Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Ucker narrando.

Acordei babando na minha própria mão, dormindo desconfortavelmente na poltrona de acompanhante. Já era de noite e eu tinha fechado os olhos por 10 segundos para descansar um pouco a vista e apagado. Pra ser realista, eu já estava segurando o sono desde a hora em que Fernando e Blanca foram embora e eu encostei minhas costas naquela poltrona acolchoada.

Ouvi uma risadinha e olhei a minha volta, vendo papai deitado na cama do hospital, comendo uma sopa esquisita na bandeja a sua frente.

- Pensei que ia ter que chamar o médico pra dar uma olhada em você. - Murmurou, soprando a colher. - Parecia em coma.

- Esse início do ano vem sendo bem difícil.

- Eu tô vendo essas olheiras... – Ele indicou com a cabeça. – Não tá passando a noite acordado fumando e bebendo não, né?

- Algumas sim. Essa não. – Dei um sorrisinho, passando a mão no rosto e bocejando.

- Qual a mulher da vez?

- Quando você vai entender...

- Eu sei, eu sei. – Victor revirou os olhos rindo, me interrompendo. – Tava só brincando. Já sei que você vai se casar.

- Vou. – Afirmei.

- Com a Dulce... – Completou.

- Aham. – Confirmei sorrindo e me espreguiçando.

- Fernando não tá nada feliz.

Dei de ombros, pouco me importando com isso.

- Eu não ligo pra felicidade dele. – Rebati.

- Christopher, eu não vou ter que repetir todo o meu sermão sobre como sua vida é perigosa e como você tá colocando a Dulce em risco dessa forma, né?

- Não vai. – Balancei a cabeça. – Eu vou matar o Brooke, fim de papo. Depois eu me caso e acabou essa história de liderar os Hunters. Vou ser alguém melhor, pela Dul. Eu prometi isso.

- Sei que vai, acredito em você. – Victor colocou a colher na boca, encarando sua bandeja.

- Acredita? – Me surpreendi. – Sério? Que bom humor todo é esse?

- Ah, passar por uma experiência quase-morte sempre me deixa de bom humor, moleque. E com muita fome. – Brincou, dando uma risada e eu revirei os olhos, com um sorriso na cara.

- Humor negro. – Suspirei. – Marca de Victor Uckermann.

- Marca dos Uckermanns, na verdade.

Cruzei os braços, me encostando na poltrona. Logo depois que meu pai acabou de jantar, uma enfermeira loira entrou pela porta e parecia ser até mais nova do que eu. Ela recolheu a bandeja, perguntando como Victor se sentia, mas não desviava o olhar da minha cara.

- Qualquer coisa, vocês podem me chamar. – Disse, com um sorriso, me olhando sem disfarçar. – Está confortável?

- Quem, eu? – Apontei para meu peito. – Ou ele?

- Os dois. – Ela riu, disfarçando, mas não foi pelo corpo do meu pai que ela escorregou o olhar.

- Estamos bem. – Assenti com a cabeça.

A enfermeira se despediu e se retirou, levando a bandeja com ela. Assim que encostou a porta atrás de si, virei-me para encarar a expressão debochada de papai, que logo depois caiu na risada. Não me contive e ri também.

- Saudades dos meus vinte anos, Christopher. – Provocou. – Eu também era desejado, mas era apaixonadíssimo pela sua mãe.

Ficamos nos encarando entre sorrisos, enquanto eu reparava os olhos de papai, tão parecidos com os meus, felizes como eu não via há muito tempo. Talvez fosse pela lembrança remota de mamãe, talvez fosse por estarmos compartilhando um momento juntos, como em raras ocasiões. No fundo, eu e ele sabíamos que se mamãe olhasse pra gente, de onde quer que ela esteja, estaria com um baita sorriso no rosto.

- Sabe do que eu sinto saudades também? – Disse ele, cortando o silêncio. – Da sua comida.

Dei uma risada.

- Sério, a comida daqui é péssima. Nunca tinha percebido que você cozinhava tão bem até agora.

- A sua também é, então está experimentando o que eu passei a minha vida inteira até aprender a fazer comida. – Rebati, rindo.

Ele revirou os olhos, enquanto eu dava mais risada de sua careta. Depois ele fez alguma piada e nós dois rimos juntos. Aquele era, sem dúvida, o quarto mais feliz do hospital inteiro.