Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Jennifer narrando.

Abri os olhos rapidamente, assustada com o pesadelo que havia tido. Sentei na cama, secando o suór na testa com a palma da mão e olhei para os lados, reconhecendo o lugar. Eu queria dormir naquele quarto todos os dias, sentindo aquele cheiro de homem na cama. Ai, Ucker...

Puxei o celular debaixo do travesseiro, vendo que já passava das cinco da manhã. Eu dormi com o celular embaixo do travesseiro porque até uma uma ligação dele bêbado, de madrugada, me querendo como última opção era melhor que esse silêncio. Mas não havia nada ali, nem sequer uma mensagem curta, só pra me dizer se tava bem, se tava feliz. Porque era isso que importava, além de todas as coisas, eu só quero vê-lo feliz. Acho que isso é amor de verdade, onde a gente só quer ver o outro feliz, mesmo que isso custe nossa própria felicidade.

Levantei calmamente, vestida apenas com uma camisa preta do Ucker. Arrastei os pés no chão até chegar ao banheiro, vendo os raios de sol começarem a surgir. Já estava calor e o dia mal tinha amanhecido.

Me despi na frente do espelho e entrei no chuveiro, penteando os cabelos com os dedos embaixo d`água. Fiz questão de passar o sabonete dele só pra ficar com aquele cheiro que me enlouquecia.

Assim que me estiquei pra pegar o shampoo, ouvi alguém soltar uma risada. Tomei um susto, derrubando todos os produtos no chão.

- Seu filho da pu/ta! – Gritei, vendo Ucker pelo vidro do box.

- A porta tava aberta. – Respondeu, escrevendo seu nome no vidro.

- Sai daqui que eu tô pelada. – Virei de costas, rindo.

- Novidade nenhuma. – Brincou ele, mas depois perdeu o sorriso. – Sério, se veste aí que a gente tem que conversar.

Ucker bateu com a mão no vidro do box e depois saiu do banheiro. Eu sabia que boa coisa não era, de jeito nenhum. Só quem conhece esse garoto sabe que ele nunca fica sério desse jeito à toa.

Deixei pra lavar o cabelo depois, desligando a água e me enrolando na toalha rapidamente. Os fios loiros estavam mais escuros, encharcados e embaraçados, mas eu não me importei, apenas queria saber o que era.
Ucker estava sentado na beira da cama, mordendo o lábio inferior e mantendo o olhar distante.

- E aí, como foi a festa? – Dei meu melhor sorriso.

- Foi legal. – Ele deu de ombros. – A Dul adorou. Deu trabalho, mas valeu a pena.

- O Chris me mandou uma foto. Tava bem cheia. – Fiz um nó na toalha e sentei ao lado dele. – Ele me disse que você tava sentado no sofá jogando. E eu pensando que você e a Dulce iam super fazer as pazes...

Ele me encarou com um sorrisinho de lado. E eu li seu olhar.

- Pois é. – Ucker sorriu. – A gente transou. Umas quatro vezes.

Senti o ar faltar. Cadê o chão sob meus pés? Eles transaram, é por isso que ele tá com esses olhinhos brilhantes. Eu tenho que ficar feliz.

- E depois? – Perguntei.

- Depois a gente ficou abraçadinho, parecia um sonho. – Ucker sussurrava com o maior sorriso do mundo. – Eu pensei que nunca mais ia me sentir dessa forma, mas... Cara/lho, Jay, você não faz ideia de como é sentir o peito pegar fogo de tanta amar uma pessoa.

É claro que faço. Assenti, arriscando um pequeno sorriso, mas senti um gosto de bile na garganta.

- Aí a Annie chamou a gente pra cantar parabéns, ela ficou toda boba, você tinha que ver os olhinhos dela, cara. – Ele mordeu o lábio inferior. – Eles brilhavam.

O meu também, mas eram as lágrimas, quase caindo.

