Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Annie narrando.

Eu queria estar morta. Sério, queria de verdade, porque o cansaço que dominava meu corpo não era normal. Sinto profundas saudades do tempo em que quem tomava conta dessa espelunca chamada de restaurante era o filho do dono, um cara jovem e safado que me liberava cedo em troca de uns amassos nos fundos. Eu saía ganhando de todo jeito, porque além de trabalhar menos, pegava um universitário gostoso. Mas desde que ele foi fazer intercâmbio não sei onde, quem toma conta é o pai careca e metódico, que eu não pegaria nem se ele pagasse meu salário para ficar em casa fazendo as unhas.

- Anda, Anahí! – Falando no diabo. – Tempo é dinheiro, gracinha, tá no mundo da lua?

Aproveitei que estava de costas para ele e revirei os olhos com tanta força que chegou a doer.

Que mundo é esse em que todos os chefes são abusivos e machistas? Tá ficando difícil arrumar um trabalho sem ter que aguentar um babaca cuspindo idiotices em cima de você. Mamãe que tá certa, eu preciso estudar e sair dessa vida.

- Anahí! – Ele berrou e eu deixei cair os pratos dentro da pia, fazendo um alto estrondo. – Isso, agora quebra os meus pratos! Vai sair do seu salário.

Eu quis gritar um "fo/da-se", mas mantive a compostura.

- Sua mãe não te ensinou a lavar louça ou você está com medo de estragar as unhas?

Aí não. Falou da mamãe, eu perco a linha.

- Por que você não vai encher o saco de quem tem saco? – Virei para trás, lhe encarando com os olhos furiosos. – Você me contratou pra ser garçonete, não lavar pratos!

- Botei você aí pra não te demitir, já que da última vez você cuspiu no prato de um cliente.

- Ele perguntou se eu estava no cardápio! – Aumentei o tom, ofendida. – Quer saber? Eu não vou discutir com você.

Joguei os pratos de qualquer jeito dentro da pia, deixando bem evidente minha raiva. Tinha certeza que alguns tinham quebrado, mas não me importava, não mais. Ele que me demitisse.

Passei sem olhar na cara daquele velho e abri as portas duplas que separavam a cozinha do restante do restaurante arancando o avental. Todo mundo olhou para mim quando eu joguei aquele pedaço de pano cafona no chão, então aproveitei a atenção para terminar em grande estilo.

- A tara dele é passar o pa/u na comida de vocês! – Gritei, apontando bem na hora que meu ex chefe surgiu na porta.

Depois eu saí rebolando, ouvindo os sons de nojo e os garfos sendo largados. Fui para casa o mais rápido que pude, trocando de roupa na velocidade da luz. Olhei no relógio enquanto penteava o cabelo e já passavam das duas da tarde. Eu não podia perder essa consulta de jeito nenhum!

Fechei a porta de casa no exato segundo em que Dulce saía no portão, trajando um vestidinho vermelho que parecia de boneca.

- Oi, gostosa! – Gritei, acenando animadamente.

- Oi... – Ela franziu a testa, estranhando me ver. – O que você tá fazendo em casa essa hora?

- Eu me demeti. – Dei de ombros. – Ou fui demitida, não sei muito bem. Me inspirei em você e me livrei do chefe babaca.

- Parabéns, é libertador. – Dul sorriu.

- Precisamos arrumar uns empregos menos bostas. – Fechei o portão e finalmente cheguei próxima a ela. – Mas foi bom, porque vou na consulta com você.

- Sim. – Dulce abriu o maior sorriso do mundo. – Hoje o doutor vai me entregar o resultado do exame de sangue e dos outros exames que eu fiz, pra poder ver direitinho como tá meu bebê e começar o pré-natal.

- Ai, que gracinha! – Comemorei batendo palminhas. – Mas pera, o doutor que você falou aí... É o médico que deu em cima de você?

Com sua concordância, caí na gargalhada.