Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

Meu pai me deu quinze minutos. Só esse tempo para que eu tomasse banho e voltássemos para o hospital na velocidade da luz. Por mais que ele insistisse para que eu ficasse em casa com mamãe e Henry para descansar, eu tinha colocado na minha cabeça que não precisava dormir, não quando o pai do meu namorado está cambaleando na linha tênue que separa a vida da morte.

E agora Ucker tinha sumido, ignorando todas as minhas ligações até que elas caíssem na caixa postal.

Saí do banheiro ainda enrolada na toalha e me vesti com as primeiras roupas que peguei no armário, jeans e camisa de manga. Prendi o cabelo num coque bagunçado enquanto caminhava para a cozinha e lá estava eu, antes mesmo dos quinze minutos acabarem.

- Podemos ir. – Murmurei e papai virou para me encarar com a boca cheia, enquando detonava um sanduíche.

- Senta e come alguma coisa, Dulce.

- Não estou com fome.

- Mas está branca feita um papel! – Rebateu, puxando a cadeira para mim. – Anda, senta.

- Não me dê ordens. – Respondi.

Mas antes que eu mantivesse minha pose de durona que estava lidando bem com aquele buraco no estômago, senti a tontura me dominando e tive que me segurar na ponta da cadeira.

Meu pai veio correndo até mim, me dando apoio, mas eu fugi dos seus toques assim que estava um pouco melhor.

- Por que é tão teimosa, Dulce? – Questionou, enquanto eu sentava na cadeira. - Sempre em pé de guerra comigo, esquecendo que eu sou seu pai e só quero o seu bem.

- Por que me trata como uma criança? Acha que eu sou idiota? – Resmunguei, puxando a jarra de suco. – Você e Ucker ficam tentando me enganar e se acham os únicos espertos no meio de tudo. 

Ele bufou, sentando-se a minha frente.

- Esqueceu de quem eu sou filha? – Olhei em seus olhos.

Papai ficou um bom tempo calado, me observando enquanto eu tomava meu copo de suco e comia um sanduíche. Não percebi que estava com fome até colocar a comida na boca e meu corpo inteiro agradecer por isso.

- Eu tento não te envolver nessa merda toda, Dulce, mas esqueço que você também tá nisso até o pescoço. – Ele jogou o rosto nas mãos, apoiando os cotovelos na mesa. – Eu não queria isso, eu nunca quis isso. Não queria você no meio desse lixo todo, mas parece que eu simplesmente não consigo fugir dessa maldição.

Ele me olhou.

- Tanto cara no mundo e você precisava se apaixonar por ele? – Questionou meu pai.

Abaixei o rosto, vendo os farelos de pão na mesa. Apesar de me sentir fisicamente melhor depois de me alimentar, podia perceber o peso que carregava nos ombros.

- Vocês falam como se eu gostasse disso tudo. Eu queria ter uma vida normal, ser uma garota normal. Nunca quis ser filha de um líder de gangue. Nunca quis ser mulher de um líder de gangue. Eu não escolhi isso. – Suspirei. – Mas a vida escolheu por mim.

Papai abriu a boca para contestar, mas antes que pudesse, interrompi.

- Eu amo o Christopher, papai. Eu quero mesmo me casar com ele e passar o resto dos meus dias ao lado dele.

Ele fechou a boca, sem reação diante do que eu disse.

- Sei disso, Dulce.

- Que bom que sabe. – Rebati.

- Vale a pena todo esse sofrimento pra ficar com esse garoto?

Ergui os olhos para ele.

- O que você acha?

Ele levantou da mesa.

- Então se prepara, minha filha. – Disse, dando um tapinha na mesa. – As coisas estão para piorar. Estou indo para o hospital, você fica aqui.

E depois virou as costas para mim, saindo da cozinha como um jato. Fiquei sozinha durante um tempo, comendo uma maçã e refletindo sobre o que ele disse.

Eu odiava esse mistério e precisava descobrir logo o que estava acontecendo. Mas só depois de passar na farmácia para comprar um teste de gravidez.