Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Fiquei enrolando mais do que o necessário para sair na rua e comprar o que parecia uma das coisas mais importante de toda a minha vida. E se eu estivesse mesmo grávida, como lidar com isso no meio de todos esses eventos? Como contar para Ucker que eu carregava o filho dele na barriga enquando seu pai parecia entre a vida e a morte?

Merda, eu precisava de respostas concretas, ou enlouqueceria. Trabalhar com todas essas suposições e a cadeia de acontecimentos que vinha com elas me levou até a beira de um abismo chamado medo.

- Talvez seja coisa da minha cabeça, Hamtaro. – Murmurei baixinho, fazendo carinho com o indicador no pelo do meu hamster. – Talvez eu esteja ficando louca, só isso.

Ele me encarou com seus olhinhos redondos e brilhantes e ficou de pé no centro da gaiola.

- Desculpa, você quer comida, né? – Peguei um punhado de ração e joguei em seu potinho azul, observando a velocidade que meu bichinho atacou sua comida. – Mamãe esqueceu completamente de você, deve estar morrendo de fome.

Pra ver como eu sou péssima. Não consigo nem cuidar de um hamster e dar a atenção necessária que um animalzinho desses pede, imagina cuidar de um bebê. Imagina ser mãe de verdade. Imagina isso.

- Ok, vamos lá.

Fiz uma última carícia antes de trancar a gaiola e sair do quarto. Fui de fininho até a porta da sala, apesar da certeza que mamãe e Henry estavam completamente apagados, como eu deveria estar.

Apesar de me sentir morta de cansaço por dentro, meu cérebro simplesmente não era capaz de relaxar o suficiente para que eu descansasse. Eu deitava na cama e me perdia em pensamentos sobre gravidez, casamento e um bebezinho minúsculo com o narizinho empinado igual o de Ucker.

Caminhei apressada, torcendo para não encontrar ninguém no meu caminho ou aqueles cinco minutos de coragem acabariam. Sabia que de maneira alguma podia ir na farmácia do Compton, até porque o velho Sr. Simons me conhecia desde que vendia fraldas para minha mãe. Precisava ir mais longe.

Percorri as ruas do Compton por quase vinte minutos até encontrar um táxi disponível e direcioná-lo a uma farmácia próxima ao shopping, onde eu nunca tinha entrado, só esperado na porta enquanto Annie comprava esmaltes.

- São 17 dólares.

- Pode ficar com o troco. – Entreguei o dinheiro ao taxista. – Obrigada.

Ele acenou com a cabeça, dando um simpático sorriso. Desci do táxi e caminhei de cabeça abaixada até a porta, como se estivesse indo comprar drogas.

- Merda! – Ouvi alguém xingar assim que abri a porta, fazendo o sininho tocar.

Um gato branco desceu do balcão, miando alto e uma voz feminina gritou "já vai" lá de dentro.

Mais alguns barulhos e enquanto eu tamborilava os dedos no balcão, uma menina de cabelo roxo com manchas rosas apareceu com outro gato no colo.

- Oi. – Ela sorriu amplamente.

- Oi. – Respondi, envergonhada.

- Posso ajudar? Do que você precisa?

Quantas tatuagens. Ela me lembrava Jennifer.

- De um pouco de coragem, só pra começar. – Murmurei.

Ela sorriu amigavelmente, se inclinando na minha direção.

- Precisa de camisinhas? Pílula do dia seguinte?

- Precisava. – Sorri. – Há quase um mês atrás.

A garota pensou por alguns segundos até entender.

- Teste de gravidez?

Assenti com a cabeça, sabendo que estava vermelho.

- Era isso? Podia ter falado desde o início. – Ela sorriu amigavelmente.

Virou-se de costas, pegando duas caixinha rosas e colocando em cima do balcão.

- Leve dois, pra ter certeza. – Ela guardou na sacola.

Paguei e guardei, agradecendo por ela ter sido simpática comigo num momento tão complicado.

- Espero que ele seja um cara legal. – Disse, antes que eu saísse.

- Ele é. – Confirmei. – O melhor de todos.

Apesar de nervosa, eu sabia que não tinha medo de estar grávida. Pelo menos, não o medo que muitas mulheres tinham de não terem o apoio do pai do bebê e de serem abandonadas. Eu tinha medo pela faculdade e por toda a situação em que Ucker estava envolvido, por ainda não termos nosso futuro ajeitado. Tinha mais medo pela reação da minha família, especialmente de meu pai.

Mas estar grávida não seria a pior coisa do mundo, não destruiria a minha vida e eu não choraria no canto do banheiro se aquele teste desse positivo.

Eu encararia essa fase da minha vida, como a mulher forte e corajosa que sou.

Naquele momento, senti enjôo e mesmo assim... Fiquei feliz.