Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Virei a rua de Ucker com o coração dentro da boca. Queria parar no cantinho para vomitar um pouco, mas não dava tempo. Não dava mesmo. Papai já estava lá, de frente para Ucker e Victor, que pareciam ter acabado de estacionar o carro na calçada de casa.

- VOCÊ ENGRAVIDOU A MINHA FILHA, SEU DESGRAÇADO! – Berrou Fernando e agora o Compton inteiro sabia da notícia.

Algumas pessoas paravam na rua, ou já estavam lá, e muitas espiavam pelas frechas da janela.

- Fernando, não faz isso! – Ouvi mamãe implorar, já à minha frente.

Mas mesmo assim, papai puxou o punho para trás e soltou um soco na cara de Ucker. Doeu muito em mim, tanto que meus pés paralisaram onde eu estava e eu não sentia mais minhas pernas.

- Pai, para! – Henry entrou no meio, colocando as mãos no peito de Fernando e o empurrando para o mais longe possível.

Ele então sacou a arma da cintura e jogou pro alto, fazendo algumas pessoas na rua correram com medo.

- Você não vai matar o meu filho! – Victor se meteu.

Ele estava mais magro e com cara de quem acabou de sair do hospital, mas se colocou na frente do corpo de Ucker. Eu dei dois passos para frente, mas parei imediatamente quando vi a mão do meu namorado cobrindo o nariz que escorria sangue.

Agora eu que iria matar meu pai.

- Victor, eu te falei que esse moleque só te traria problemas, eu te avisei! – Papai balançou a arma na direção de Ucker, e depois virou de costas, passando a mão livre entre os cabelos bagunçados.

- Meu amor, por favor, se acalma. – Pedia mamãe, segurando os ombros de meu pai.

- Não! Isso é inadmissível! – Ele gritou com a voz embargada. – Minha menininha, Blanca. A nossa menina! Grávida! Grávida de um bandidinho!

Eu podia ver a decepção em seus olhos como quem vê outra pessoa no fundo da piscina. De uma piscina de águas bem cristalinas. Papai morria de desgosto. A cabeça dele ia explodir a qualquer momento, voando pedacinhos para todos os lados, nas nossas caras. O nariz de Ucker sangrava, pingando na camisa. Henry estava perto de nossos pais, tentando sem sucesso mantê-los sobre calma. Victor em choque observava a cena, recém saído de uma situação horrível. Era o caos total, observado por diversas pessoas a nossa volta. Eu vi o olhar de cada uma delas me julgando por ser a garota grávida que não soube se cuidar. A culpada e a vítima de toda essa situação.

Ninguém pensava no meu bebezinho. Só eu.

E no meio de todo aquele caos, eu sabia exatamente onde estava a minha paz. Sabia exatamente com quem eu me importava.

E olhei para baixo.

- Eu amo você, meu amor. Você não tem culpa de nada. – Acariciei meu ventre por cima da camisa. – Seu avô ainda não entende o quanto você o ama. O quanto você ama todos eles. Eles ainda não entendem completamente. Mas eu entendo, bebê. Eu entendo.

Olhei para cima e vi o olhar de Ucker. Seu rosto, manchado de vermelho, me encarava com uma expressão culpada. Ele então saiu do meio daquilo tudo, daquele tumulto de vozes, e correu até mim.

Correu até mim porque sabia que o mundo inteiro podia estar contra, gritando culpas e dores sobre nós, apontando dedos na nossa direção, por sermos os adolescentes irresponsáveis que foram pais precocemente antes de estabilizarem suas vidas. Que todo mundo podia culpar aquela gravidez, e brigar por isso, mas que nós estávamos feliz e que era somente isso que importava. No fundo, nós três éramos a razão disso, mas nós três estávamos felizes e éramos uma família. A família que eu queria e precisava.

- Eu sinto muito. – Sussurrou Ucker. – Sinto tanto por fazer vocês passarem por isso.

Ele ajoelhou-se, colocando as mãos sobre as minhas em minha barriga, manchando minha camiseta de sangue, mas eu sequer me importei.

- Eu só quero ver esse rostinho. E o mundo que se fo/da.

Ucker encostou o rosto contra meu ventre, fechando os olhos e me permitindo acariciar seus cabelos.