Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Acordei com Ucker me balançando, avisando que precisava ir embora. Por mais que eu quisesse chorar eternamente por ter de ficar longe dele, percebi que Christopher precisava visitar Victor no hospital e cuidar de sua vida fora desse quarto. Então segurei a cara triste para quando ele já tivesse pulado a janela.

Vesti uma camiseta que era de Henry com shorts de flanela e fui arrastando os pés pelo corredor até a cozinha.

- Calma, bebezinho... – Sussurrei, passando as mãos pela barriga. – Mamãe já vai te alimentar.

Bocejei até meu maxilar estalar e quando entrei na cozinha, Henry estava encostado na pia, com a boca cheia e farelos de bolo espalhados pela camisa.

- Isso são horas de acordar, senhorita? – Perguntou.

- Engole primeiro, mal educado. – Revirei os olhos, abrindo a geladeira.

- Me obrigue. – Disse, abrindo a boca e me mostrando aquela papa nojenta.

- Quando eu for aí e socar sua cara, não reclama.

- Duvido, anã desse jeito.

Estendi o dedo do meio, bufando por não encontrar nada atrativo na geladeira.

- Cadê o restante da família?

- Foram visitar seu sogro. – Respondeu Henry. – Mamãe disse que você deve ter tido pesadelos e se mexeu a noite inteira na cama.

Quase não segurei o riso, virando de costas e pegando a jarra de suco.

- Muitos. – Concordei, me divertindo com minha piada interna.

- Cê tá bem? – Perguntou, desconfiado.

- Tô, por quê?

- Você tá diferente.

Enchi um copo de suco, com medo de que meu irmão percebesse o quanto eu estava mudada e com uma pessoinha dentro de mim. Se Henry soubesse, provavelmente se engasgaria e morreria.

- Eu tô, é? – Disfarcei mal, virando para ele. – Dei uma engordada, deve ser isso.

Meu irmão me olhou de cima a baixo, avaliando por um tempo antes de concordar com a cabeça. Fiquei um tempo encarando sua expressão até perceber o crime que ele tinha cometido.

- Não acredito. – Fui abrindo a boca pouco a pouco. – Por/ra, eu não tô acreditando! Você comeu o último pedaço do bolo, seu desalmado? – Acusei, cerrando os olhos.

Henry primeiro olhou o tabuleiro vazio, para depois me encarar com uma expressão debochada e sorrir.

- Eu te odeio. – Sussurrei, entredentes.

- Parece que o jogo virou. – Ele deu de ombros.

- Como é que é? – Apontei para seu peito. – Eu sempre guardo pra você!

- Você só guarda farelos, tá achando que eu sou o seu rato?

- Rato não! – Fiz cara de má. – Hamster!

- Tanto faz.

- Argh, eu te odeio! – Rosnei de raiva.

- Mas eu te amo, maninha. – Henry riu e se aproximou. – Te amo de verdade.

- Não tente me comprar com palavras bonitas, não depois de ter comido um bolo que era meu por direito. – Franzi as sobrancelhas.

- Você fica tão fofinha assim. – Ele riu, beliscando minha cintura.

Me encurvei, dando um tapa na sua mão, mas Henry me abraçou logo depois, rindo da lição que eu tentava dar.

- De bebê chorão você se tornou a minha melhor amiga, Dulcinha.

Quando percebi o quanto ele falava sério, tomei coragem pra falar. Henry precisava saber que seria titio, eu sabia que ele iria me apoiar depois de ter seu acesso de fúria.

Mas quando abri a boca para revelar o que estava guardadinho no meu ventre, Henry foi mais rápido. Falou por cima de mim:

- Eu vou morar sozinho.

E eu perdi completamente o sorriso.