Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

- Cacete, vamos logo, Dul! – Annie estava aos berros enquanto eu tentava fechar a porta de casa. Para variar, o molho de chaves caiu aos meus pés, me fazendo parecer a pessoa mais atrapalhada do mundo.

Quando finalmente consegui realizar aquela simples tarefa, dei uma corridinha, abrindo o portão e encontrando a porta de trás do carro de Oliver aberta.

- Oi, Oliver. – Murmurei, colocando a cabeça entre os dois bancos enquanto o moreno dava a partida com o carro.

- Oi, ruiva. – Ele sorriu. – Você não costuma se trocar no trabalho?

- Hoje tô muito atrasada, então... – Dei de ombros.

- Tá parecendo uma pu/ta. – Annie riu, colocando o óculos escuros do namorado no rosto. – Vai ganhar as melhores gorjetas da noite.

Suspirei, sabendo que por mais tosco que soasse, era a verdade. Eu e minhas colegas de trabalho éramos obrigadas a usar um uniforme minúsculo que garantia a clientela fiel de Steven e as gorjetas gordas das garçonetes. Era uma saia xadrez vermelha e uma blusa branca que além de deixar a barriga de fora, dava um nó no meio dos seios. Apelativo e um tanto humilhante, convenhamos.

- Então, nosso encontro de hoje tá de pé? – A voz de minha amiga me tirou de meus pensamentos.

- Não tô na vibe de segurar vela, casal.

- Que vela o quê, já te falei que vou levar um amigo muito maneiro e...

- Não, Oliver. – Cortei logo sua tentativa. – Não tô afim de conhecer ninguém.

- Ele é uma gracinha, Dul. – Insistiu a loira.

- E tá louco pra te conhecer, ruiva. – Completou Oliver. – Ah, qual é, da uma chance pro cara, não custa nada...

- Precisa tirar essas teias, amiga. – Dei a língua para a provocação dela. – Além do mais, se der certo e eu tô rezando pra dar, saíremos nos quatro de casalzinho.

- Eca. – Fingi puxar vômito colocando o indicador na direção da garganta.

Os dois riram de minha atuação, até que de repende, realmente do nada, Oliver freiou o carro tão abruptamente que o pneu pareceu rasgar o asfalto. O barulho foi ensurdecedor, me fazendo olhar para a frente com velocidade e me arrepender no mesmo instante. Fiquei tonta, e não sabia se era pelo fato de estar num carro que quase sofreu um acidente, ou pelo homem que quase o causou.

- Ucker? – A voz de Annie soprou dentro do automóvel enquanto ela lentamente tirava seus óculos escuros. Nós três estávamos com os olhos arregalados de pavor, mas ninguém no mundo inteiro tinha o coração tão acelerado e descompassado quanto o meu. Aquilo devia fazer mal à saúde.

Não era uma miragem, antes fosse mais uma peça de minha imaginação fértil. Ele realmente estava lá, não o mesmo antes, ao menos não fisicamente. Ucker tinha novas tatuagens pelo corpo e um de seus braços estava fechado de desenhos. Ele estava muito mais musculoso e até parecia mais alto. Sua postura também mudara, algo imponente, majestoso, algo que parecia como um líder. Agora não parecia um moleque e sim, um homem feito. Não fosse pelo boné preto virado para trás e escondendo de minha visão seus cabelos castanhos ou o fato de estar sem camisa, eu não acharia muitas semelhanças com o Ucker que conhecia e amava. Esse... Esse homem na frente do carro, eu não conseguia ter certeza se conhecia. Havia uma aura negra que eu não lembrava estar ali antes.

- Annie? – Ele uniu as sobrancelhas e sorriu.

Meu corpo inteiro derreteu. Aquele sorriso! Droga, eu pensei estar indo bem na missão "esquecer Ucker", mas percebi que ainda estava na merda quando fiquei sem respirar por causa daquele sorriso.

- Foi mal. – Foi apenas o que ele disse, acenando com a cabeça e voltando para a calçada de onde tinha saído, com uma bola na mão. Oliver rapidamente prendeu o cinto e deu partida com o carro, me observando pelo espelho.

- Tá tudo bem? – A loira perguntou.

- Acho... acho que sim.

- Foi só um susto. – Murmurou Oliver.

- Só um susto. – Repeti.

Olhei para trás e vi Ucker jogando futebol entre os amigos, sorridente e inabalável. Claro que ele tinha me visto. E nem olhou na minha direção. Nem disse nada. Apenas me ignorou.

Esfreguei as mãos, encarando o movimento. Suspirei tão alto que os dois olharam para mim ao mesmo tempo.

- Dulce, quer voltar para casa?

- Eu te arrumo um atestado médico. – Ofereceu Olly.

- Não, obrigada. – Dei um meio sorriso. – Preciso trabalhar, distrair a cabeça. Quem sabe assim me sinto... melhor.

Oliver e Annie assentiram com a cabeça.

O importante é que faz sol com ou sem ele. O importante é que eu acordo todos os dias, destruída internamente, mas acordo. A importância toda dessa merda tá nisso. Eu sobrevivi até a maior destruição, sobrevivi até ao caos completo. Consegui sair do meio do furacão da minha vida, não intacta, mas viva.

- Quer saber? – Murmurei, esticando o corpo e ficando novamente entre os bancos. – Me deu uma vontade de conhecer esse seu amigo... Afinal, não tenho nada a perder.

Anahí sorriu e disse, simplesmente:

- É hoje.

Opaaa, obrigada por acompanharem e serem sempre tão compreensivas ;)

Beijos, comentem ! Até breve.