Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Ucker narrando.

Como se já não bastasse a vida real, tive pesadelos a noite inteira. Acordei umas três vezes no meio da madrugada e foi por muito pouco que não fugi para entrar no quarto de Dul e dormir ao lado dela.

Quando levantei, tive que me xingar na frente do espelho do banheiro, arrependido de não ter seguido meus instintos. Me odiando por isso, mesmo sabendo que eu estava na merda.

- Completamente na merda. – Suspirei, passando os dedos entre o cabelo bagunçado e constatando que as olheiras embaixo dos olhos eram imensas.

- Ainda bem que você sabe. – Ouvi Bárbara dizer.

Olhei para o lado e lá estava minha prima, com seus cabelos negros soltos e um vestido florido.

- Acabei de chegar. – Murmurou, cruzando os braços. – Vim correndo quando Fernando me ligou.

- Pra que? – Questionei.

- Você sabe que o tio Victor é como um pai pra mim.

- Pensei que não se importasse. – Dei de ombros. – Aliás, eu quase não te vejo mais por aqui. Você ainda mora nessa casa, Bárbara?

- Ucker, não é hora de ficar brigando. Vamos agir como adultos, por favor.

Assenti com a cabeça, dando um sorriso falso. Não sei se ela não entendeu minha ironia ou se apenas a ignorou.

- Tem que cortar esse cabelo, hein. – Brincou, dando uma risada.

Quase respondi um sonoro "e o que a Dul vai puxar quando eu estiver chupando ela?", mas preferi guardar pra mim e escovar os dentes.

- Sinto saudades de ser sua melhor amiga, de sair com você todo fim de semana. - Murmurou, encostada na soleira da porta.

Ah, não. Carência hoje não.

- De ouvir seus segredos e suas aventuras com as garotas. – Babi então deu uma pausa, respirando. – Saudades das nossas aventuras. De terminar no fim da noite com você, na sua cama.

Eu não disse nada, lavando a boca e guardando a escova no armário.

- Mas no fundo, eu sempre soube que isso aconteceria um dia, cedo ou tarde, quando você encontrasse a garota certa. – Ela suspirou. – Só não esperava que fosse tão cedo.

- Então agora você acha Dulce a garota certa pra mim? – Perguntei, saindo do banheiro e passando ao seu lado.

- Não. Continuo achando que isso não vai terminar bem. – Disse, às minhas costas. - Mas se você acha, quem sou eu pra dizer alguma coisa?

Era o que eu tinha vontade de gritar todos os dias. Berrar o mais alto possível até a garganta sangrar, pra ver se as pessoas finalmente entendem que eu não preciso da opinião delas.

- Nunca imaginei você noivo, Ucker. – Bárbara deu uma risada frustrada. – Não com 20 anos.

- Como você disse: garota certa. – Murmurei, olhando nos seus olhos. – Dul é a mulher da minha vida, Babi.
Ela passou a língua nos lábios e encarou o chão.

- Existe uma diferença, né? Mulheres pra casar... – Suspirou. – E mulheres pra trepar.

- Não. Pra mim, existem as outras mulheres... E existe a mulher, a única mulher, a mulher da minha vida. Essa é a distinção.

- UCKERMANN! – Ouvi alguém berrar, tão alto que dei um pulo sem sair do lugar. – SEU FILHO DA PU/TA DE MERDA!

Tudo o que meu cérebro conseguiu processar foi a imagem de Fernando escancarando a porta do meu quarto com raiva e seu punho acertando em cheio o meio do meu rosto.

- Eu devia ter feito isso desde o início, seu moleque! – Disse, acertando outro em cheio antes que eu pudesse reagir, dessa vez no meu queixo.

Que dor.

- Que isso, você tá maluco? – Bárbara entrou no nosso meio com os olhos assustados, ficando de costas para mim.

Levantei o rosto dolorido para ver a expressão de Fernando, completamente alterado. Seus punhos cerrados para baixo, enquanto ele respirava fundo, talvez para não pegar a arma claramente enfiada na cintura e acabar de vez comigo.

- Cadê a Dulce, hein? – Gritou. – Cadê a minha filha?

- O que...? Do que você tá falando? – Murmurei, sentindo os lábios tremerem involuntariamente.

- A Dul sumiu? – Ouvi a voz de minha prima.

- Sim! Por causa desse marginal! – Respondeu ele, apontando pra mim. – Ah, se você não fosse filho de quem você é...

Fernando cerrou os dentes e colocou uma das mãos sobre a arma, como se estivesse se controlando.

- Que por/ra tá acontecendo? Da pra você me explicar o que houve antes de sair distribuindo socos? – Questionei, com a mão no lábio cortado.

- Quer uma explicação? Eu vou te dar uma. A minha filha fugiu pela janela do quarto pra vim aqui, encontrar você. Só que, ao que parece, ela foi levada por um carro preto na porta da sua casa.

- Não. Não, não, não. – Murmurei, levando as mãos até a cabeça. – Merda, isso não!

Senti o ar faltar e meus olhos se encheram de lágrimas de desespero.

- Como você ficou sabendo?

- Aquele traidorzinho do Alex me contou tudo em troca de redenção. – Fernando massageou as têmporas. – É claro que eu matei ele.

Meu coração batia tão forte que quase doía. Me xinguei internamente de todos os palavrões que conhecia, enquanto já procurava entre minha coisas as chaves do carro e minha arma.

- O pior não é isso. Aparentemente, Dulce reconheceu o cara, sabia quem ele era. – Acrescentou Fernando.

Então eu paralisei, perdendo o olhar no vazio, enquanto um nome, apenas um nome gritava na minha cabeça. Um maldito nome.

- Adam. – Sussurrei.