Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Todos esperavam qualquer resposta minha, qualquer reação. Mas eu sequer conseguia organizar meus pensamentos, imagina formular uma resposta para todos aqueles olhares. Então, arrumei a postura, dei um suspiro e um sorriso e prometi, não só a eles, mas a mim mesma que ia mudar aquela situação.

Minha família acreditou e eu também. Mas não foi fácil, muito menos rápido. Precisei de quase um mês para conseguir um novo emprego, dessa vez no turno da noite de um pub em Watts. Isso me dava o dia todo livre, onde eu geralmente arrumava a casa, lia uns livros, ficava no computador ou assistia televisão, às vezes tudo no mesmo dia. Teria que esperar até o próximo semestre para renovar minha matrícula na faculdade, então teria bastante tempo de tédio.

- Então, você não vê o Adam desde aquele dia? – Perguntou Annie, sentada no sofá da sala.

- Isso. – Respondi de costas para ela, tirando o pó da estante com o espanador.

- Nossa, que pena. – Dou uma risada ao ouvir a ironia em sua voz. – É sério, Dul, eu sinceramente não sei como você conseguia aguentar aquele garoto, ele é um pé no saco.

- Você já ficou com ele, Annie.

- Eu dei uns beijos nele numa festa e estava com a porcentagem de álcool mais alta que de uma garrafa de Black Label.

- Em 90% das vezes você estava nesse estado. – Dei de ombros, ouvindo sua risadinha.

- Mas eu lembro muito bem se eles foram bons ou não. Alfonso, por exemplo... Mesmo bêbada eu sei muito bem dizer como ele me convenceu a chupar o...

- Tá bom, chega! – Interrompi sua fala bruscamente e Annie riu. – Você tem que parar com esse trauma, aquele cara é um babaca. Todos os caras daqui são babacas. Foca no seu namorado, finalmente você conseguiu alguém decente, loira.

- É, pode ser.

- Pode ser? – Virei de frente para ela, colocando as mãos na cintura. – Annie, o Oliver vai ser médico, vai salvar vidas!

- Eu sei, mas as vezes ele é bonzinho demais, sabe? – Ela franziu a testa e suspirou. – Acho que falta aquela pegada de malandro, não sei explicar. Olly não me excita tanto.

- Jaleco branco não te excita?

- Dul, você sabe que eu sempre gostei mais do lobo mal do que do príncipe encantado.

Assenti, porque entendia, de uma forma ou outra.

- Isso quer dizer que vai terminar com ele? – Perguntei.

- Não, claro que não. – Annie revirou os olhos. – Mamãe disse que eu preciso ter uma vida tranquila e casar com um cara assim.

- Vai ouvir os conselhos dela?

- Pela primeira vez na vida. – Minha melhor amiga gargalhou. – Quem sabe dá certo dessa vez?

Nós duas rimos juntas, então peguei novamente o espanador e voltei a limpar as prateleiras da madeira.

- Sabia que você tá super sexy com isso? – Brincou ela, então dei uma risada. – Sério, parece aqueles filmes pornôs com empregadas, coisa e tal... Coisa de fetiche masculino. Se eu fosse homem, estaria agora de pa/u duro.

- Cala essa boca, Annie!

Virei rapidamente, jogando o objeto em sua direção. Ela desviou, gargalhando e logo depois me deu o dedo do meio.

- Errou.

Corri até a loira no sofá, atirando meu peso sobre seu corpo. Anahí soltou sua risada incontrolável, enquanto eu lhe aplicava um falso golpe de luta.

- Solta o meu pescoço, sua bandida! – Protestou, me fazendo apertar mais ainda.

Quando aquela brincadeira acabou, estávamos as duas ofegantes, nos encarando. Só eu sei o quanto senti falta de minha amiga. Só eu sei o quanto doeu ter que ver as pessoas indo embora da minha vida. E principalmente, só eu sei o quanto quero consertar isso.

- Eu te amo, Annie banana.

- Ah, isso é sacanagem! – Ela abriu a boca em protesto ao apelido que eu e Oliver tínhamos inventado. – Eu também amo você. Mas vamos parar com a melação porque o meu rímel não é a prova d`água e eu não tô afim de parecer um urso panda.
Dei uma risada e me levantei do sofá.

- Pra variar, estou atrasada.

- Vou ligar para o Oliver e pedir para ele vir nos buscar. – Murmurou a loira enquanto eu já me encaminhava até o quarto.

Assim que eu entrei na bagunça que era aquele cômodo, dei de cara com o espelho da parede. Um sorriso genuíno estava espalhado em meu rosto, daqueles que fazia tempo que eu não via.

- Cair sete vezes, levantar oito. – Sussurrei para mim mesma. – Esse é o segredo da vida.