Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

Eu estava simplesmente maravilhosa. Tudo bem que eu tinha ficado o dia inteiro naquele salão e perdi meu sábado inteirinho, porém mais tarde quando fosse sair com Annie pra comemorar meu aniversário na nossa balada de sempre, estaria arrasando.

Meu cabelo estava hidratado, cheiroso, com as pontas cortadinhas e de um liso perfeito até o meio das costas. Meu rosto, só Deus sabe qual tinha sido o milagre, mas era outro rosto: desde as sobrancelhas bem feitas até a maquiagem profissional. Unhas então, nem se fala. Mas o melhor de tudo era o vestido, com um decote incrível e saia pregada. Os saltos eram azul caneta, no mesmo tom que o vestido, deixando minhas pernas nuas mais compridas e sensuais do que eram normalmente. Aquela promoção era completamente luxuosa e logo eu, que nunca tinha ganhado sequer uma rifa de escola, tinha sido a sortuda. Era como um acúmulo de sorte pelos dezoito... Opa, dezenove anos de vida sem usar.

- Por que estou tão arrumada? – Perguntei a Daniel, que me olhou e sorriu, sentindo-se vitorioso pelo excelente trabalho dele e de sua equipe.

- Porque é a diva do dia. – Com minha risada como resposta, ele prosseguiu. – Anahí me pediu pra deixar você divina para a balada e foi o que eu fiz.

- Mas até eu chegar em casa, há uma grande chance de eu estragar alguma coisa.

- Você está linda, Dulce. Apenas... Aproveite a noite.

Assenti dando um sorriso, sem conter minha animação.

Daniel até tirou uma foto minha, dizendo que ia colocar no site e na página do salão. "Uma propaganda e tanto", disse ele.

Peguei o táxi e sentei no banco de trás, abrindo a janela e deixando o vento brincar com meus cabelos. Podia perfeitamente me enxergar como personagem de um seriado e isso me fez rir sozinha. A impressão é de que faziam anos que eu não me sentia tão bem, que não estava tão feliz comigo mesma. Cheguei em casa com a mesma sensação e o taxista, tão prestativo, me levou até o Compton mesmo sendo de noite e extremamente perigoso. Achei estranho a escuridão que estava minha casa, me fazendo supor que Henry já tinha saído e nem veria o resultado de 12 horas no salão de beleza.

- Henry? – Murmurei logo depois de abrir a porta.

De repente a luz se acendeu e minha visão foi tomada por várias pessoas sorrindo e dando o clássico grito de "surpresa!". Até meu cérebro assimilar que minha sala toda decorada e lotada de gente era uma festa para mim, eu estava com a mão na maçaneta e com a maior cara de espantada. Se queriam me surpreender, tinham conseguido, porque eu nunca, nunca, nunca mesmo esperava isso.

- Fala alguma coisa! – Ouvi Annie rir entre as vozes.

- Ai. Meu. Deus. – Pisquei os olhos diversas vezes e todos eles riram com minha atitude.

Deixei meus olhos e bocas escancarados, recebendo abraços calorosos de todos os lados. Rostos e vozes conhecidos chegavam em mim. Annie, Henry, Luca, Maite, Alfonso, Christian, amigas do antigo trabalho, colegas do novo...

Haviam mais pessoas enchendo minha casa, pessoas que eu não conhecia ou então só de vista, mas estavam lá, sorrindo, me abraçando, me desejando felicidades. Eu nunca tinha me sentido tão querida antes. Era a primeira vez que faziam uma festa surpresa de verdade pra mim, nas outras três vezes que tentaram, algum amigo acabou me contando sem querer ou dando bobeira com alguma coisa que me deixasse descobrir. Mas dessa vez, tinha sido tão maravilhoso que me senti mal por ter estragado das outras vezes.

- Então, não havia promoção nenhuma? – Perguntei para Annie assim que nos afastamos daquele abraço apertado.

Ela balançou a cabeça negativamente, rindo.

- Eu sabia que não tinha tanta sorte assim.

- Não considera isso sorte? – Ela perguntou, se referindo a toda aquela festa.

- Obrigada. – Sorri. – Deve ter sido uma grana.

- A conta do salão, acredite ou não, foi o traste do meu pai que pagou. – Annie uniu as sobrancelhas. – "Um presente por ter sido um péssimo e ausente tio postiço".

Franzi o cenho, rindo.

- Palavras dele. – A loira deu de ombros. – Ele acha que pode comprar tudo, não perde essa mania.

- Lembre-me de agradecer depois. – Pedi.

- É verdade, está maravilhosa. – Ela me fez dar uma voltinha. – O vestido foi presente da minha mãe, assim como os sapatos. Ela também mandou você arranjar um namorado, mas nunca depender de homem.

Nós duas rimos juntas. Tia Mari é uma das melhores pessoas que conheço.

- E o meu presente, claro, é essa festa maravilhosa. Me deu bastante trabalho, mas você merece. Ralei bastante e os meninos também. – Ela riu. – Pra ser justa, eles sofreram mais que eu.

- Meninos? – Ergui a sobrancelha.

- Sim. Poncho, Chris e Ucker. Henry foi enfeite. – Ela revirou os olhos.

Ucker? Aquilo era demais pra mim. Ele não tinha o direito de mexer comigo dessa forma. E por que não estava ali? Por que não vi seu rosto entre tantos?

Recebi aquele monte de abraços, mas o que eu mais queria, o que era sem dúvida um dos mais importantes, não. Os braços que eu mais queria envolta de mim naquele momento, não estavam ali.