Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

- Como isso? Como alguém some por um dia inteiro quando o pai está na UTI e a namorada grávida?

Annie estava aos berros no meu quarto e nem eram nove da manhã.

- Eu já te falei, ele mandou mensagem. – Suspirei, indicando a tela do celular.

Não que eu achasse que Annie estivesse completamente errada, mas eu conhecia Ucker melhor do que ninguém para ter a certeza de que ele tinha um bom motivo pra fazer algo assim.

Ele não sumiria um dia inteiro só pelo prazer de me ver preocupada. Ucker não era, nem de longe, esse tipo de cara.

- Uau! Que atencioso! – Respondeu carregada de ironia.

- Annie, o pai dele tá mal e ele se sente culpado por isso tudo, então da um tempo! – Murmurei. – Ucker com certeza precisava de um tempo sozinho, não podemos ficar aqui, julgando ele dessa forma.

Ela então parou com as duas mãos na cintura, olhando pro teto. Suspirou bem alto, parecendo arrependida e depois sentou-se na beira da cama onde eu estava.

- Tá, você tá certa. Eu só tô nervosa, ok? – Annie me olhou. – Eu nem dormi direito essa noite.

- Imagine eu. – Cocei a testa, suspirando. – Eu tô morrendo de azia e fico enjoada toda hora.

- Pretende contar para eles? – Disse, referindo-se a mamãe e Henry, que estavam na cozinha tomando café da manhã.

- Não posso jogar uma notícia dessas logo agora. – Respirei fundo. – Vou esperar o Victor melhorar, ok?

- E se ele não melhorar?

- Ele vai. – Afirmei, esperançosa. – Estou contando com isso.

Annie estendeu as mãos e eu as segurei.

- Espero que tudo fique bem.

- Eu também. – Sussurrei.

Mas eu sabia que por mais que me agarrasse com todas as minhas forças naquela esperança de que tudo ficaria bem em breve, meu coração e minha mente me levavam a crer que as coisas não iriam melhorar. Eu queria ser esperançosa, mas não conseguia parar de pensar em um milhão de coisas ruins acontecendo sem que eu pudesse fazer nada. Eu queria ter fé, mas aquele aperto no peito... Nunca era um bom sinal.

- Cadê a Dulce? – Ouvi a voz de meu pai gritando de outro cômodo.

Segundos depois, papai tinha escancarado a porta do meu quarto, completamente transtornado.

- Arrume suas malas, o mais rápido possível! – Disse, abrindo meu guarda-roupa e puxando dali minha imensa mala preta. – Anda, Dulce, depressa!

- O que? – Arregalei os olhos e ele a jogou em cima da cama. – Pai, o que está acontecendo?

- Fernando, o que houve, pelo amor de Deus? – Mamãe apareceu com sua feição preocupada, acompanhada de Henry.

- Não façam perguntas, apenas me obedeçam! – Gritou, pegando diversas roupas minhas nos cabides e jogando em cima da mala. – Você também, Anahí! Vá para casa e arrume sua mala, já falei com a sua mãe e...

- O que? – Annie o interrompeu, levantando da cama.

Eu continuava em choque assistindo meu pai jogar minhas roupas emboladas por cima da cama.

- Vocês quatro vão viajar! – Ele apontou pra gente. – Eu já liguei para o Louis, o voo pro Texas sai em duas horas!

- Que voo? Pai, você enlouqueceu? – Perguntei, assustada.

- Por favor, apenas façam o que eu estou mandando. – Disse, dessa vez mais calmo. – Não há tempos para explicações, eu só peço que confiem em mim.

- Eu não vou simplesmente entrar num avião e fugir de Los Angeles sem nem saber o motivo. – Murmurei, cruzando os braços.

- Por que quer esconder a gente na casa do vovô? – Henry uniu as sobrancelhas. – Pai, conta pra gente o que tá acontecendo. Por favor.

Ele olhou para Henry por alguns segundos, refletindo. Depois, caminhou no quarto de um lado pro outro, levando as mãos até a cabeça como se ela fosse explodir bem na nossa frente.

- Três corpos foram encontrados hoje num terreno abandonado. – Murmurou meu pai, com a voz embargada. - Eram Max, Ethan e Gregory, todos Hunters. Eram três dos cinco responsáveis pela segurança da entrada do Compton. Os outros dois sumiram, então concluímos que eram traidores, o que facilitou a entrada do cara que atirou no Victor. Os três morreram com a garganta cortada.

Levei a mão até a boca, completamente em choque e não era a única naquele ambiente.

- Junto com os corpos havia um bilhete, onde dizia que a guerra já começou. – Papai então me olhou nos olhos. – Jurando de morte cada Hunter e cada pessoa que tenha qualquer ligação conosco.

Ouvi mamãe arfar de surpresa e cair no choro, ganhando como apoio os braços de Henry. Annie me encarou de lado, mas eu mantive meus olhos fixos nos olhos de papai, a boca aberta buscando ar.

- É claro que depois disso, diversos Hunters estão questionando ou simplesmente nos abandonando. Existem também traidores entre nós. – Ele sentou-se na ponta da cama, olhando para o chão. – A gangue está rachada do meio, prestes a ruir. E sem o Victor... Não sei o que fazer.

Papai suspirou e me lançou um olhar de raiva.

- Além do mais, não posso contar com o seu namorado, já que ele resolveu tirar férias. Aquele delinquente de merda. – Fernando levantou-se. – Eu devia mesmo fazer o que aquela porcaria de bilhete diz.

Papai caminhou em direção a porta e eu o acompanhei com o olhar.

- O que? – Perguntei. – O que diz?

Ele pensou por alguns segundos, antes de dizer:

- O bilhete diz para entregar Christopher e poupar diversas vidas. – Respondeu, seco. – Diz que a guerra só vai terminar quando for o corpo de Christopher encontrado. Que a morte dele vai ser a única forma de termos paz.