- Aí depois eu me despedi dela porque o Chris tava muito bêbado e eu achei melhor trazer ele pra casa logo.

- Como sempre, o Chris estragando as festas. – Brinquei, fungando o nariz.

- Que foi, você tá bem? – Ucker uniu as sobrancelhas, parecendo preocupado.

- Sim, eu só tô... – Levantei, virando de costas pra ele. – Ficando resfriada.

- Isso que da ficar andando de toalha por aí. – Brincou Ucker. – Tá achando que eu sou idiota? Quer mesmo mentir pra mim?

Apertei os lábios um contra o outro.

- Anda, me conta. O que tá acontecendo?

- Nada.

- Jay-Jay...

Não me chama assim, agora não. Ele me abraçou por trás, soltando um beijo leve no meu ombro nu.

- Pode confiar em mim, esqueceu? Somos como irmãos.

- Irmãos? – Me afastei bruscamente. – Então você faz sexo com a sua irmã, é isso?

- Jay...

- Não, Ucker, cala a boca e me escuta. – Falei entredentes, virando para lhe encarar. – Isso aqui não tá dando mais certo. Ser sua amiguinha, sabe? Eu te amo pra cara/lho, mas você não me ama da mesma forma, ponto. A vida tem dessas coisas, beleza. Mas para de me iludir, para de me abraçar e me beijar e me deixar dormir aqui usando sua blusa... Seja ruim comigo, de verdade, me ignora, me expulsa do seu quarto, da sua casa, da sua vida, mas não me engana! Porque eu não aguento mais isso!

Ele me encarava, paralisado.

- Eu quero que você seja feliz, quero que se case com a Dulce e que vocês sejam felizes pra cacete juntos, mas isso tá acabando comigo! – Deixei as primeiras lágrimas rolarem pelo rosto. – Eu não consigo, não consigo mais... Há dias atrás estávamos dormindo juntos, e agora... Agora você tá com o cheiro dela!

- Jennifer... – Ele sussurrou, esticando a mão na minha direção.

- Não! – Sequei as lágrimas com as costas da mão. – Alguém precisa fazer isso, pelo nosso bem. Eu faço. Acabou, Ucker. Eu vou seguir o meu caminho, você segue o seu ao lado de quem você ama e pronto. Boa sorte e apesar de tudo, obrigada por ter sido a melhor coisa que eu nunca tive.

Eu queria abraçá-lo, mas não consegueria. Dei dois passos pra trás, fugindo do quarto, de toalha mesmo. Desci a escada e ouvi Ucker me chamando, mas fui mais rápida, saindo da casa com pressa.

Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão. Com tantos sentimentos arrumados cuidadosamente na prateleira de cima, tinha de ser justo amor, meu Deus?

Corri por toda a rua aonde meus pés me levassem, arrancando olhares de algumas pessoas, surpresas. Eu devia estar como louca, cabelos molhados, toalha, olhos vermelhos... Sorte ser tão cedo e a rua estar vazia.

- Ei, ei! – Ouvi uma voz masculina assim que parei em algum lugar, respirando fundo.

Olhei para o lado. Era a casa de Dulce. Haviam vestígios da festa pelo quintal, mas o que mais me chamou atenção foi o loiro parado com um saco de lixo na mão, me encarando com a expressão mais preocupada do mundo.

- Tá tudo bem?

Assenti com a cabeça, mordendo o lábio e segurando o choro. Mas não pude me controlar. Balancei a cabeça em negação e logo depois caí no choro, escondendo o rosto com as mãos. Ele veio ao meu encontro, segurando meus ombros e me levando pra dentro.

Me ofereceu água, me sentou no sofá bagunçado e conversou comigo. Não fez perguntas, apenas acariciava minhas costas e tentava me distrair.

- Como se chama?

- Jennifer. – Arrisquei um pequeno sorriso.

- Eu sou o Henry.

Assenti, feliz por ter um anjo.