Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Ucker narrando.

Nem que eu fumasse o triplo das ervas que eu fumo e mentisse pra mim mesmo, aquele seria um dia bom. Pelo menos tava acabando.

- Já são quase meia noite, não é melhor eu ir pra casa? – Jennifer murmurou, no meio de toda aquela fumaça.

Eu mal conseguia manter meus olhos abertos e não sabia se era pela maconha ou por não dormir há tanto tempo.

Aquela tinha sido uma noite da pesada e eu podia sentir o resultado sobre meus ombros.

- Aqui é meio vazio sem ele, sabia? – Suspirei.

Jennifer continuou me encarando enquanto soprava a fumaça.

- Meio triste também. – Finguei o nariz. – Quer saber? Se ele morrer, eu não vou mais conseguir morar nessa merda.

O quarto estava repleto de fumaça, a tarde inteira. Maconha pra ninguém botar defeito. Eu precisava, já que Jenny me bombardeou com uma quantidade imensurável de informações e meu cérebro simplesmente travou. Depois do meu acesso de raiva e de ter sido segurado por Jay pra não ir atrás de Adam e meter uma bala na testa dele, sobrou a tristeza. O vazio. A vontade de preencher o peito com fumaça e esquecer que o meu pai tava numa cama de hospital por causa daquele cara.

- Você sabe que eu vou matar o seu irmão, não sabe? – Disse entredentes.

Depois de alguns segundos, ela assentiu com a cabeça.

- E você sabe que eu nunca vou te perdoar por ter mentido pra mim, né? – Continuei.

- Qual é, eu só tava protegendo ele! – Jay revirou os olhos. – Você não faria a mesma coisa? Ele é meu irmão, apesar de tudo.

- E merece acabar com a boca cheia de formiga numa cova rasa! – Travei o maxilar e Jennifer me lançou um olhar feroz.

- Não seja babaca, Ucker.

- Difícil. – Dei um sorrisinho.

Jennifer inflou as narinas e eu sabia que ela só fazia aquilo quando estava ou com muita raiva ou prestes a cair no choro.

- Você vai matar o único vestígio de família que me sobrou! – Ela aumentou o tom da voz. – Será que pode fazer isso com o mínimo de respeito, pelo menos a mim?

- Pode deixar que eu vou tentar lembrar disso. – Respondi, irônico.

Jenny então levantou do chão do quarto, prendendo o cabelo num bolo de fios.

- Eu amo o Adam, Ucker. – Murmurou, com a voz embargada. – Sei que pra você ele é só um verme...

- Sim, ele é. – Interrompi.

- E que merece a morte...

- Ele merece. – Sussurrei.

- Sei também que acabar com a vida dele não vai te afetar, não vai significar nada pra você...

- Nada. – Levantei o olhar para ela. – Vai ser como me livrar de um saco de lixo.

- Mas pra mim vai ser como perder uma parte de mim. – Jay suspirou, secando uma lágrima que ainda estava no olho. – Pode pensar nisso, por favor?

Me levantei, ficando de frente para ela. Jennifer teve que erguer o rosto para me encarar e eu me aproximei, segurando sua mão.

- Ok, Jay-Jay. Apesar de não entender como você pode amar um cara que tem a coragem de fazer algo assim com você... – Acariciei de leve seu olho roxo. – Sei que vai ser fo/da perder teu irmão. Desculpa ser o cara que vai matar ele.

Ela assentiu, abaixando o olhar.

- Pode fazer mais uma coisa por mim? – Pediu Jennifer.

- Só dizer.

Ela engoliu em seco e depois me olhou profundamente nos olhos.

- Promete que vai descobrir porque seu pai matou minha mãe e meu pai? – Pediu, chorando de novo.

- Jay, eu não posso prometer isso... – Sussurrei, coçando a testa.

- Por favor, Ucker, pelo menos tenta.

- Eu posso tentar, mas...

- Já é o suficiente. – Disse, me interrompendo. – Sei que você consegue.

Abri um pequeno sorriso, vendo estrelas de tanto sono.

- E agora... – Jenny sorriu, secando as lágrimas. – Promete que vai descansar, você tá derrotado.

Assenti, dando um riso, que no fundo, soou triste. Ela ficou me encarando com aqueles olhos verdes que eu verdadeiramente senti falta e depois, envolveu seus braços no meu tronco rapidamente, me abraçando com força. Beijei sua cabeça, apertando Jennifer nos meus braços e quis fazer por ela mais do que eu podia.

Eu podia sair agora e matar Adam Brooke com a maior facilidade do mundo, mas não conseguia por causa dela. Isso teria que esperar.

Eu precisava dormir e ter a certeza que meu pai estava bem. Só assim eu me concentraria o suficiente para descarregar minha arma na cara daquele filho da mãe sem colocar minha própria pele em risco.

- Tchau, Ucker. – Murmurou quando se afastou de mim.

Sentei na cama, olhando Jay abrir a porta e sair por ela sem olhar pra trás.

Procurei meu celular entre as coisas espalhadas na cama e assim que o encontrei, tirei do modo avião.

Ligar para Dulce agora seria muito exaustivo, tendo como fato que ela iria me pedir explicações que eu não tinha sanidade para dar no momento. Então, apenas mandei uma mensagem dizendo que estava bem, que depois explicava e me despedi com um "te amo mais que tudo".

Eu sei que a minha ruiva devia estar preocupada o dia inteiro e que merecia muito mais que aquilo, mas eu precisava mesmo dormir um pouco. Espero que não tenha acontecido nada de tão importante enquanto estive ausente.