Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

Ah, droga, droga, droga!

- Ucker! – Chamei seu nome mais uma vez, balançando seu corpo com minhas mãos. – Acorda, por favor. Não fecha os olhos. Tá me ouvindo, não fecha os olhos!

Eu já devia tá falando sozinha, provavelmente com aquele porrada na cabeça, ele já estava desmaiado.

Me abaixei perto de seu ouvido e sussurrei bem baixinho, torcendo para que alguma parte de sua consciência me escutasse:

- Eu vou cuidar de você.

Quando voltei a olhar seu rosto, ele estava com os olhos semiabertos, o que já era um excelente sinal. Com Ucker acordado, ao menos eu poderia levá-lo para dentro e como boa pessoa e ótima estudante de enfermagem que sou, cuidar dele.

- Vem. – Sussurrei, pegando no seu braço direito.

Ele ergueu o tronco, apoiando seu braço nos meus ombros e com muito esforço e muito apoio meu, levantou. Caminhamos lentamente até o portão da minha casa, que graças a Deus estava bem próximo e aberto. O mais difícil, portanto, foi abrir a porta e entrar com Ucker sem fazer nenhum barulho. Ele ainda parecia tonto, tropeçando no tapete a caminho do meu quarto. Esperei ele passar e tranquei a porta, acendendo a luz do quarto. Quando virei, tive um momento de total paralisia ao vê-lo sentado na minha cama. Achei que nunca mais fosse ter sua presença no meu quarto, mas lá estava ele. Uma linha de sangue escorria pelo lado direito de seu rosto e havia um inchaço enorme na linha de sua sobrancelha.

Me aproximei, abaixando para pegar minha maleta vermelha de primeiros socorros guardada sempre embaixo da cama.

- Ainda tonto? – Perguntei, apoiando a maleta ao seu lado.

- Já tô bem melhor. – Sussurrou.

Assenti com a cabeça antes de ir até o banheiro lavar as mãos. Assim que voltei, tratei de limpar o sangue quase seco e o corte, que devia ter aproximadamente 3 cm, mas era profundo. Ficamos em total silêncio durante todo o processo e depois de pilhas de algodão sujo, cheguei a conclusão de que a cicatriz seria feia se ele não levasse pontos no ferimento.

- Acho melhor irmos para o hospital. – Murmurei. – Vou acordar o Henry.

Mal dei o primeiro passo e Ucker segurou meu punho, me impedindo.

- Não faz isso.

- Ucker, você vai ter que levar alguns pontos e eu não posso fazer isso, não tenho experiência.

- Se não pode, vai ficar assim. – Disse, me passando claramente a noção de que não havia negociação. – Eles vão me perguntar o que houve e em casos que envolvem ferimentos com armas de fogo, chamam a polícia.

Ele agia como um fugitivo: total aversão a policiais.

- Ok. Fique com uma cicatriz imensa, não é a minha testa. – Dei de ombros, indiferente.

Ele riu.

- Vou continuar bonito.

Revirei os olhos e suspirei alto. Meu espírita altruísta de enfermeira não me permitiria deixar aquele buraco sobre a sobrancelha de Ucker.

- Eu vou logo avisando que vai doer, porque eu só tive aulas teóricas sobre isso.

Ele assentiu, mordendo o lábio inferior.

Não parecia com medo, mas era melhor ter. Era minha primeira aula prática.

- Vamos fazer um trato?

- Sem essa. – Cortei, sabendo que boa coisa não viria.

- Não está nem curiosa pra saber o que é?

- Você é mais legal desmaiado. – Sussurrei, fazendo ele soltar uma risada.

- Eu serei sua cobaia e vou ficar aqui quietinho, não vou dizer nem um "ai".

- E... – O incentivei a continuar.

- E você me da uma recompensa pela minha coragem.

- O que, um pirulito? – Sugeri e Ucker riu pelo nariz.

- Não.

- Então o que é?

- Não vou contar antes de você aceitar.

- Não vou aceitar antes de você contar. – Rebati. – Como posso entrar num acordo totalmente as cegas? Não vou assinar um contrato em branco.

- Isso quer dizer que não confia mais em mim? – Perguntou.

Era difícil responder.

- Tudo bem, eu aceito.

Novamente, o silêncio se instalou enquanto eu colocava o fio na agulha e esterilizada a área. Ucker realmente fez o que disse, ficou paradinho, possibilitando assim que eu realizasse uma excelente sutura.

Quando acabei, ele me encarava com os olhos profundos, como quem quer dizer alguma coisa importante. Confesso que aquilo me deixou curiosa, mas ao mesmo tempo, senti medo. Eu me esforcei, e muito, para mantê-lo afastado, mas as circunstâncias parecem nos unir, como se a própria mão do destino não quisesse que aquela história acabasse. Ucker também não queria. Eu podia ler no seu olhar, na sua insistência, na sua persistência... Eu via seu arrependimento estampado na cara como letras cintilantes em um outdoor.