Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Acordei com um sorriso no rosto. A felicidade era inevitável. O quarto estava todo escuro porque com certeza já havia anoitecido. Nossa, como eu dormi... E como foi bom.

Me mexi na cama, esticando os braços e percebendo que estava sozinha. Ótimo, Ucker tinha ido embora sem sequer me dar tchau. Podia ao menos ter deixado um bilhete, qual é.

Escovei os dentes e prendi o cabelo num coque alto e desajeitado, saindo do quarto logo depois.

Mal pisei no corredor e ouvi as vozes masculinas conversando, logo depois risadas altas que eu sabia serem de Henry ecoaram pela casa inteira.

- Você é um PERDEDOR! – Gritou meu irmão, rindo até não aguentar mais.

Entrei na sala e quase não acreditei. Sentados no sofá estavam Henry e Ucker, jogando uma partida de futebol no videogame.

A cara de Ucker não era das melhores. Na verdade, ele parecia bem irritado. Mas mudou de expressão completamente ao me ver.

- Oi, amor. – Ucker pulou o sofá e veio me dar um beijo.

- Irmãzinha, sabia que o seu namorado acabou de tomar uma surra pra mim?

- Cala a boca, cara, você rouba! – Rebateu Ucker e eu prendi a risada.

- Vai chorar, é? – Henry gargalhou com o controle na mão.

Ucker se virou e sussurrou só pra mim:

- Posso dar um tiro no seu irmão?

Neguei com a cabeça, rindo.

- Só na perna, não é pra matar. Por favor, amor...

- Cala a boca. – Empurrei ele, que voltou rindo pro sofá.

Eles jogaram mais uma partida enquanto eu preparava um sanduíche.

Assim que voltei, sentei no meio deles e não comi nem metade do meu lanche, só as mordidas dos dois levaram meu sanduíche embora.

- Ok, eu detesto vocês. – Resmunguei.

- A recíproca é verdadeira, pigmeu. – Henry respondeu sem tirar os olhos da TV e logo depois, gritou bem alto. – TOMA!

Vi o boneco que representava o Messi correr para comemorar o gol e Ucker largou o controle no chão, reclamando.

- Até a Dul joga melhor que você, cara! – Henry não prestava.

Cerrei os olhos para meu irmão vendo Ucker levantar do sofá e caminhar até a cozinha, claramente irritado.

- Para de fazer isso!

- Ai! – Resmungou ao sentir meu tapa. – Não tenho culpa se seu namorado é um perdedor.

- É só um jogo idiota. – Revirei os olhos.

- Fala isso pra ele, eu tô de boa.

Não adiantava discutir com esse imprestável. Levantei do sofá e segui até a cozinha, encontrando Ucker parado perto da geladeira, bebendo um copo dágua.

- Não fica assim. – Murmurei, fazendo um bico.

- Seu irmão é um otário. – Ele bufou.

- Eu sei, ele é. – Dei uma risada, envolvendo os braços na sua cintura. – Não liga, você é ótimo em outras coisas.

- Tipo...? – Incentivou com um sorriso maldoso.

- Tipo sexo.

Ele riu abertamente, colocando uma mecha minha atrás da orelha.

- Você acha?

Senti minhas bochechas corarem de leve, mas assenti com a cabeça.

- É por isso que você geme daquele jeito? – Perguntou, acariciando meu rosto e eu não consegui responder. – Eu adoro, me deixa maluco.

- Você sabe do que é capaz.

- Mas eu gosto de ouvir.

Ucker sorriu e acariciou minha bun/da com leveza, provocando. Tive um momento de vislumbre, imaginando como seria a se ele me erguesse pelas pernas e me colocasse na mesa, na pia ou no balcão. Seria tão excitante me entregar ali mesmo, sem pudor nenhum na cozinha.

- Por que você tá ficando vermelha?

- Nada. – Disfarcei mal.

- Depois eu que sou o safado da história.

Ele se inclinou para me beijar, ainda sorrindo. Foi quando ouvi um pigarro alto e me afastei de Ucker, vendo Henry entrar na cozinha.

- Eca, vão pro quarto.

- Valeu pelo conselho. – Ucker provocou.

- Não falo com perdedores! – Rebateu meu irmão, prendendo a risada.

Fala sério, quantos anos ele tem?

- Não posso fazer nada se enquanto você tava em casa jogando seu joguinho... – Vi o sorriso de Ucker brotar. – Eu tava na rua pegando mulher.

- Ei! – Dei um tapa em seu ombro.

- Dul, ele tá pedindo.

