Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

- Precisa tomar alguns cuidados com os pontos, Ucker, como não lavar a área por 24 horas. Após este período, começe a lavar o ferimento cuidadosamente com água quente e sabão líquido uma ou duas vezes ao dia. Passe uma pomada antibiótica depois de lavar o ferimento para evitar a formação de uma crosta grossa sobre os pontos. Após 48 horas é permitido nadar e tomar banho com segurança. Só vai poder tirar daqui a três ou quatro dias.

- Que palhaçada. – Resmungou.

- Eu vou te dar uma pomada que eu tenho aqui pra você levar. – Entreguei a ele, que guardou no bolso e agradeceu.

- Vai ser uma ótima enfermeira. Fala muito bonitinho. – Elogiou, me arrancando um sorriso bobo.

- Valeu.

Ucker sorriu de volta e aí chegamos ao silêncio constrangedor de novo.

- Acho melhor você ir agora. – Sussurrei, encarando o chão. – Tá tarde.

- Não vai me perguntar por que aquele cara me deu uma coronhada?

Percebi que nem por um segundo tive vontade de saber. Estava tão preocupada com ele que até me esqueci o que tinha causado aquilo.

- Já imagino. E não estou curiosa pra saber sobre seus problemas de gangue.

- Aquilo foi uma tentativa fracassada de assassinato. – Ucker franziu a testa, irritado. – Algum covarde me pegou pelas costas. E você me salvou.

- Só fiz o que qualquer pessoa faria. – Dei de ombros, guardando as coisas em seus respectivos lugares.

- Não banaliza a situação. – Pediu, me encarando. – Você cuidou de mim.

- Ucker, eu serei enfermeira, é o meu instinto de ajudar ao próximo. Foi só isso.

- Independente do que tenha sido... – Murmurou e no mesmo instante segurou minha mão, me puxando de leve para perto. – Obrigado.

Olhei em seus olhos, tentando encontrar ali algo que me fizesse não acreditar na sua sinceridade. Seria mais fácil se ele tivesse mentindo.

Mas eu sabia que ele não estava. Ucker sabia que eu entraria na frente de uma bala por ele. Sabia que eu tinha salvo sua vida porque era uma forma de salvar a minha também.

- Tínhamos um trato, não? – Ele deu um sorrisinho.

- Você não aceita mesmo um não como resposta, não é? – Balancei a cabeça.

- Aceitaria se você tivesse me dado um. Mas em momento nenhum você disse que não me amava mais.

- É só esse não que vai aceitar?

- Só esse. – Assentiu.

- Esse eu não posso dizer. – Confessei.

- Então é melhor se acostumar com a minha insistência, amor.

Arfei, surpresa. Nem nos meus sonhos ele me chamava assim mais.

- Não me chama de amor, Ucker.

- Por que não? – Ele ergueu as sobrancelhas. – Você ainda é o meu amor.

Foi só isso e meu coração acelerou, como um bobo, exatamente como a dona. Não era justo isso, ele também tinha que sofrer, nem que fosse um pouquinho. As coisas não podiam ser tão fáceis pra ele. Tinha doído tanto em mim, mas pra ele... Com Ucker era só chegar e pronto. Desde o nosso primeiro beijo, ele sempre exerceu todo esse poder sobre mim.

- Ok, vamos logo com isso, eu preciso dormir, Ucker. – Murmurei, desviando o assunto. – O que vai querer?

- Quero que acredite em mim. Só isso, me dê um voto de confiança. – Pediu, me olhando nos olhos. – Vamos dizer que seria uma milésima segunda chance.

- Não acha que é muito? – Cruzei os braços. – Acha que vamos voltar por isso?

- Não tô falando sobre voltar, Dul. A questão aqui é você acreditar em mim, acreditar no meu arrependimento, acreditar que tive motivos pra deixar você.

- Tudo bem. – Dei de ombros.

- Acreditar que eu ainda amo você acima de todas as coisas, que eu com certeza te amo muito mais do que a mim mesmo. E por mais brega que isso seja, porra, é a coisa mais sincera que eu já disse. Eu mato e morro por você, Dulce Maria.

Senti as lágrimas encherem meus olhos, mas não disse sequer uma palavra.

- Acredita em mim?

- Acredito. – Sussurrei.

- Acredita de verdade ou só tá dizendo isso da boca pra fora?

- Acredito de verdade.

- Isso é bom. – Ucker deu um sorriso. – Agora vou deixar você descansar, porque seu dia foi bem agitado.

- Uma montanha russa. – Murmurei, fazendo ele rir de leve.

Ucker levantou-se, me fazendo olhar pra cima para lhe encarar. Colocou uma mão carinhosamente na minha nuca e beijou minha testa. Senti meu corpo inteiro tremer e quase desmaiei quando ele envolveu seu braço no meu tronco, me abraçando com ternura.

- Eu vou amar você até o fim dos tempos. – Sussurrou, fazendo carinho no meu cabelo.

Não havia como ter estrutura depois disso. Eu com certeza choraria até não poder mais na cama. Mas graças a Deus, na frente dele mantive a pose de durona e não derramei sequer uma lágrima.

Ucker então, foi embora. Saiu pela janela, deixando o vidro aberto e as cortinas balançando com o vento. Também deixou a mim, paralisada.

Demorei alguns minutos até reagir, até perceber que se ficasse parada ali, o dia ia amanhecer lá fora e nada mudaria aqui dentro.