Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

Eu espero não quebrar os dedos de tanto nervosismo, mas do jeito que estou torcendo as mãos, não vai demorar a acontecer.

- Tá tudo bem, filha? – Mamãe perguntou.

Eu tinha convocado uma reunião de família. Precisava contar para eles urgentemente, mas temia tanto aquelas reações que queria morrer de tanto vomitar.

E agora, estava no sofá ao lado de Henry, sentada de frente para a poltrona onde estava papai, e mamãe encostada. Meu irmão balançava o pé freneticamente, enquanto eu não desgrudava os olhos da arma do meu pai, na mesinha a um metro de distância dele.

- Não me diga que decidiu finalmente aceitar a viagem. – Murmurou Fernando. – Eu espero que tenha caído na real, Dulce. Sabe que ficar aqui não é a melhor opção.

Eu abaixei o rosto e fiquei em silêncio. Me senti oprimida e quis voltar atrás, sufocando sem ar. Eu podia jogar isso para Ucker, mas sabia que aquela maldita arma estava próxima demais. Bastavam dois segundos e papai mataria meu noivo. E eu não queria que meu bebê de cinco semanas de vida fosse órfão.

- Dulce. – Sussurrou Henry, acariciando meu braço.

- Hum? – Murmurei, sem coragem nem de olhá-lo.

- Vai. – Disse muito baixo. – Fala.

Assenti, colocando o cabelo atrás da orelha. Engoli e seco e ergui o rosto, vendo as expressões confusas dos meus pais.

- Eu sei que não tem um jeito fácil de contar uma coisa dessas, mas... – Minha voz estava fraca e completamente trêmula. – Vocês são meus pais, não é? Vocês me amam.

Papai uniu as sobrancelhas, inclinando o corpo e mamãe franziu o nariz, atônita.

- Nós te amamos, amor. – Confirmou ela, ainda sem entender. – Mas fala, aconteceu alguma coisa?

- Aquele maconheiro terminou com você de novo? – Fernando levantou rapidamente, aumentando o tom de voz.

- Não, não! – Apressei em dizer, erguendo as mãos. – Eu e Ucker estamos juntos. Nós vamos nos casar. Vocês lembram disso, não lembram? Eu e Christopher vamos nos casar. Nós temos um compromisso...

- Dulce. – Papai cerrou os dentes. – Fale logo.

- Não. – Balancei a cabeça, me encolhendo no sofá.

- O que tá acontecendo? – Insistiu mamãe, levantando também.

- Ok, eu falo. – Henry ficou de pé, mas eu me levantei para falar antes dele.

- Eu tô grávida! – Aumentei o tom, arregalando os olhos e instintivamente levando uma das mãos até a barriga.

Foi um misto de expressões que eu nunca vou saber explicar. Aqueles dois pares de olhos se perderam num vazio, repleto de choque e pensamentos confusos. Foram segundos longos, de silêncio cortante, somente preenchidos por respirações aceleradas.

No fundo, eu sempre soube o que viria depois. Aquela coloração vermelha atingindo todo o rosto do meu pai era de se imaginar.

- EU VOU MATAR AQUELE FILHO DA PU/TA! – Berrou papai, suas veias do pescoço saltando, quase explodindo.

- Pai, não... – Segurei seu braço, mas ele puxou com força, rosnando de raiva.

- Aquele drogado de merda! - Gritou, pegando a arma.

- Fernando, se acalma! – Mamãe ainda estava em total choque.

- Calma, Blanca? Você percebe a situação, tem noção da gravidade disso? Nossa filha tá grávida de um vagabundo, um marginal de gangue! Dulce fez 19 anos esses dias! – Ele berrava com toda força, para todos os vizinhos escutarem a cochirarem sobre mim o resto do mês.

- Pai, para com isso, a Dul tá noiva! – Henry insistiu, mas ele já caminhava em direção a porta.

- Tá noiva de um homem morto, isso sim!

Fernando enfiou a arma na cintura e saiu, deixando a porta atrás de si. Eu já sentia as lágrimas acumuladas nos meus olhos, a tensão que atravessava todo o meu corpo e me fazia tremer de tanto nervoso. Eu sabia que aquilo não terminaria bem, mas não conseguia me mover. Meu coração pulsava acelerado em meus ouvidos.

Quando olhei para mamãe e para Henry, sabia que pensávamos exatamente na mesma coisa. E saímos correndo juntos, atrás de um pai louco que queria lavar a honra da única filha mulher, como nos filmes do século passado.