- Tá insinuando o que? – Henry uniu as sobrancelhas.

Opa. Acho que isso doeu.

- Eu pegava muito mais mulher que você! – Meu irmão riu. – Só que eu tive que dar um tempo nessa vida por causa da faculdade. E eu arranjei uma namorada também, então...

- Você tá namorando agora, por acaso? – Ucker sorriu e até eu entendi o que ele tava fazendo. – Porque, cunhadinho, cê não pega ninguém!

Henry fechou a cara na hora e isso quase me fez rir. Eles pareciam crianças! Mas qual é, era divertido assistir.

- Conta pra ele, Dul.

- Me deixem fora disso. – Ergui as mãos.

- É sério, cara... – Continuou Ucker. – Se você quiser, eu posso te ajudar.

- Vai se ferrar! – Henry cruzou os braços, fazendo meu namorado rir bem alto em tom de deboche.

- Vou te apresentar umas conhecidas minhas e...

- Que conhecidas? – Foi minha vez de fechar a cara e encarar Ucker.

- Relaxa amor, são pro seu irmão.

- Não quero essas vadias como cunhada! – Entortei o nariz.

- Eu também não queria vagabundo como cunhado e... – Meu irmão apontou para ele. – Olha só.

- Ou! – Protestou. – Só sua irmã pode me chamar assim!

- Você não precisa desenrolar ninguém pra mim, Christopher. Eu sei fazer isso.

- Parece que não. – Ucker deu de ombros.

- Tenho anos de prática na sua frente...

- Então me fala, quem é a garota da vez? – Questionou, cruzando os braços.

Henry imediatamente se calou, empinando o nariz.

- Assume cara, não tem garota nenhuma.

- Na verdade, tem sim. – Disse ele, sorrindo de repente. – Ela é linda, de verdade... E gosta de mim, sabia?

- Ela é daqui? – Perguntei enciumada.

- É.

- Deixa eu adivinhar o nome... – Provocou Ucker. – "Sonho"?

- Não. – Henry revirou os olhos. – É Jennifer.

- Jennifer? – Ucker gritou depois de um longo tempo em silêncio. – Você tá pegando a minha melhor amiga?

- Sua melhor amiga? Que história é essa?

Opa. Que mundo pequeno esse. Na verdade, que bairro pequeno e que vida irônica. Jennifer passou de rival a cunhada?

- Isso aí, Jennifer é... Ou pelo menos era, minha melhor amiga. – Respondeu meu namorado e eu senti a onda de ciúmes que emanava dele me contaminar.

- E qual o problema nisso? – Empinei o nariz.

- No fato do seu irmão tá comendo a minha melhor amiga que é como uma irmã pra mim? – Ele me encarou com seriedade. – Problema nenhum, imagina.

- Não entendi essa ironia. – Respondi.

- Ei! – Henry protestou. – Não tô comendo ninguém! Eu só disse que, eu e a Jennifer...

- Argh, cala a boca. – Interrompeu Ucker.

- Qual o seu problema? – Alterei o tom. – Meu irmão não é bom o suficiente pra sua queridinha? 

- Dul, ele não vai comer minha irmãzinha!

- E por que você come a minha? – Murmurou Henry.

- Ou! – Virei para meu irmão. – Mais respeito! E você, Ucker, não seja hipócrita já que quem "comia ela"... – Fiz aspas com os dedos. – Era você.

Ucker cerrou os olhos enquanto Henry se engasgava de susto.

- Por/ra, será que não existe uma garota nesse Compton que o Ucker não tenha comido? – Meu irmão parecia revoltado. – É por isso que eu não namoro garotas daqui! Que tal a gente começar a etiquetar, colocar uma pulseirinha dizendo "Ucker esteve aqui"?

É claro que eu morri de ciúmes.

Uma coisa era saber que o pin/to sem limites de Ucker tinha passado pelo Compton inteiro, outra coisa era jogarem assim, na minha cara.

Infelizmente, o meu show ficaria pra depois. Papai entrou com malas nos braços e um sorriso no rosto, na companhia de uma versão de mamãe com cabelos soltos e pele corada. Essa viagem realmente fez muito bem aos dois.

- O que esse marginal tá fazendo na minha cozinha? – Implicou papai.

- Fernando, não seja mal educado. – Minha mãe bateu em seu braço. – Olá, crianças. Espero que tenham se comportado, temos notícias para vocês!

Nós três nos viramos e antes de abrirmos a boca para sequer falar alguma coisa, mamãe abriu os braços e gritou:

- Natal em família!