Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

As cenas que se seguiram foram um drama total. Fiquei paralisada por mais de trinta segundos, até perceber que pela segunda vez no mesmo dia, eu estava chorando.

Henry ficou me encarando, chamando meu nome e me balançando, até que fosse minha vez de ter um acesso de fúria.

- O que? – Gritei, dando um tapa alto no seu ombro, que o fez dizer "ai". – Como ousa? Henry, você vai sair de casa? Vai morar sozinho? Vai me abandonar?

- Não. – Ele respondeu rapidamente. – Que isso? Não!

- Nós fomos criados juntinhos, eu não vou saber ser filha única! - Comecei a raciocinar enquanto as lágrimas caíam com naturalidade. - Ah, meu Deus! Com quem eu vou dividir o nosso estoque de Oreo? Quem vai conseguir pulseira vip de balada pra mim e pra Annie? Droga, quem vai comer o último pedaço do meu bolo?

- Dul, calma. – Henry secou minha lágrimas, mas eu rapidamente tirei suas mãos.

- Não! Não me pede calma. – Comecei a ficar profundamente desesperada. – Você vai pra Nova York? Meu Deus, é do outro lado do país! Merda, eu sabia que ficar o dia inteiro vendo essas séries ia fazer você querer morar naquela cidade! Eu vou ter que passar dois dias num trem pra visitar você!

- Que, quem falou em Nova York? – Henry franziu a testa. – Dul, eu só vou pra outro bairro. O apartamento é bem grande, bem mais próximo do trabalho, você pode dormir lá quando quiser.

- Apartamento? – Escancarei a boca. – Já tem um apartamento?

- Mais ou menos. – Ele suspirou. – Eu precisava falar com vocês antes, então...

- A mamãe vai morrer, por sua causa! – Apontei para seu peito. – Ela vai entrar em depressão quando tiver que parar de comprar aquele cereal colorido que só você come.

- Dul, ninguém vai morrer! Eu tenho 25 anos, caramba, já passou da hora. Você já vai casar mesmo, então parece a hora perfeita.

- Hora perfeita para abandonar sua família? – Estalei a boca. – Devia ter vergonha.

- Olha só, maninha, numa casa só minha eu vou poder fazer coisas que sempre quis... – Henry começou a enumerar com os dedos. – Como, por exemplo, andar pelado o dia inteiro, almoçar e jantar pizza, transar no sofá da sala! Agora, me diz, um motivo que seja pra eu preferir ficar aqui do que me mudar pra uma casa que vai ser totalmente minha?

Eu só conhecia um. E precisava vomitá-lo.

- Eu estou grávida! – Gritei, com todo o ar dos pulmões e depois saí correndo de volta para meu quarto, atravessando toda a casa em questão de segundos.

Abri a porta do banheiro já com a mão na boca e mal me ajoelhei, já estava vomitando. Dez segundos depois, Henry estava me encarando com seus olhos arregalados, na porta do banheiro. Ele se aproximou, abaixando ao meu lado e segurando meu cabelo.

- Sai daqui. – Murmurei, com os olhos embaçados. – Você não me ama, você vai embora.

Ele ficou em silêncio, acariciando minhas costas com ternura enquando eu vomitava até a água que tinha bebido entre um sexo e outro no meio da madrugada.

- Eu vou ter que cuidar de um bebê sem o meu irmão pra me ajudar. – Resmunguei, chorando.

Henry continuou em absoluto silêncio, como se pensasse em tudo o que estava acontecendo. Eu o entendia perfeitamente, mas estava nervosa com aquela resposta.

- Por favor, fala alguma coisa. – Pedi, baixinho, limpando a boca com as costas da mão.

- Eu não vou mais embora. – Disse ele, calmamente. – Vou ficar aqui com você, maninha.

Era tudo o que eu precisava ouvir.

- Agora levanta, vai. Escova esses dentes e vamos acabar com o nosso estoque de Oreo enquanto você me conta tudo. – Murmurou Henry, me fazendo levantar do chão do banheiro. – E depois eu vou matar o Uckermann.

Dei uma risada, virando de frente para ele e lhe dando um abraço.

- Eu amo você, maninho.

- Eu sei, eu sei, também te amo. Agora para de me beijar com esse bafo de vômito e escova esses dentes.

Dei uma gargalhada alta que ecoou pelo banheiro, então me virei, pegando minha escova dentro do armário. Quando fechei, vi meu reflexo no espelho com os olhos vermelhos e inchados, mas estupidamente felizes.