguido virar o rosto pra frente e encarar ele. - Oi, Dul.

Cadê o chão que não se abria? Ou o sol que não ficava quente o suficiente pra queimar e tostar a minha cara?

- Dul! – A voz de Annie subia a cada vez que me chamava, estalando os dedos na frente do meu rosto. – Dulce, Christopher disse oi pra você.

Assenti de leve e virei pra ele, minhas bochechas deviam estar com a mesma tonalidade do meu cabelo. Tão vermelhas e coradas que eu quase podia imaginar o quanto ele estava se divertindo de ser assunto entre minhas conversas femininas.

Mas quando eu pensei que não podia piorar, tive que reservar segundos maravilhosos da minha vida olhando para cada detalhe daquele homem. Ele estava sem camisa, mostrando um tatuagem indígena que pegava o peito direito, o ombro e uma pequena parte do braço. Além de estar sensual  mostrando suas tatuagens e um pouco suado, parecendo ter acabado de sair de um comercial, Ucker estava com uma bermuda jeans saruel apertadinha, um óculos escuros Aviator, boné de aba reta cinza e seu skate colorido embaixo do braço. Como um homem só podia ser tão gostoso? Até aquele tênis surrado de skatista ficava sexy nele.

Eu devia estar babando, porque ele riu ao me encarar.

- Vai me deixar no vácuo? – Perguntou, encostando um dos braços na grade da cerca de ferro da casa de Annie e estendendo o sorriso.

- Oi. – Soltei, com medo da minha voz estar saindo tremida. Tenho certeza que saiu tremida.

- Vem da um rolé comigo. – Ucker inclinou a cabeça para o lado e sorriu, mordendo o lábio. Aquela mania dele mexia comigo.

Olhei pra minha melhor amiga, ela sorria maldosamente e me enxotou com a mão, colocando o óculos novamente na cara. Olhei pra Ucker, ainda hesitante, mas alguma coisa dentro de mim dizia que eu já devia ter topado imediatamente.  

- Vem, princesa. O vagabundo te traz de volta, com segurança. – Ucker garantiu e eu assenti de leve.

Adorava quando ele era chamado de vagabundo, mas no sentido bom. Nenhum apelido combinava mais com ele do que aquele.

Besitos, amores, comentem ;)