Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Ucker narrando.

Se eu soubesse que esse domingo seria tão quente, teria com certeza ido pra praia. O sul de Los Angeles era tão incrível, mas tão incrível, que mesmo no inverno aquele calor de subúrbio não abandonava a gente. Podia sentir o suór escorrer pelas minhas costas enquanto andava de skate, subindo e descendo a rua de Dulce. Não, é sério, não foi por causa dela. Hoje não. Na verdade, a rua dela é praticamente uma ladeira e tem um asfalto mil vezes mais liso do que na minha rua. Era esse o motivo.

- Vou parar, meu estômago tá comendo meus outros órgãos. – Murmurei, ofegante.

- Eu também, tô cheio de sede. – Poncho assentiu, limpando a testa brilhando de suór.

Coloquei o skate embaixo do braço, virando o boné preto pra trás.

- E aí, você e a Dul não vão se acertar mesmo não?

- Pelo visto não. – Dei uma risadinha fraca.

- Você também foi um filho da pu/ta, eu não te perdoaria.

- Valeu, amigão. – Bati no ombro dele, que riu pelo nariz.

- Caô, perdoaria sim, gostoso desse jeito. Como resistir a você? – Poncho mordeu o lábio inferior.

- Volta pro armário, via/dinho.

Nós dois gargalhamos juntos, empurrando um ao outro. Tava com saudades disso.

- Olha o tamanho da bun/da da Dul, ela pode namorar o cara que ela quiser, você não merece aquilo tudo...

Soltei um tapa estalado no pescoço dele, que reclamou e depois riu.

- Olha o respeito. – Sussurrei.

- Mas fala aí, e a Jennifer? Deu mais que chuchu na serra, né? – Poncho me cutucou, maldoso. – Nessas férias de vocês a pornografia deve ter rolado solta. Fizeram todo o Kama Sutra, certeza.

- Cala essa boca, cara.

Entre risadinhas, ficamos em silêncio até chegar na parte mais plana da rua. Olhei imediatamente pra casa de Dulce, esperando que ela tivesse no portão ou na janela, mas o acaso não tava muito afim de me oferecer esse privilégio hoje.

- Que isso, hein. – Ouvi uma voz feminina, rindo.

Eu e Poncho olhamos ao mesmo tempo, vendo Annie com um biquíni minúsculo preto deitada numa cadeira de praia no jardim de sua casa.

- Que gostosos. – Ela abriu um sorriso, brincando.

- Quer pegar uma insolação? – Ergui as sobrancelhas, me aproximando.

- Tá gostosa pra cara/lho, hein. – Poncho se apoiou no portão.

- Levando o cachorro pra passear, Ucker? – Ela me encarou, enquanto levantava da cadeira para abrir o portão. – Entra aí.

- Ele tem que dar uma voltinha pra não mijar no sofá de casa, né? – Assenti, fazendo meu melhor amigo fechar a cara e me dar um empurrão.

- Ela pode me zoar porque é gostosa, você não.

- Você acabou de me chamar de gostoso, larga de falsidade, mano. – Franzi a testa, irônico.

- Mas é que você eu nunca comi, ela já. – Poncho murmurou e Annie imediatamente soltou um tapa no braço dele.

- Respeito é bom e conserva os dentes dentro da boca! – A loira cruzou os braços e eu só ria da situação. Que casalzinho de novela.

- Vai fazer o que, chamar seu doutorzinho pra me ameaçar com um bisturi?

- E cortar o seu pescoço, que tal? – Rebateu ela.

- Será que da para as crianças pararem? – Bufei. – Annie, pega água pra gente, por favor.

Ela assentiu, enquanto eu e Poncho sentávamos na grama ao lado da cadeira. Olhei o céu, tão azul que dava medo de tanta imensidão.

- Tá marolando aí, cara?

- Não. – Balancei a cabeça.

- Vocês querem comer? – Anahí gritou de dentro da casa.

- Eu quero! – Poncho respondeu no mesmo tom. – Você!

Soltei uma gargalhada alta, ele não merece um tapa?

- Só por isso vai ficar sem. – Ela apareceu na porta, cruzando os braços. – Quer, Ucker?

- Claro! – Concordei. – Mulher, comida e cachaça não se nega.

Annie revirou os olhos e voltou pra dentro da casa. Minutos depois, deu água pra gente e apareceu com dois pratos imensos nas mãos, senti na hora minha boca salivar com o cheirinho de frango frito. Ela até voltou e pegou Coca geladinha pra gente, o que foi de se estranhar.

- O que aconteceu que você tá tão gentil hoje? – Perguntei.

- Eu sou gentil.

- Não, eu conheço você e conheço as mulheres quando querem alguma coisa. – Cerrei os olhos, bebendo um gole de Coca. – O que você quer?

- O frango tá bom? – Annie perguntou, desviando o assunto e passando a mão no cabelo de Poncho como se ele fosse um cachorro.

- Uma delícia. Quase um KFC. – Respondeu de boca cheia.

- Então... – A loira deu um sorriso sapeca. – Vocês vão me ajudar numa coisa, não vão?

- Eu sabia! – Exclamei, apontando pra ela. – Sua interesseira... – Cerrei os olhos.

Annie gargalhou, me dando o dedo do meio.

- O que você quer, que eu te ajude a se livrar daquele doutorzinho de merda? – Poncho questionou.

- Não. – Ela revirou os olhos. – Quero a ajuda de vocês pra organizar uma festa. Uma festa surpresa, na verdade.

- Pra quem? – Ergui uma sobrancelha.

- Como pra quem... – Annie bufou. – Pra Dul, idiota!